A bondade em palavras cria confiança; a bondade em pensamento cria profundidade; a bondade em dádiva cria amor.
LAO-TSÉ
A (I)Literacia Organizacional (Parte 2)
Vamos então seguir com a segunda parte deste artigo sobre a Literacia Organizacional – aqui está a parte 1 (para revisões ?)
Segundo o sistema védico da filosofia do Yoga, existem 4 Objetivos da Vida que são originais da alma humana – PURUSARTHAS:
O primeiro, ARTHA, está relacionado com a riqueza e prosperidade material. É sobre as coisas que precisas para te manter viv@ e saudável.
Está relacionado com a segurança e a busca por um trabalho para garantir sustento, conforto e sucesso para ti e a tua família. É importante ressaltar que a visão do Artha não tem o material como sendo um fim em si mesmo, mas sim como um meio para o fim.
Não é apenas sobre o dinheiro, é sobre Valor e Impactos.
Em seguida vem o KAMA que basicamente define o nosso desejo e prazer pelo desfrutar da vida.
Tendo o nosso Artha assegurado ou pelo menos estável, já não precisamos de lutar pela sobrevivência, e temos então a possibilidade e tempo para usufruir da vida – inclusive no trabalho. Fazemos as coisas porque queremos e faz sentido, e não porque precisamos ou por uma questão de competição. E com isso, o nosso foco está no bem comum e na evolução, não na competição.
O terceiro, o DHARMA, significa a nossa verdade e uma forma boa e verdadeira de vivermos e de interagirmos com os outros. É sobre o Caminho que nos faz sentido seguir, sobre o nosso propósito.
Todas as nossas escolhas impactam tudo e a todos. Percebemos que existe um ecossistema no qual fazemos parte e onde encaixamos da melhor forma possível.
É normalmente neste momento que começam as buscas por práticas de autoconhecimento e auto-atualização, de forma a nos preparar para essa nova consciência.
Por fim vem o MOKSA, que basicamente é a liberdade de podermos ser Quem Somos naquilo que Fazemos e podermos escolher os nossos compromissos. É o momento em que temos um acesso mais intuitivo ao potencial humano de criatividade, compaixão e compreensão.
A LITERACIA ORGANIZACIONAL COMEÇA NA LITERACIA SOBRE NÓS PRÓPRIOS
Os princípios anteriores “apareceram-me” à frente quando estava a começar a preparar a escrita da segunda deste artigo e de facto, se a Literacia Organizacional é sobre Mindset e Heartset:
- AUTO LIDERANÇA;
- INOVAÇÃO;
- A VERDADEIRA PERFORMANCE;
- A VERDADEIRA AGILIDADE;
- PERCEÇÃO E EXPOSIÇÃO AO NEGÓCIO;
- CONHECER O TRABALHO UNS DOS OUTROS E JOBCRAFTING;
Então podemos fazer uma analogia e extrapolação criativa para o mundo profissional e organizacional destes 4 PURUSARTHAS?.
O Artha profissional tem a ver com a performance, objetivos, criação de valor material ou financeiro, com um foco no lucro com propósito e equilíbrio.
O Kama tem a ver com as nossas recompensas profissionais (financeiras e outras) e termos a capacidade ou habilidade de podermos desfrutar, saborear, estarmos presentes e enraizados no que é realmente importante para o Presente e assim tornarmos fértil o solo onde se vai semear o Futuro.
Assim estamos em contacto de uma forma mais intensa, regular e deliberada com o que as Pessoas e Mundo precisam – o Dharma. E como é que o teu propósito, talentos, ideias, experiências e competências se sincronizam com as dos teus colegas e assim darmos uma resposta, através do trabalho e colaboração, aos desafios atuais que vivemos e imaginarmos cenários e aspirações para as oportunidades e ameaças que surgem no horizonte.
