A Liderança baseada em AI (Parte 2)

A Liderança baseada em AI (Parte 2)

A Liderança baseada em AI (Parte 2)

1920 1280 Hugo Gonçalves

Não é o trabalho nem a diversão, o propósito ou a superficialidade, que realmente nos satisfaz. É a contínua dança entre eles

—  BERNARD DE KOVEN

LIDERANÇA AIabordagens e ferramentas para Amor e Intelecto Organizacional

O termo soft-skill tem uma história bastante curiosa e uma origem ainda mais exótica. 😊

Nos finais dos anos 60, o exército americano pediu a um conjunto de psicólogos que criassem uma abordagem de desenvolvimento de competências para os soldados, com um âmbito mais amplo do que apenas saber utilizar tanques e armas.


Reconhecendo a importância das emoções, da colaboração e da liderança de pessoas num contexto tão crítico, foram então implementados novos conteúdos, programas e abordagens de orientação e trabalho em equipa, cujo objetivo era potenciar o todo como sendo maior que a soma das partes, e assim aumentar as probabilidades de performance e de regresso seguro a casa.


Era necessário diferenciar, através de categorias, estes dois tipos de abordagens (armas e pessoas) e assim foi tomada uma infeliz decisão. 😊

Os psicólogos deram o nome de hard-skills a tudo o que tivesse a ver com o conhecimento e operação das armas e tanques, pois todos eram feitos de metal.

Tudo o resto – habilidades e recursos emocionais, relacionais e sociais – necessários para que qualquer soldado pudesse ter sucesso em qualquer função na hierarquia – foi alocado na categoria de soft-skills, apenas porque bem… não envolvia trabalhar com algum relacionado com metal. 😊

Por esta definição, até finanças, gestão de projeto e programação de código são soft-skills. 😊


Inicio com esta história pois, como referi na primeira parte deste artigo, talvez seja a melhor integração entre Amor e Intelecto (ou entre as Emoções e a Lógica), que poderá levar os líderes e organizações a conseguirem dar a resposta mais eficaz aos vulcões e respetivas lavas que nos assolam, a nível profissional:

Como saber surfar a lava e como nos podemos proteger da lava! Em simultâneo.


E para isso, a Liderança baseada em AI – Amor e Intelecto (obviamente que estendo isto para qualquer função profissional) potencia algo que todos temos – Carácter e Talento.


Competências ou skills de Carácter são aquelas que materializam a nossa capacidade de, em ambiente organizacional, sermos:

  • PROATIV@S – capacidade e frequência com que colocamos questões, damos ideias, procuramos informação de forma autónoma e indagamos as pessoas que nos rodeiam para ajuda/colaboração;
  • PROSOCIAIS – grau de abertura e empatia – emoções, mindsets, hábitos e pontos de vista – que temos aquando da interação e colaboração com os outros, principalmente em contextos mais desafiantes e com maior pressão e stress;
  • DISCIPLINAD@S – de que forma conseguimos estabelecer os nossos próprios métodos de boas práticas, produtividade, hábitos e constância de acionáveis e decisões que contribuem diretamente para o progresso e por consequência, para um determinado resultado;
  • DETERMINAD@S – a nossa capacidade de, por escolha ou contexto, olharmos de frente para um desafio, e fazer manifestar a nobre arte de reconhecer o que é necessário fazer e manter essa chama viva, mesmo sem o resultado imediato esperado – há quem lhe chame resiliência.

É giro que estas 4 habilidades, que estão a ser procuradas pelas organizações de uma forma mais intensa do que a busca pelo novo Messi, são as mesmas que definem qual a progressão/sucesso equilibrado e de florescimento de adultos, quando, em crianças, tiveram (ou não) a oportunidade de trabalhar e desenvolver estas capacidades

Faz sentido, pois os adultos são, na realidade, apenas crianças grandes. 😊


Tendo em conta as dimensões do Amor Essência, Amor Expressão e Intelecto ao nível da Liderança Organizacional, partilho mais algumas ideias chave e propostas de metodologias e ferramentas nas quais podemos explorar, mapear e trabalhar estes recursos tão intangíveis. As propostas que apresento são um sortido de um conjunto ainda maior de possibilidades. 
O ponto de referência para essas abordagens e ferramentas será a Engenharia Organizacional e as suas respetivas galáxias – Evolução das Pessoas, Inovação Organizacional e Cultura, Equipas e Fluxos de Trabalho Ágeis.

MANIFESTAÇÕES DE AMOR ESSÊNCIA

Como já tive a oportunidades de referir na primeira parte do artigo, a Autoliderança é um ponto de partida basilar para esta manifestação.

