O Cavalo Marinho da Resiliência

O Cavalo Marinho da Resiliência

O Cavalo Marinho da Resiliência

750 500 Hugo Gonçalves

A maior glória em viver não está em jamais cair, mas em nos levantar cada vez que caímos.
Nelson Mandela

O Cavalo Marinho da Resiliência

Diz a lenda que Poseídon, o deus grego dos mares, moldou a forma dos cavalos-marinhos utilizando a espuma do mar e pedras e rochas marinhas e acredita-se que por isso estes animais são sempre representados com cores brilhantes e fortes. Funcionavam como arautos, soldados, embaixadores e “gestores” dos mares, ondas, fauna e flora marítima em nome de Poseídon. 

A imagem do cavalo-marinho é sobejamente conhecida, porque representa por um lado a materialização de uma impossibilidade física ou paradoxo (o tal “cavalo- marinho”) 🙂 e porque normalmente está sempre colorido de forma intensa. 

As Dimensões Emocionais que são mais referidas no que diz respeito à Liderança e Desenvolvimento Organizacional são a Inteligência Emocional (antes da pandemia) e Resiliência (desde que estamos a viver o que muitos denominam o novo normal mas que denomino de Impermanência).

Como imaginas, existem trinta mil definições sobre o conceito e ideia de Resiliência, como por exemplo:

  • “A capacidade de recuperar ou ajustar de forma saudável após eventos desafiantes ou mudanças;”

Profissionais e Organizações (que também são seres vivos) estão a ter bastantes dificuldades em manter uma cultura de trabalho, propósitos e interações que sejam alinhadas com os desafios associados à estabilidade emocional, desgaste e falta de referências desta fase. O Wellbeing já não faz parte do Negócio. 

Manter o Wellbeing já tem que ser o Negócio para todos os Negócios.

E é ai que entra a Resiliência, como sendo o nosso sistema imunitário mental e emocional. Mas num sentido mais profundo, Resiliência é basicamente o caminho, sensações, aquisições e desapegos que existem num processo de Transformação.

Resiliência tem muito a ver com uma expressão que os ingleses utilizam – Bounce Back – voltar ao normal, a como estavas antes de um determinado evento que nos abana pessoal e profissionalmente. Bounce Back já não chega.

Há que evoluir para o Bounce Foward.

Acho que um dos grandes paradoxos que estes tempos vieram provar é que a melhor forma de ajudar os outros é conseguirmos colocar a nossa própria máscara de oxigénio (não era intenção fazer um trocadilho) no avião, antes de ajudarmos os outros que seguem viagem connosco. Já referi a importância de definires espaços de processamento e adaptação individual num artigo anterior.

Ontem falava com uma amiga, gestora de várias lojas de ótica de uma marca internacional franchisada e ela colocava-me as seguintes questões:

  • “Porque é que isto aconteceu?” (a pandemia)
  • “O que é que temos que aprender?” (que resultados temos que obter disto)
  • Será que vamos mesmo mudar?

A minha resposta é Não Sei 🙂

Mesmo! Porque agora existem algumas pressões e hábitos dos quais estamos mais afastados – trabalho, eficiência, produtividade, que quando o sentido de urgência for menos comum e global, certamente irão aparecer de novo e existirá algum “ruído” interno e externo que poderá atrapalhar transformações profissionais e organizacionais mais profundas.

A única coisa que quase consigo garantir é que se vamos estar alguns meses ou mesmo anos em impermanência, só mesmo quem apostar reuniões regulares consigo própri@, para ter acesso mais fácil e robusto às competências de know-how, emocionais e relacionais adequadas a cada um, irá conseguir definir os melhores cenários e estratégias. E claro partilhar tudo isso com os outros através de meaningful conversations.

E conseguir liderar e gerir por duodécimos. Ou por quinzena. Ou semanalmente. E tudo bem! 

