As Emoções são a melhor Business Intelligence (Parte 1)

As Emoções são a melhor Business Intelligence (Parte 1)

As Emoções são a melhor Business Intelligence (Parte 1)

1920 1280 Hugo Gonçalves

Ontem era inteligente, eu queria mudar o mundo. Hoje eu sou sábio, estou a mudar-me a mim mesmo

– RUMI

EMOÇÕES e COLABORAÇÃO, PERFORMANCE, BUSINESS INTELLIGENCE

O parque Triglav fica no noroeste da Eslovénia, e recebe o seu nome do pico mais alto do país com 2864m. É considerado o parque nacional mais antigo da Europa e o cenário dessa região é absolutamente incrível e engloba os Alpes Julianos.

Estes são parte uma subcordilheira dos Alpes que se estende do nordeste da Itália até à Eslovénia. O seu nome é inspirado na figura de Júlio César, que por lá andou aquando das suas campanhas militares antes de ser tornar imperador e fundou a localidade de Cividale del Friuli no sopé das montanhas.

Nesses Alpes Julianos existe um ponto que se chama Vršič Pass, uma passagem entre montanhas que fica a mais de 1600 metros de altitude, onde se percorre as 50 alucinantes e sinuosas curvas, que definem um dos mais espetaculares traçados de montanha na região.

Sendo eu um rapaz de praia e do mar, fiquei absolutamente fascinado com a majestade, a tranquilidade, a mistura de verde intenso e a fabulosa cor clara das pedras. Que se manifesta quer nos picos ingremes das montanhas imponentes, quer nos leitos dos rios de água cristalina dessa região. E estando na altura a dois dias de realizar um workshop sobre o papel da Inteligência Emocional na Colaboração Organizacional, para uma equipa de diretores e managers worldwide de Performance Management e Business Intelligence, de uma multinacional farmacêutica, o que estava a sentir e que me ocorreu, entre outras coisas mais pessoais, foi que naquele local, naquele ambiente, com aquela sincronização que estava a sentir comigo mesmo e com aquela natureza, seria impossível não estar a ser eu próprio e ao mesmo tempo estar disponível, aberto e curioso com os outros e assim estabelecer colaborações.

AS TENSÕES DA COLABORAÇÃO

É relativamente fácil fazer o design e criar as ligações entre a estratégia e a parte operacional de uma organização. Será, de uma forma muito objetiva, algo como isto:

  • Definimos a nossa estratégia, propósito e objetivos, tendo em conta a nossa experiência e ambições;
  • Planeamos como podemos fazer isso acontecer e como podemos avaliar se estamos no bom caminho para os resultados pretendidos.
  • Desdobramos isso para processos, recursos e competências, de forma a materializar entregáveis e acionáveis que estão todos ligados uns com os outros.

Mas como já deves adivinhar e infelizmente sentir no teu dia-a-dia profissional, não é assim que isto se materializa, certo? ?

Em primeiro lugar, porque provavelmente teremos de utilizar outras palavras, que levam a outras ações, que levam a outros mindsets e heartsets para conseguirmos manter o fio condutor desta abordagem (a abordagem do gráfico que apresento em seguida já é cristalizada demais para as nossas dinâmicas organizacionais e profissionais).

Palavras como Empatia, Propósito, Valor e Impactos é que definem a Estratégia.

A energia da Criatividade, Colaboração, Lições Aprendidas, Confiança, Diversidade sustentam o conseguirmos ter acesso a informação fiável e fazer especulações balizadas pela participação de todas as partes interessadas.

Através do Desenvolvimento das Competências e Capacitação das Pessoas, Jobcraftings, OKRs, Abordagens Agile e a definição e clareza dos Entregáveis e Acionáveis adequados, temos massa crítica para materializar processos, trabalho e performance focados, eficazes e adaptáveis às mudanças e transformação.

E grande parte destas palavras pode caber dentro de uma categoria organizacional – Cultura.

E uma cultura organizacional “acontece” através da manifestação e interação individual e de grupo associada a cada Pessoa da tua organização.

