A (I)Literacia Organizacional (Parte 2)

A (I)Literacia Organizacional (Parte 2)

1920 1440 Hugo Gonçalves

A bondade em palavras cria confiança; a bondade em pensamento cria profundidade; a bondade em dádiva cria amor.

LAO-TSÉ

A (I)Literacia Organizacional (Parte 2)

Vamos então seguir com a segunda parte deste artigo sobre a Literacia Organizacional – aqui está a parte 1 (para revisões ?)

Segundo o sistema védico da filosofia do Yoga, existem 4 Objetivos da Vida que são originais da alma humana – PURUSARTHAS:

O primeiro, ARTHA, está relacionado com a riqueza e prosperidade material. É sobre as coisas que precisas para te manter viv@ e saudável.

Está relacionado com a segurança e a busca por um trabalho para garantir sustento, conforto e sucesso para ti e a tua família. É importante ressaltar que a visão do Artha não tem o material como sendo um fim em si mesmo, mas sim como um meio para o fim.

Não é apenas sobre o dinheiro, é sobre Valor e Impactos.

Em seguida vem o KAMA que basicamente define o nosso desejo e prazer pelo desfrutar da vida.

Tendo o nosso Artha assegurado ou pelo menos estável, já não precisamos de lutar pela sobrevivência, e temos então a possibilidade e tempo para usufruir da vida – inclusive no trabalho. Fazemos as coisas porque queremos e faz sentido, e não porque precisamos ou por uma questão de competição. E com isso, o nosso foco está no bem comum e na evolução, não na competição.

O terceiro, o DHARMA, significa a nossa verdade e uma forma boa e verdadeira de vivermos e de interagirmos com os outros. É sobre o Caminho que nos faz sentido seguir, sobre o nosso propósito.

Todas as nossas escolhas impactam tudo e a todos. Percebemos que existe um ecossistema no qual fazemos parte e onde encaixamos da melhor forma possível. 

É normalmente neste momento que começam as buscas por práticas de autoconhecimento e auto-atualização, de forma a nos preparar para essa nova consciência.

Por fim vem o MOKSA, que basicamente é a liberdade de podermos ser Quem Somos naquilo que Fazemos e podermos escolher os nossos compromissos. É o momento em que temos um acesso mais intuitivo ao potencial humano de criatividade, compaixão e compreensão.

A LITERACIA ORGANIZACIONAL COMEÇA NA LITERACIA SOBRE NÓS PRÓPRIOS

Os princípios anteriores “apareceram-me” à frente quando estava a começar a preparar a escrita da segunda deste artigo e de facto, se a Literacia Organizacional é sobre Mindset e Heartset:

Então podemos fazer uma analogia e extrapolação criativa para o mundo profissional e organizacional destes 4 PURUSARTHAS?.

O Artha profissional tem a ver com a performance, objetivos, criação de valor material ou financeiro, com um foco no lucro com propósito e equilíbrio.

O Kama tem a ver com as nossas recompensas profissionais (financeiras e outras) e termos a capacidade ou habilidade de podermos desfrutar, saborear, estarmos presentes e enraizados no que é realmente importante para o Presente e assim tornarmos fértil o solo onde se vai semear o Futuro.

Assim estamos em contacto de uma forma mais intensa, regular e deliberada com o que as Pessoas e Mundo precisam – o Dharma. E como é que o teu propósito, talentos, ideias, experiências e competências se sincronizam com as dos teus colegas e assim darmos uma resposta, através do trabalho e colaboração, aos desafios atuais que vivemos e imaginarmos cenários e aspirações para as oportunidades e ameaças que surgem no horizonte.

Por fim, com o Moksa, dedicamo-nos a cultivar as nossas dimensões internas e as interações e parcerias com os outros em contexto profissional.

No âmbito dos meus pilares de trabalho, considero que já temos ferramentas/abordagens/conhecimento e métodos de trabalho que permitem uma aposta “segura” neste caminho de integração e evolução mútuas.

DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS/COACHING/MENTORING;

INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL, DESIGN THINKING E CRIATIVIDADE;

DESENVOLVIMENTO DE CULTURA, EQUIPAS E WORKFLOWS;

Mas ainda existem desafios e trabalhos internos a fazer (nos profissionais e nas organizações) e é necessário dissolver algumas crenças limitantes, viés e pontos cegos que ainda nos vão toldando a mente e as emoções.

Eu próprio tive oportunidade de experienciar isso. 

Estive nos últimos dias a participar numa espécie de retiro/encontro de facilitadores com o objetivo de partilhar, aprender, escutar, perguntar e basicamente crescermos juntos através de um conjunto de dinâmicas de facilitação, quer como participantes, quer como dinamizadores das mesmas. 

Foi tão fixe (no sentido do Valor e Consciência, nem tanto do que senti em alguns casos ?) ter a oportunidade de ser o “aprendiz”, de me colocar de alguma forma no lugar das organizações, equipas e indivíduos, clientes e experienciar coisas que normalmente no meu registo de consultor e facilitador não sinto.

Desde deixar-me levar pelo ambiente competitivo num jogo de futebol com post-its e bola de ping pong ?, como me senti como os vários feedbacks que recebi – alguns espetaculares e outros que me deixaram a pensar, etc. Senti-me bem e fluído em alguns, momentos, mais reflexivo em outros, em modo de combate e em “competição” em outros ainda! ?

Das conversas, reflexões que tive nesse fim de semana, do que tenho visto, lido e sentido, considero que existem princípios, comportamentos, e formas de pensar e sentir que são importantes para podermos materializar a Literacia Organizacional com Eficácia e Eficiência e colocá-la ao serviço das Pessoas e Mundo.