Desenvolvermos a Consciência de quem somos, o que fazemos, e o que é importante para nós. Ao mesmo tempo que temos a habilidade de Influenciar a nossas emoções, comportamentos e comunicação. Para assim sermos “Owners” e Responsáveis, intencionalmente, da forma como pensamos, sentimos e agimos relativamente aos nossos objetivos e aspirações.

Vivemos assim a nossa Inteligência Emocional (ver artigos sobre esta temática aqui e aqui também).


A maior parte do Líderes, Profissionais e Agentes de Mudança não dominam o processo da sua própria Autoliderança. Só essa Inteligência Emocional e Curiosidade permitem sermos mais efetivos nas decisões e na escolha dos caminhos que fazem mais sentido.

A Auto Liderança e Inteligência Emocional nutrem e fazem acontecer a dimensão da Evolução das Pessoas, num contexto organizacional.


Falta aqui também referir um outro “Auto” – O Autocuidado.

É a nossa capacidade de nutrir e florescer dimensões diversas da nossa humanidade, e que são fulcrais para que o trabalho seja um palco de realização pessoal como outro qualquer e que ao mesmo tempo isso também contribua para performance, resultados, lucro, objetivos.

Talvez esta seja uma boa forma de conseguir transmitir a ideia que quero – a tua Pessoa necessita, de forma regular, de ir ao SPA. Pode ser a esse que estás a pensar, mas a minha sugestão é um pouco mais ambiciosa. 😊

O SPA significa criares as oportunidades para desenvolveres, nutrires e manteres o teu Bem-Estar em várias dimensões – físico, social, intelectual, emocional, vocacional e espiritual


Toolbox
de Abordagens/Ferramentas: Self Leadership, Coaching, Mentoring, Inteligência Emocional, Personal Leadership Canvas, Compass Game, Estrela de Valores, Roda da Vida, VIA Character Strengths, Human Design, Personal Mapping, DISC, PDA, Eneagrama, Journaling, Wellness Matrix, Momentos do Artista.

 

MANIFESTAÇÕES DE AMOR EXPRESSÃO

Amor Expressão num contexto organizacional pode ser considerado como a forma como os vários Amor Essência individuais de alguma forma se sincronizam em consensos, colaborações, atividades e resultados ativados por uma equipa.


O papel de Coach/Mentor é uma forma genuína de podermos contribuir para o progresso e desenvolvimento de todos os que partilham um espaço comum de trabalho, ao qual damos o nome de organização.

Eu posso ser Coach/Mentor formal ou informal da minha equipa, dos meus pares e até mesmo dos meus próprios líderes. 😊

Através da sua experiência ou através de um papel de empatia e presença, os Líderes AI podem partilhar conhecimento/desafios ou lançam perguntas de exploração, associadas a um determinado contexto ou objetivo, que de alguma forma, irão fazer com que os beneficiários possam trilhar um percurso baseado na realidade do seu patamar atual e a partir daí, imaginar um novo futuro e quais os caminhos a seguir para lá chegar.

É importante referir que o Amor Expressão tem mais a ver com a viagem conjunta, do que propriamente com a meta.


Também vejo o Design Thinking como sendo uma abordagem que materializa o Amor Expressão. O foco no cliente, colaboradores, a empatia para reconhecermos o seu contexto, pains & gains, necessidades, expectativas e receios, e a humildade de utilizar essa informação para definir valor e então com isso, desdobrar em entregáveis, tarefas e projetos internos – produtos, serviços e novas formas de trabalhar.


Também o Design de Culturas e Equipas Ágeis são formas de Amor Expressão. Pois requerem o contributo individual para se poder definir em conjunto quais os valores, comportamentos, formas de aprender, formas de decidir, formas de trabalhar, formas de melhorar, e como tudo isso pode ser distribuído através de responsabilidades mútuas e múltiplas – delegação, autonomia, liberdade. Chamo a todo este processo Cultura Organizacional.


Ao nível da Liderança isto significa sermos capazes de escutar os outros e dar espaço para que possamos também receber feedback e a contribuição das equipas.

Assim podemos encontrar as melhores ferramentas de Performance Profissional, e através da Facilitação, transformarmos as nossas equipas e colegas em Consultores Colaborativos Internos.


Toolbox
de Abordagens/Ferramentas:
Coaching, Mentoring, Inteligência Emocional, Design Thinking, Sailboat, Team Canvas, Culture Canvas, Agile, Liberating Structures, Management 3.0, Mapas Empatia, Customer Development e Value Proposition, Employee Experience, Liderança por Valores Barrett, ADKAR, VOC, Value Discovery, Value Delivery, Conunicação Não Violenta, Produtividade Pessoal e Colaborativa.

MANIFESTAÇÕES DO INTELECTO

A impermanência é a constante eterna e nesse sentido estar atento às Pessoas e ao Mundo é valorizar a nossa sustentabilidade e lucro com propósito.