Por fim, com o Moksa, dedicamo-nos a cultivar as nossas dimensões internas e as interações e parcerias com os outros em contexto profissional.
No âmbito dos meus pilares de trabalho, considero que já temos ferramentas/abordagens/conhecimento e métodos de trabalho que permitem uma aposta “segura” neste caminho de integração e evolução mútuas.
DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS/COACHING/MENTORING;
INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL, DESIGN THINKING E CRIATIVIDADE;
DESENVOLVIMENTO DE CULTURA, EQUIPAS E WORKFLOWS;
Mas ainda existem desafios e trabalhos internos a fazer (nos profissionais e nas organizações) e é necessário dissolver algumas crenças limitantes, viés e pontos cegos que ainda nos vão toldando a mente e as emoções.
Eu próprio tive oportunidade de experienciar isso.
Estive nos últimos dias a participar numa espécie de retiro/encontro de facilitadores com o objetivo de partilhar, aprender, escutar, perguntar e basicamente crescermos juntos através de um conjunto de dinâmicas de facilitação, quer como participantes, quer como dinamizadores das mesmas.
Foi tão fixe (no sentido do Valor e Consciência, nem tanto do que senti em alguns casos ?) ter a oportunidade de ser o “aprendiz”, de me colocar de alguma forma no lugar das organizações, equipas e indivíduos, clientes e experienciar coisas que normalmente no meu registo de consultor e facilitador não sinto.
Desde deixar-me levar pelo ambiente competitivo num jogo de futebol com post-its e bola de ping pong ?, como me senti como os vários feedbacks que recebi – alguns espetaculares e outros que me deixaram a pensar, etc. Senti-me bem e fluído em alguns, momentos, mais reflexivo em outros, em modo de combate e em “competição” em outros ainda! ?
Das conversas, reflexões que tive nesse fim de semana, do que tenho visto, lido e sentido, considero que existem princípios, comportamentos, e formas de pensar e sentir que são importantes para podermos materializar a Literacia Organizacional com Eficácia e Eficiência e colocá-la ao serviço das Pessoas e Mundo.
E encontrei um conjunto de “sugestões de vida” de Robert L. Joss, um professor de Stanford, craque nestas coisas das organizações e lideranças e cenas ?, que acho que é corolário perfeito para podermos ter “acionáveis” de forma a transferir estas consciências para hábitos, comportamentos e ações no nosso dia-a-dia.
ABORDAGENS PARA A LITERACIA PROFISSIONAL E ORGANIZACIONAL
Se paramos de aprender e crescer, vamos acabar por operar muito abaixo do nosso nível de potencial e aspirações profissionais e organizacionais. Dentro do que te for possível, continua a aprender. Aprende com os teus erros.
A melhor forma de nos mantermos interessantes e “frescos” a nível profissional é estarmos realmente curiosos com as Pessoas e Mundo.
O trabalho é atualmente um campeonato sem fim e um processo interminável de autodescoberta. Comprometermo-nos com algo maior que nós e que ecoe nos nossos princípios e valores é uma das melhores formas de inovação e performance profissional e organizacional.
USA A TUA EXPERIÊNCIA, ANÁLISE CRÍTICA E CRIATIVIDADE PARA CONSTRUIRES CAPACITAÇÃO
Tu já aprendeste muito mais do que achas ou do que tens consciência. Se te conseguires dar alguns momentos regulares e deliberados para apanhares o helicóptero e ver as coisas através da perspetiva de ecossistema e trazeres para a equação a tua experiência e lições aprendidas, mais facilmente podes ser o cocriador e implementador das melhores soluções.
Faz mais perguntas, coloca mais coisas em causa, imagina mais cenários e possibilidades.
AS PALAVRAS SÃO IMPORTANTES
A vida é uma série interminável de conversas. Na minha Gap Week aprendi tanto, tanto “apenas” com conversas. No último evento do #Play14 aconteceu exatamente o mesmo.