E encontrei um conjunto de “sugestões de vida” de Robert L. Joss, um professor de Stanford, craque nestas coisas das organizações e lideranças e cenas ?, que acho que é corolário perfeito para podermos ter “acionáveis” de forma a transferir estas consciências para hábitos, comportamentos e ações no nosso dia-a-dia.

ABORDAGENS PARA A LITERACIA PROFISSIONAL E ORGANIZACIONAL

TRABALHO É RENOVAÇÃO

Se paramos de aprender e crescer, vamos acabar por operar muito abaixo do nosso nível de potencial e aspirações profissionais e organizacionais. Dentro do que te for possível, continua a aprender. Aprende com os teus erros. 

A melhor forma de nos mantermos interessantes e “frescos” a nível profissional é estarmos realmente curiosos com as Pessoas e Mundo.

O trabalho é atualmente um campeonato sem fim e um processo interminável de autodescoberta. Comprometermo-nos com algo maior que nós e que ecoe nos nossos princípios e valores é uma das melhores formas de inovação e performance profissional e organizacional.

USA A TUA EXPERIÊNCIA, ANÁLISE CRÍTICA E CRIATIVIDADE PARA CONSTRUIRES CAPACITAÇÃO

Tu já aprendeste muito mais do que achas ou do que tens consciência. Se te conseguires dar alguns momentos regulares e deliberados para apanhares o helicóptero e ver as coisas através da perspetiva de ecossistema e trazeres para a equação a tua experiência e lições aprendidas, mais facilmente podes ser o cocriador e implementador das melhores soluções.

Faz mais perguntas, coloca mais coisas em causa, imagina mais cenários e possibilidades.

AS PALAVRAS SÃO IMPORTANTES

A vida é uma série interminável de conversas. Na minha Gap Week aprendi tanto, tanto “apenas” com conversas. No último evento do #Play14 aconteceu exatamente o mesmo.

Fala-se muitas nas empresas, mas conversa-se pouco. Por isso se alguém te pedir a tua visão, opinião ou reflexão, partilha-a na boa e sem medo.

Quando algo não estiver claro e devidamente concretizado, pergunta. Ao lidares com negociações ou conversas mais difíceis descreve os factos e o que está a acontecer, como isso te faz sentir, o que necessitas de diferente e faz um pedido explicito à outra parte (esta é lixada de fazer e de sermos consistentes, eu sei ?)

A VIDA É CHEIA DE NOVOS PERSONAGENS

Aprendemos mais quando temos de adquirir uma habilidade ou comportamento que é necessário para realizar algo que é realmente importante para nós. Não fiques muito tempo na tua zona de conforto. Viaja para novas zonas de exploração. Experiências. Feedback. Refletir. Aprender. Crescer. Repetir.

SEM MEDO, NÃO HÁ CORAGEM

O medo leva à ação e à mudança. Mergulha e assume riscos inteligentes, confia na tua intuição ou interage com as pessoas que possam ser verdadeiros espelhos de ti e pede ajuda quando necessário.

NÃO TE LEVES MUITO A SÉRIO

Se formos a ver, muito do nosso sucesso tem a ver com sorte, com alguma mão invisível. Nesse sentido, existe uma linha muito ténue entre a confiança e a arrogância.

Humildade + Vontade é a melhor combinação. Procura obter feedback honesto da malta da tua idade e dos mais jovens e daqueles que são mais “vividos”. Encontra a tua Autoliderança de nível 5.

REALIDADES LATERAIS

Pensa na tua equipa, colegas, chefes, clientes, fornecedores, parceiros, na tua indústria, no teu país e no mundo. Pensa nas Pessoas. E como pode o teu trabalho manter todas estas dimensões no melhor equilíbrio, equanimidade e valor possíveis.

TRABALHA COMO SE FOSSES @ DON@

Gasta o dinheiro da empresa como se fosse o teu, dá o teu melhor para poderes definir contigo e com os outros quais os vossos direitos e deveres como clientes e fornecedores internos com os teus colegas. E externamente com os teus fornecedores e clientes. Accountability e Responsabilidade rules ?

PAZ E REPUTAÇAO

A vida é muito curta para lidar com pessoas “más”. Responsabilidade e Colaboração é sobre propósito, partilha, comunicação. Mas também é sobre assertividade, definir fronteiras e âmbitos e teres claro em ti e para os outros a forma como funcionas e o que é flexível e inegociável a nível profissional e organizacional. A tua Paz e Reputação profissional são incomensuráveis.

O JOGO INFINITO

A vida é como um jogo infinito. As regras importam. É um jogo longo. “Nada acontece, e depois tudo acontece!”

// CODA

Na imagem acima podemos ver o que acontece às Pessoas e à Organização quando não se consegue percorrer em formato Full Spectrum e 720 esse caminho de que falo.

Quando não dominam a literacia sobre elas próprias e as suas dimensões como Pessoas!

As consequências disso podem ser manifestadas em performance, mas a verdadeira fonte disso são as emoções que são geradas (ver lista de outcomes).

Por isso, aproveita estas “lições” e já agora reflete sobre que insights a tua intuição e autoconhecimento definem como fazerem sentido e poderem ter impacto para ti na tua vida profissional (logo como Pessoa).

Isto também é válido para organizações e é um exercício incrível que costumo fazer com Equipas, Conselhos de Administração, e similares… Algumas questões de exploração:

Quais são as “lições” que nos permitirão manter e nutrir o que já conseguimos?

Quais são as mais impactantes para que sintamos o que as Pessoas e o Mundo realmente precisam de nós?

Quais são as que nos permitiriam imaginar novas realidades e Inovar e Entregar Valor e Impactos, através de produtos e serviços?

Isto é a Engenharia Organizacional!

Obrigado, Abraço e Fica Bem,

H

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