Organizações e Negócios são Ecossistemas e a Inovação vem do contributo de todos os cérebros, corações e intestinos das tuas Pessoas.


A Transformação tem a ver com Compreender qual o Caminho e Cenários, criar possibilidades e desenhar as implementações. Isso pede que ativemos o nosso Intelecto. De Líderes, de Equipa, Organizacional.

Passando a trabalhar muito mais numa ótica de projetos do que processos, em círculos de contexto e competências em vez de hierarquias.


Olhar pela Janela com olhos de ver é fundamental. Dançar ao ritmo das Pessoas e do Mundo ainda mais.


Líderes e profissionais “esclarecidos” utilizam parte do seu tempo de trabalho (e não fora do trabalho) para pensar, refletir, imaginar, reconhecer, “retrospetivar”, muitas vezes com ajuda da escrita e do visual (journaling e post-its);

Imaginam como podem melhor sincronizar atividades e tarefas com as competências e potencial das suas pessoas, colegas, equipas;

Mais importante do que fazer mais, imaginam como eles, a equipa, os produtos e serviços e a organização como um todo podem fazer melhor e diferente – criar um impacto real nas Pessoas e Mundo;

Sonham com “E se…” – novas possibilidades, cenas arriscadas e diferenciadas, inusitadas;


São etnólogos e sociólogos. São designers especulativos.


Assim, energizam o Intelecto, pois este precisa da proteína da criatividade, da vitamina da informação, dos hidratos da lógica e da probiótica da intuição.

Torna-se mais claro assim saber quais as estratégias que irão funcionar e quais os ajustes mais adequados aos planos de ação. Faz-se uma melhor análise de risco. Olha-se para os vários cenários (internos e externos) de forma honesta e verdadeira.

Todos os insights dessas explorações são partilhados e discutidos internamente na organização, com as várias equipas, para que todos possa estar no mesmo comprimento de onda.


E é assim que os Líderes constroem as verdadeiras alianças – aquelas onde todos os membros da equipa são compatíveis entre si e ao mesmo tempo podem ter visões ou opiniões contraditórias.

Para tudo isto se poder manifestar, são necessárias interações e conversas.


Toolbox
de Abordagens/Ferramentas:
Design Thinking, Sailboat, Strategy Tools, Decision Making Tools, Agile, Liberating Structures, Management 3.0, Customer Development e Value Proposition, Employee Experience, Liderança por Valores Barrett, ADKAR, VOC, Value Discovery, Value Delivery, Mission Charter, OKRs, Produtividade Pessoal e Colaborativa, Design Ágil e Criativo de Projetos.

CODA

Nas organizações, normalmente existem dois contextos:

  • Pessoas que têm uma ótima energia, vontade de aprender e de fazer as coisas acontecer, mas os processos, liderança, cultura e tecnologia não acompanham e potenciam essa riqueza;
  • Processos, metodologias e tecnologias state of the art, mas que não proporcionam a potencial riqueza e valor porque a sua contextualização e envolvimento com as Pessoas não é realizada, criando assim muitos anticorpos.


Acho que está na altura de sincronizar os dois. E para isso é importante estarmos abertos a dissolver alguns vieses e perspetivas que temos sobre a capacidade, talento e desenvolvimento das pessoas.


Temos a ideia de que o talento, performance, capacidades estão distribuídas de forma desequilibrada. Que são dons ou características inatas. Discordo! 😊

O talento é basicamente o nosso potencial e esse sim, está bem distribuído e expresso em todos nós. 

São as oportunidades para explorar e materializar essas capacidades que não estão equilibradas e acessíveis para todos. 😐

O Líder pode ser então um Equalizer (não confundir com a personagem dos filmes como o mesmo nome protagonizados pelo Denzel Washington) e trazer equidade a este processo.


Através da Liderança baseada em Amor e Intelecto, talvez possamos trabalhar segundo uma perspetiva diferente (e mais recompensadora).

A de que as Aspirações dos Profissionais (a Pessoa que estes querem ser) deve ser o foco e ponto de partida do desenvolvimento, em vez das ambições (os resultados que queremos obter).


Considero que um dos papeis mais seminais da Liderança nos tempos que correm é o de, como diz o Adam Grant, “não ser a pessoa mais inteligente da sala, mas tornar todos os que estão na sala mais inteligentes e capazes ”.

Boa malha, sim senhor! 😊


Então estarmos em modo Amor e Intelecto, sejamos líderes ou não, passa por estarmos num registo profissional onde simultaneamente estamos de:

Coração Aberto, Mente Desperta, Corpo Enraizado

Obrigado, Abraço e Fica Bem,

H

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