Então, a Performance e a Inteligência Coletiva da Organização são sustentadas pelas Pessoas e Cultura.

Mas existem “areias” na engrenagem que fazem com que tudo isto que estou a dizer, que aparenta ser tão óbvio, não tenha assim tanto fluxo no dia-dia. Eu chamo-lhes as Tensões da Colaboração. Deixo aqui alguns exemplos:

  • Viver num mundo incerto e como isso impacta no nosso desejo inato de segurança e previsibilidade;
  • Perspectivas de sucesso diferentes – financeiras e operacionais, internas e dos clientes;
  • Sucesso e resultados a curto prazo vs. especular e desenhar o nosso futuro a longo prazo;
  • Conflitos entre Imaginar o Futuro vs. Analisar o Passado;
  • Vieses e interpretações de dados, perspetivas, critérios e boas práticas;
  • Interesses desalinhados ou conflituantes dentro da mesma organização.

Imagino que já sentiste ou sentes algumas destas “tensões” ? no teu dia-a-dia profissional e organizacional. E se reparares bem, não existem nas mesmas muitas dimensões sobre dados, processos, quantificações. A sua base é mais relacional, emocional e essas tensões podem-se manifestar em emoções e mindsets que poderão não promover os melhores comportamentos.

A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL É A MELHOR BUSINESS INTELLIGENCE

A inteligência emocional não é apenas a capacidade de conseguirmos ter consciência e regular as nossas emoções. É uma das suas componentes, mas não a única e na minha visão deve ser vista como sendo parte algo maior que nos representa. E tem um impacto fortíssimo nas dinâmicas de colaboração de uma equipa.

Temos a AUTO CONSCIÊNCIA, que é a habilidade que nós próprios temos em reconhecer quem somos, como funcionamos, quais são os nossos drivers, o que nos motiva e anima. Quais os nossos recursos e eventuais oportunidades de melhoria e principalmente saber ou sentir qual a razão de experienciar as emoções X ou Y.

A AUTOREGULAÇÃO é a nossa capacidade de responder (não reagir) perante os estímulos internos ou externos. E dar o nosso melhor para que a nossa resposta seja a adequada e a mais enquadrada com a realidade e não “contaminada” com os nossos apegos e aversões, vieses e crenças. Aqui falo da importância de reconhecer que entre o estímulo e a resposta existe sempre um espaço

Quando estamos mais ou menos “afinadinhos” por dentro ?, a nossa tendência natural como seres humanos é de querer fazer coisas, de evoluir, de construir e de o fazer juntamente com outros. E é este o cerne da questão, quando falamos da colaboração. Chama-se a isto a (AUTO) MOTIVAÇÃO.

A colaboração é inata, por evolução e por necessidade. Mas essa naturalidade só se manifesta quando os dois pontos anteriores nos permitem ter a perceção simultânea do que é importante e relevante para nós e de que forma isso se pode sincronizar com o que é relevante e importante para os outros.

Estando cada um de nós ciente deste potencial e possibilidades individuais que podemos colocar ao serviço da colaboração e da performance, segue-se a abertura, curiosidade e habilidade para nos interessarmos pelo contexto do outro, do que os rodeias, sendo isto um exercício de EMPATIA. Cada vez mais a minha performance, sucesso, resultados está dependente e umbilicalmente ligada aos outros. E nesse sentido, compreender o contexto do outro pode permitir dois impactos – criatividade para ajudar e baixar o nível de stress e vieses, pelo facto de conhecer o contexto dos outros.

E assim conhecendo as Pessoa, contextos, trabalhos, recursos, competências e eventuais blindspots (como se fosse um processo exterior de consciência e observação) estamos então preparados para podermos COMUNICAR E ESTABELECER PARCERIAS de forma sincronizada.

Então, a inteligência emocional é um trampolim colaborativo que potencia os processos de Produt/Service/Solution Discovery & Produt/Service/Solution Delivery.

EMOÇÕES, PERFORMANCE, COLABORAÇÃO


A forma como nos relacionamos connosco e com os outros é e sempre será o fator seminal de diferenciação ao nível da Human Centric Performance de uma organização.

