“A Quietude pode ser a escolha do Génio e do acesso ao céu, mas de certeza que o mundo frenético em que vivemos é o purgatório do Idiota”
— adaptado de Ryan Holiday e Edward Gibbon
Como podes Viver a tua PRIMEIRA PESSOA PROFISSIONAL?
Estamos no mês de agosto, onde normalmente pára tudo 😊.
Pois, isso era dantes. Eu diria que esta altura do ano funciona mais como uma Transição.
Podes estar a ir de férias, podes estar a chegar das férias, podes estar a regenerar das mossas emocionais, relacionais e profissionais que este mundo líquido “proporcionou” nestes últimos 18 meses. Ou podes estar a aguentar-te o melhor que podes enquanto não chega esse tempo e espaço de recuperação.
Esta transição de que falo é mais tua, é mais local. Pois das transições globais nem as comento, de tão impactantes e esmagadoramente presentes que já estão.
Como todas as transições, que normalmente associamos a mudança, a ir de A para B, existe sempre um espaço e tempo. Por muito pequenos que sejam.
Existe sempre uma pequena porção de tempo entre a nossa inspiração e expiração. Entre um estímulo que recebemos e a reação que temos.
E nesse espaço, que muitas vezes parece que nem existe, temos a possibilidade de fazer duas coisas – OBSERVAR e ESCOLHER.
VIVER NA SEGUNDA PESSOA…
A palavra Proxy está normalmente associada aos sistemas de informação como sendo o sistema “intermediário” entre um utilizador e um servidor, IP, ou sistema de alojamento.
Mas na realidade a palavra tem um significado mais ligado às Interações Humanas!
Um proxy pode ser um representante, uma pessoa ou coisa que está a agir ou a ser usada no lugar de alguém ou outra coisa. Alguns exemplos do que pode ser um proxy
- função de um adjunto;
- autoridade/possibilidade/necessidade para agir por outro ou no interesse de outros;
- foco indireto de uma situação e interação externo – exemplo a questão da desconfiança declarada das vacinas nos Estados Unidos é um proxy sobre os reais conflitos e polarizações daquele país no que diz respeito à liberdade, economia, guerras de poder e respeito pela diversidade em todas as suas dimensões.
Profissionalmente e nas organizações, não faltam situações onde podes funcionar como proxy:
- Seres responsável pela comunicação e execução de algo que foi definido por outros e que achas que poderia ser feito de uma forma diferente;
- Não teres a oportunidade de contribuir nas 3 etapas de desenvolvimento pessoal e organizacional, obviamente cada uma utilizando metodologias distintas – consciência, transformação e ação;
- Fazeres depender a tua eficácia e produtividade de um sistema que não está desenhado para a organização, mas sim para um standard global ou KPI;
- Viveres ao ritmo das urgências, do apagar fogos, do reagir;
- Como líder ou gestor teres que “fornecer” objetivos, propósitos, desafios e motivação a outros que não conseguem ou querem colaborar ou contribuir para os mesmos.
Existem então algumas dimensões que são comuns nestes exemplos. O ser algo indireto, o ser algo que de alguma forma causa um desenraizamento e dissociação da realidade e da manifestação das nossas aspirações, recursos, talentos e ideias, como Líderes e Profissionais.
Ou seja, não expreessamos a nossa 1ª PESSOA Profissional!
Obviamente esta abordagem é também mais imediatista. Pois implica um olhar menos de frente para as verdadeiras causas raízes de alguns desafios e problemas organizacionais. E também deixar “escapar” algumas oportunidades e possibilidades de evolução.
Então quando estamos a trabalhar em modo proxy, estamos a criar alguma distância relativamente a recursos fundamentais para o nosso trabalho, organização, produtos, serviços e por consequência, para entregarmos os melhores impactos aos clientes e utilizadores.
Esses recursos são a riqueza que é Seres e Trabalhares na Primeira Pessoa, e tudo o que isso implica para que a tua Organização trabalhe e funcione também na sua Primeira Pessoa.
Hein? 😊
Falar em Vivermos na Primeira Pessoa pode parecer mais ou menos claro. Mas como raios é que uma Organização existe e trabalha na sua Primeira Pessoa? 😊 Bem, aqui vai a minha melhor explicação sobre o tema:

A PRIMEIRA PESSOA PROFISSIONAL (NAS PESSOAS)
Considero que a Evolução e Desenvolvimento Pessoal estão intimamente ligadas a termos acesso e desenvolvermos o melhor puzzle das seguintes dimensões – TALENTOS (o que nos sai intuitivamente e fazemos muito bem sem esforço) + PAIXÃO (o que gostamos de fazer porque de alguma forma está ligado aos nossos valores e aspirações) + FORMA DE FUNCIONAR (como funcionamos a comunicar, a executar, a refletir).
Ao não conseguirmos ter a verdadeira noção e acesso a estes códigos internos, estamos mais sensíveis e expostos a trabalharmos em modo proxy.