Fala-se muitas nas empresas, mas conversa-se pouco. Por isso se alguém te pedir a tua visão, opinião ou reflexão, partilha-a na boa e sem medo.
Quando algo não estiver claro e devidamente concretizado, pergunta. Ao lidares com negociações ou conversas mais difíceis descreve os factos e o que está a acontecer, como isso te faz sentir, o que necessitas de diferente e faz um pedido explicito à outra parte (esta é lixada de fazer e de sermos consistentes, eu sei ?)
A VIDA É CHEIA DE NOVOS PERSONAGENS
Aprendemos mais quando temos de adquirir uma habilidade ou comportamento que é necessário para realizar algo que é realmente importante para nós. Não fiques muito tempo na tua zona de conforto. Viaja para novas zonas de exploração. Experiências. Feedback. Refletir. Aprender. Crescer. Repetir.
SEM MEDO, NÃO HÁ CORAGEM
O medo leva à ação e à mudança. Mergulha e assume riscos inteligentes, confia na tua intuição ou interage com as pessoas que possam ser verdadeiros espelhos de ti e pede ajuda quando necessário.
NÃO TE LEVES MUITO A SÉRIO
Se formos a ver, muito do nosso sucesso tem a ver com sorte, com alguma mão invisível. Nesse sentido, existe uma linha muito ténue entre a confiança e a arrogância.
Humildade + Vontade é a melhor combinação. Procura obter feedback honesto da malta da tua idade e dos mais jovens e daqueles que são mais “vividos”. Encontra a tua Autoliderança de nível 5.
Pensa na tua equipa, colegas, chefes, clientes, fornecedores, parceiros, na tua indústria, no teu país e no mundo. Pensa nas Pessoas. E como pode o teu trabalho manter todas estas dimensões no melhor equilíbrio, equanimidade e valor possíveis.
TRABALHA COMO SE FOSSES @ DON@
Gasta o dinheiro da empresa como se fosse o teu, dá o teu melhor para poderes definir contigo e com os outros quais os vossos direitos e deveres como clientes e fornecedores internos com os teus colegas. E externamente com os teus fornecedores e clientes. Accountability e Responsabilidade rules ?
PAZ E REPUTAÇAO
A vida é muito curta para lidar com pessoas “más”. Responsabilidade e Colaboração é sobre propósito, partilha, comunicação. Mas também é sobre assertividade, definir fronteiras e âmbitos e teres claro em ti e para os outros a forma como funcionas e o que é flexível e inegociável a nível profissional e organizacional. A tua Paz e Reputação profissional são incomensuráveis.
O JOGO INFINITO
A vida é como um jogo infinito. As regras importam. É um jogo longo. “Nada acontece, e depois tudo acontece!”
// CODA
Na imagem acima podemos ver o que acontece às Pessoas e à Organização quando não se consegue percorrer em formato Full Spectrum e 720 esse caminho de que falo.
Quando não dominam a literacia sobre elas próprias e as suas dimensões como Pessoas!
As consequências disso podem ser manifestadas em performance, mas a verdadeira fonte disso são as emoções que são geradas (ver lista de outcomes).
Por isso, aproveita estas “lições” e já agora reflete sobre que insights a tua intuição e autoconhecimento definem como fazerem sentido e poderem ter impacto para ti na tua vida profissional (logo como Pessoa).
Isto também é válido para organizações e é um exercício incrível que costumo fazer com Equipas, Conselhos de Administração, e similares… Algumas questões de exploração:
❔Quais são as “lições” que nos permitirão manter e nutrir o que já conseguimos?
❔Quais são as mais impactantes para que sintamos o que as Pessoas e o Mundo realmente precisam de nós?
❔Quais são as que nos permitiriam imaginar novas realidades e Inovar e Entregar Valor e Impactos, através de produtos e serviços?
Isto é a Engenharia Organizacional!
Obrigado, Abraço e Fica Bem,
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