Marjolein van Eersel é uma colega holandesa que num meeting de um grupo de trabalho de Design Thinking partilhou a ideia do Bounce Foward. E nessa mesma partilha ela apresentou o cavalo-marinho e a sua anatomia como sendo metáforas fortíssimas para a materialização do tipo de Resiliência que pode ser importante desenvolvermos. Feitas as menções e créditos devidos, aqui vão as principais conclusões que retirei da partilha da Marjolein:

ALINHAMENTO E ROBUSTEZ – A cauda do cavalo-marinho é a sua principal base, pois ao mesmo tempo permite dirigir, como um leme, a direção e sentido da sua deslocação e com as suas ventosas da cauda “gruda-se” para descansar, encontrar alimento ou manter a estabilidade em situações de grande agitação;

FLEXIBILIDADE E EXPLORAÇÃO – Os cavalos-marinhos possuem uma incrível capacidade de mimetismo, podendo-se misturar em diversos ecossistemas e estabelecer diferentes interações. Os seus olhos funcionam de forma independente, o que permite um controlo maior da visão e obviamente obter um registo muito mais rico de perspetivas, oportunidades ou ameaças;

CONEXÃO com o IMPORTANTE  – Não sabia, mas os cavalos-marinhos todos os dias de manhã encontram-se com o companheir@ de toda uma vida 🙂 Tipo breakfast in bed. Que catita! Basicamente possuem uma “vantagem anatómica” ao nível da conexão – o seu cérebro e coração estão muito próximos, o que lhe permite estabelecer vínculos muito fortes, identificar de forma subtil ameaças e encontrar comida de forma mais fácil.

ESTRUTURA – Os cavalos-marinhos tem o famoso exosqueleto que a gente vê nos filmes de ação e ficção científica. Basicamente é um supercorpo funcional que consegue ao mesmo tempo e mediante os “pedidos”, criar força, explosão, robustez, flexibilidade, deformação, etc. Os bichinhos utilizam este exosqueleto para manter a sua posição e conseguirem por exemplo manterem-se completamente suspensos durante períodos curto de repouso para regeneração e manutenção.

Como pode esta analogia do cavalo-marinho facilitar o desenvolvimento da tua Resiliência Profissional e obviamente Pessoal?

Existem 2 etapas. Aqui estão as minhas propostas para a primeira:

ALINHAMENTO E ROBUSTEZ

  • Cria o teu Personal Leadership Canvas;
  • Olha para o Canvas e Identifica Robustez e Consistência – Celebra; Identifica Gaps e Celebra;
  • Define um Plano – para manteres a robustez e trabalhares os gaps;

FLEXIBILIDADE E EXPLORAÇÃO

CONEXÃO COM O IMPORTANTE

  • Sugestão aqui (vídeo);
  • E aqui; (ficha de atividades)

ESTRUTURA (Corpo e Mente)

Existem 2 etapas, como disse. Aqui está a segunda:

DESENVOLVE, PROMOVE, CONVERSA E TRABALHA AO MÁXMO ESTES 4 TRAÇOS DE RESILIÊNCIA COM A TUA EQUIPA, PARES, ORGANIZAÇÃO, CHEFIAS, PARCEIROS. PONTO!

Nesse sentido cabe aos líderes e gestores fazer acontecer o “cavalo-marinho”:

  • Encorajar a conexão social e profissional através da partilha da inteligência coletiva nestes dias de Low Touch e onde o remoto e a falta de standard poderão ser a norma;
  • (Re)criar uma cultura organizacional adequada e conectiva quando se limitam os espaços de transparência, divergência, atrito e meaningful conversations;
  • Garantir um dos salários mais desejados neste momento – equilíbrio, saúde física e mental e segurança psicológica, ao mesmo tempo que mantemos o foco na economia e na criação de produtos e serviços que criam impactos e soluções positivos e sustentáveis para todos nós.

O cavalo-marinho na mitologia grega representa um ideal de vida, liberdade e conexão na existência. Parece-me uma ótima ideia apostar nisto.

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