Porque eventualmente será mais complicado expressar este teu KIT PROFISSIONAL no teu trabalho. Com os teus clientes, nos teus objetivos e na interação com os teus colegas, chefias, equipas, clientes, parceiros, fornecedores – consoante da tua posição na cadeia alimentar hierárquica 😊 e as tuas funções e responsabilidades.
A PRIMEIRA PESSOA ORGANIZACIONAL
Saber Quem Somos como Organização, de que forma queremos criar Soluções e Impactos nas Pessoas e como o podemos materializar na Realidade, com as Pessoas, Recursos, Atividades e Interações que temos no seio da empresa, é para mim definição de uma Organização que Funciona na PRIMEIRA PESSOA.
Porque o que a norteia – sempre levando em conta a realidade, a existência de algumas incoerências e que os dias não são todos iguais e perfeitos – é a capacidade de ser o palco para que Pessoas diferentes partilhem competências e recursos diferentes para um objetivo e propósito comum.
Os dias podem fluídos ou desafiantes, os resultados espetaculares ou menos bons, mas estão associados a sensações de:
- Coloquei aqui o melhor de mim;
- Todos juntos fizemos aquilo que era possível e adequado;
- Existiu espaço para todos participarem na criação, desenvolvimento e implementação das tarefas, atividades, projetos, ideias, processos;
- Conseguimos navegar as nossas respostas não apenas através de hierarquias e processos, mas também através de conversas, competências e contextos.
Isto sim, é que é uma Organização a funcionar na PRIMEIRA PESSOA, porque o mesmo está a acontecer em cada um dos seus Indivíduos.

DIMENSÕES DA PRIMEIRA PESSOA PROFISSIONAL
Bem, como tenho a tendência a ver tudo com uma perspetiva de 720º 😊, vai ser esta abordagem que vai nortear esta minha perspetiva da cena.
Existem dois pontos de partida – Quem Somos Agora e Qual a nossa Realidade! É algo realmente definidor no que à PRIMEIRA PESSOA Profissional diz respeito.
É o que chamo a Interface do Profissional, a manifestação de Quem Somos, do que Fazemos, de sabermos qual o nosso Radar de Influência – o que podemos fazer nós próprios, o que podemos influenciar e sensibilizar e o que só nos resta aceitar e a capacidade de navegarmos entre a Ação e o Wu-Wei ou a não ação deliberada.
Depois temos a parte mais interna, inconsciente e subtil, que é a “cave” onde estão guardadas as nossas maiores preciosidades, definidoras do que poderão ser os nossos critérios de sucesso, equilíbrio e aspirações profissionais e por consequência pessoais. É o que alimenta a nossa Auto Liderança Evolutiva 720.
Temos também, num local “diferente”, mas a acontecer de forma simultânea a nossa Interação e Materialização de tudo isto com as Pessoas e Mundo.
A eficácia e performance no trabalho, a curiosidade em saber, fazer, experimentar mais, da forma mais colaborativa e multidisciplinar possível. A forma como contribuis de forma individual e coletiva para criar os melhores produtos e serviços ou manter e fazer evoluir um sistema baseado em processos e boas práticas.
Então a minha proposta é que imagines a parte IN deste esquema como sendo o processo de Inspiração Profissional (em sentido literal e figurado). O que te inspira, o que aparece quando páras e respiras um pouco e sais de dentro da máquina de lavar. 😊
Pensa na parte OUT como sendo a Expiração, a Manifestação, a Ação, a ligação entre o que fazes e porquê que o fazes, ligado com as manifestações dos colegas, chefias, equipas, colaboradores, no sentido de proporcionares através das tua Ações e Expressões individuais de talentos, recursos, formas de funcionares profissionalmente aquilo que as Pessoas e Sociedade necessitam.
Pensa na INTERFACE como sendo o Aqui e o Agora, o momento mais ou menos lúcido que existe para podermos OBSERVAR e RESPONDER, ou seja, criar a melhor ponte entre o teu IN e OUT.
É aqui que estamos efetivamente Presentes, Ligados a Nós e ao Mundo e onde as coisas realmente ACONTECEM!
Essa pequena pausa entre INSPIRAÇÃO E EXPIRAÇÃO, entre IN e OUT e o que conseguimos fazer com ela é o que realmente define o Desenvolvimento e Inovação Integrativos das Pessoas e da Organização.
Acima de tudo, que tal aproveitares esta transição de agosto e esta transição Civilizacional para, como Líder, Gestor, Colaborador, refletires e imaginares como podes viver a tua PRIMEIRA PESSOA Profissional?
Depois que tal todos nós conversamos na boa sobre como é que isso pode levar a que as Organizações possam também “funcionar” e viver na PRIMEIRA PESSOA?
Obrigado, Abraço e Cuida-te,
Boas Férias, Bom Trabalho e Ótimas Transições! 😊