PESSOAS – Estratégia, Decisões, Ações

PESSOAS – Estratégia, Decisões, Ações

PESSOAS – Estratégia, Decisões, Ações

1920 1282 Hugo Gonçalves

Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor

JOHANN GOETHE

PESSOAS – Estratégia, Decisões, Ações

Nas últimas semanas estive em apneia profissional, devido a uma sobreposição de projetos e atividades de preparação para o lançamento de algumas novidades da KNOWMAD VENTURES para 2023.

Essa sobrecarga fez-me perceber que de vez em quando nem sempre consigo seguir e materializar as minhas próprias sugestões e conselhos ?no que ao foco, produtividade e equilíbrio diz respeito.

Mas trouxe-me um conjunto de experiências e insights que gostaria de partilhar contigo. 

Essas partilhas têm a ver com a forma como vi materializada em projetos, âmbitos, equipas e resultados diferentes, muitas coisas sustentam a abordagem da Engenharia Organizacional (EO)

Esses projetos navegaram em muitas das constelações da EO.

Desde um programa avançado de liderança para vários responsáveis de fábrica de uma empresa da indústria automóvel – multi-geografias, multiprodutos, multiculturas – um programa de “calibração” de novos colaboradores (de todas as idades e com e sem experiência profissional) de uma empresa referência mundial em serviços financeiros globais e um evento de recrutamento de uma empresa portuguesa ligada ao setor da construção e outras áreas de negócio que gravitam à volta dessa área.

Diferentes momentos, as mesmas expetativas.

Evoluir, como perceber o que está a acontecer e o que é importante para podermos ter sucesso, performance e dar respostas.

Descobrir critérios para se poder tomar as melhores decisões.

Como colocar as nossas competências individuais e em equipa ao serviço dos pontos anteriores e trabalhar de forma eficaz, eficiente e colaborativa.

Outra coisa comum a todos esses projetos foi a navegação nos oceanos da Consciência, Transformação e Ação. De forma individual e em equipa, internamente à organização e externamente relativamente aos clientes e ecossistemas de negócio. Entre a geração de ideias e inovações e a melhor forma de implementar através de projetos, iniciativas e fluxos de trabalho ágeis.

Então a partilha de hoje é sobre como todas estas coisas aparentemente tão densas, complexas e stressantes podem ser trabalhadas com foco, leveza, abertura, empatia e clareza no teu dia-a-dia e na tua organização.

  // CONSCIÊNCIA – PESSOAS, ESTRATÉGIA E SENSEMAKING

Muitas vezes pensamos que a estratégia tem a ver apenas com objetivos e um plano, mas isso não é de todo verdade.

Também associamos a estratégia apenas aos C(escolhe a tua letra)O’s ?mas se a estratégia significa ver e perceber o todo, não o podemos fazer através de um único ponto de observação ou apenas com alguns “representantes” do ecossistema interno da empresa. 

A Estratégia passa por Sentir, Reconhecer o que é importante, perceber Pains&Gains, Possíveis Caminhos, Tendências Externas e Competências internas. É fazer um scanning total àquilo que é importante para a nossa empresa, negócios clientes e utilizadores.

Mas antes disso é necessário alinhar as equipas. Criar um espírito de colaboração e um espaço seguro, relaxado e transparente para que todos possam contribuir da melhor forma.

Neste caso abordagens como as Liberating Strucutures são ótimas ferramentas para criar esses espaços e energia de comunidade focada.

A estrutura 1-2-4-ALL permite que cada pessoa individualmente expresse o que é importante, possa partilhar com outra pessoa, e posteriormente possa partilhar com outros pares e grupos de pessoas. 

Num dos projetos, rapidamente se conseguiu materializar, numa equipa que recentemente começou a trabalhar em conjunto, quais os pontos principais que definem o sucesso da sua área de atividade, definindo assim os tópicos que alimentaram todo o restante workshop. Ou seja, este evento tornou-me um espaço de consultoria colaborativa!

1-2-4-ALL Alinhamento de Equipa sobre fatores críticos de sucesso para determinada dimensão da sua atividade e serviço ao cliente

A Estratégia é também reconhecer o que pode ser o percurso de determinada ideia, possibilidade, solução, objetivo.

Para isso, nada melhor que o SAILBOAT, onde todos somos parte de uma tripulação de um barco que é a nossa própria organização.

Queremos alcançar a ilha do tesouro, temos competências e experiência que propulsionam esse barco (como se fosse o vento nas velas) e percebemos que tipo de lastros temos e que rochas e bancos de areia poderão existir no caminho.

Como toda essa informação estamos mais bem capacitados para escolher a nossa rota e fazer os ajustes devidos.

No exemplo abaixo temos o Sailboat da equipa de líderes da empresa automotive para um projeto estratégico comum que irá ser implementado em todas as fábricas da Europa e norte de África.

SAILBOAT da Equipa de Líderes da Organização Automotive para um projeto específico

Perceber quem são os beneficiários dos nossos produtos, serviços, iniciativas e soluções é fundamental para que possamos reconhecer o que é importante “fazer” e alinhar o “como fazer”.

Esse SENSEMAKING é uma abordagem que nos permite navegar no meio do nevoeiro e onde a métrica fundamental são dos dados, cenários e possibilidades– ontem, hoje e amanhã.

O que mapeamos depende de onde olhamos, em que fatores escolhemos focar-nos, e em que aspetos do terreno decidimos representar. O mapa não é o território. Portanto, Sensemaking é um ato de análise, observação, empatia, imersão.

E Empatia diz respeito à capacidade de se colocar no lugar do outro. Compreendendo o sentimento ou reação da outra pessoa imaginando-se nas mesmas circunstâncias e/ou contexto.