Revisitando as dimensões da Inteligência Emocional e ligando-as à Performance Colaborativa:

AUTO CONSCIÊNCIA – consigo perceber de que forma posso contribuir de forma mais direta através das minhas habilidades, competências e o que me é mais inato e também reconhecer gaps e pontos onde provavelmente a colaboração de outros poderá ajudar à minha performance;

AUTO REGULAÇÃO – reconhecer e diferenciar um estímulo ou feedback de outros como sendo apenas isso – uma visão diferente – e não o tornar pessoal e reconhecer como posso ser responsavelmente bondoso na aceitação da minha condição de ser humano que está sempre em evolução ao mesmo tempo também dar a resposta adequada á situação, baseado na verdade e realidade e não nos vieses e triggers;

AUTO MOTIVAÇÃO – Tenho acesso a critérios/prioridades sobre de que forma posso contribuir para determinado contexto de colaboração, mantendo-me assim aberto e enquadrado com as Pessoas e Mundo que me rodeiam e com isso também abrir perspectivas, possibilidades e evoluções

EMPATIA – Ideias, Produtos, Serviços, são basicamente consensos e trade-offs. Entre possibilidade e realidades, entre imaginar e implementar, entre o meu ponto de vista do que é necessário e a mesma perceção de quem recebe. Qiuem é que me rodeia no ecossistema organizacional interno e externo e quais são os seus pains&gains, necessidades e impactos de valor?

PARCEIRAS E RELAÇÕES – Trata-se de sincronizar talentos, recursos, experiências e ideias, dar espaço e tampo para que as pessoas possam fazer definir qual a melhor abordagem para manifestar, fazer acontecer, executar.


Existem também outras dimensões e impactos de Liderança e Organizacionais que estão espelhados na imagem que apresento acima que obviamente levam a uma perspetiva evolutiva da Organização como sendo um palco de Desenvolvimento de Pessoas.

E para já ?, as “receitas” que utilizo para potenciar as Pessoas e esses palcos são estas:

EVOLUÇÃO DAS PESSOAS – Desenvolvimento de Pessoas/Coaching/Mentoring;

TRANSFORMAÇÃO ORGANIZACIONAL – Inovação Organizacional, Design Thinking e Criatividade;

CULTURA & PERFORMANCE NO TRABALHO – Desenvolvimento de Cultura, Equipas e Workflows.

 

CODA

Na segunda parte deste artigo vou partilhar a minha vidão de COMO é que isto pode ser feito. Partilhando quais as abordagens e ferramentas que podem contribuir para materializar esta aliança improvável entre Emoções e a Performance Organizacional & Business Intelligence.

Devido a questões de sincronismos e timings, peço e desde já sou grato pela tua colaboração e abertura para eventualmente poderes receber a segunda parte deste artigo já na próxima semana. O blog tem uma regularidade de 15/15 dias, mas neste caso poderá existir uma exceção, voltando depois apenas a “chatear-te” 2 meses apenas por mês. ?

Mas desde já partilho contigo que os recursos que alimentam a existência de uma organização são diferentes dos mais óbvios.

A qualidade das tuas Emoções, Mindsets e Comportamentos irão definir a qualidade da tua Performance, Colaboração e Contributo.

Criando-se o ambiente aberto, relaxado, transparente e trabalhando-se com casos, desafios, oportunidade concretas da organização, é possível misturar de forma super orgânicas Emoções e Objetivos, Inovação com Performance, Pessoas e Processos de uma forma equilibrada e competente.

A Colaboração e Performance são People.Driven, não Process-Driven.

As Pessoas é que são os princípios ativos da Cultura, dos Processos, dos Resultados.

O meu convite é que possas refletir de que forma é que tu e a tua organização podem de alguma forma criar uma Emotional Business Intelligence. Ou seja uma manifestação mais plena das energias de Agir, Organizar, Imaginar e Cuidar que se sincronizam no dia-a-dia dos profissionais e organização.

Obrigado, Fica Bem e Abraço,

H

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