No contexto empresarial, significa compreender o que se passa na cabeça e vida do teu cliente, abarcando quais são os problemas que este enfrenta e o que ele precisa para ter sucesso.

O MAPA DE EMPATIA é uma ferramenta que possibilita este conhecimento, colocando o emissor — a marca, organização ou quem quer saber sobre o público-alvo — no lugar do cliente. É uma ferramenta visual que permite conhecer a fundo o cliente de um negócio. Através de um diagrama que estabelece perguntas e tópicos sobre diferentes áreas da vida de uma persona.

O exercício consiste em reproduzir o cliente do negócio de forma visual, facilitando o levantamento de hipóteses acerca do público-alvo selecionado assim como o entendimento da equipe sobre a realidade do consumidor. O Mapa é enriquecido à medida que as perguntas sobre o cliente são respondidas, como quem é ele, o que ele vê, o que escuta, o que fala e faz, o que pensa e sente e quais são suas dores e necessidades relativamente a um determinado ecossistema onde os nossos produtos e serviços podem atuar e impactar.

Esses pains&gains, esses trabalhos ou funções que o cliente precisa de fazer ou necessita que sejam feitos são a melhor business intelligence que podemos ter para então criar os produtos, serviços, soluções e fluxos de trabalho que dão a melhor resposta a estas necessidades, expetativas e receios.  Para isso é importante mapear esses insights num VALUE CANVASnecessidades e jobs to be done, expetativas de sucesso e receios de insucesso.

MAPA DE EMPATIA E VALUE CANVAS para Projeto de Desenvolvimento de Transformação Cultural

// TRANSFORMAÇÃO – POSSIBILIDADES, IDEIAS, ESCOLHAS

Transformação significa sermos designers de novos produtos e serviços. Mas também sermos designers do novo ecossistema que vai ter de existir para eu poder criar, construir, implementar, manter todos os sistemas, processos, cultura, competências, sincronização de tarefas e fluxos de comunicação para que esse valor possa ser entregue de forma consistente e profissional.

Quer no ponto anterior, quer neste, o DESIGN THINKING funciona às mil maravilhas. Pois coloca a geração de novas possibilidades num patamar de divergência e exploração seguido de uma abordagem de convergência e decisão/implementação. 

Saber colocar as questões adequadas e importantes é fundamental porque servem de trampolim para as ideias.

As questões funcionam como um “produto efervescente” que dissolve as rotinas, o pensamento habitual, o nosso âmbito e hábitos mentais e lógicos. Levam-nos para o desconhecido, para uma zona sem referências. Para um “vazio” que mais do que assustar, nos deve motivar pois é um portal para a liberdade, para a melhoria e a evolução.

“COMO FAÇO PARA” E IDEATION TARGET para um Projeto de Desenvolvimento de Transformação Cultural
PROBLEM SOLUTION FIT E IDEATION TARGET para encontrar novas formas de providenciar um Customer Service excelente

//AÇÃO – ALINHAMENTO, FLUXOS DE TRABALHO, EQUIPAS, SINCRONIZAÇÃO

Precisamos nesta fase de ter muito bem afinadinhas ? algumas dimensões e processos organizacionais – liderança, conhecimento, comunicação, execução, gestão da mudança, etc.

Avaliar quais as que estão a criar os impactos devidos e quais onde existem gaps e ou que até estão a funcionar como sorvedores de energias e fontes de toxicidade.

A partir daí, refletimos através das questões sobre quais serão as prioridades da cultura organizacional, tendo em conta as respostas que surgem e quais os comportamentos individuais e de equipa que as vão potenciar e aqueles que poderão mitigar os resultados, performance e transformações que se tornaram relevantes.

Todo este percurso define o que chamo a Cultura Essencial.

Mas existe também a Cultura Emocional, que basicamente tem a ver sobre a forma como mutuamente florescemos como profissionais.

Questões como: 

“Como podemos criar um ambiente seguro, descontraído e transparente para que todos possam intervir e colaborar respeitando a sua individualidade e mantendo a responsabilização”? 

ou “Como é que podemos fazer uma partilha cruzada e polinizada da experiência, lições aprendidas, de casos de sucesso? Como podemos aprender com os erros, resultados ou processos que não correram bem?” 

são algumas questões que normalmente coloco aos líderes, managers e equipas quando trabalhamos juntos em workshops ou projetos de transformação organizacional.

Estamos então preparados para cocriar a Cultura Funcional. Ou seja, através das questões, imaginar como podemos decidir, comunicar e sincronizar tarefas e agendas da melhor forma. Aqui o foco é mesmo o materializar de tudo isto no dia a dia. Como se fossem o sangue, oxigénio, nutrientes e afins que percorrem as artérias e veias da empresa.

CULTURE CANVAS de um dos projetos / organizações

// CODA

O modelo ágil de trabalho tem como característica tornar mais simples a gestão do design, construção e entrega. E a respetiva gestão de projeto, de informação e execução de tarefas. 

Ser ágil significa priorizar o sucesso do cliente, aprender a colaborar com ele, adaptar-se a mudanças frequentemente e realizar entregas em ciclos rápidos.

Para podermos evoluir e ser modernos e ágeis, é também importante reconectar com o antigo, ancestral, com as bases, com as raízes. 

Conversas, mexer em e com coisas, criar sentidos e sistemas de pertençae e sermos curiosos, procurarmos o que é importante e como podemos fazer mais e melhor foram abordagens que nos trouxeram até aqui.

Acredito que, nestes tempos líquidos, voláteis e virtuais, faz ainda mais sentido mantê-las por perto ?


Obrigado, Abraço e Cuida-te

Hugo

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