Queres Ser um(a) CQA (Chief Questions Asker)?

Queres Ser um(a) CQA (Chief Questions Asker)?

Queres Ser um(a) CQA (Chief Questions Asker)?

1930 1086 Hugo Gonçalves

A certeza é fatal. O que me encanta é a incerteza. A neblina torna as coisas maravilhosas!

OSCAR WILDE

INTERROGAÇÃO INOVADORA

Se existe alguma posição no seio de uma organização que me faz “reconsiderar” a escolha profissional que fiz – ter um pé dentro e um pé fora de uma organização como consultor, facilitador e Coach – essa é a de CHIEF QUESTION ASKER ou um líder de Interrogação Inovadora. ?

Aparentemente as organizações já se deparam com alguma falta de clarividência no foco, decisões, definição de prioridades e respostas e nesse sentido e à primeira vista, ter alguém a fazer perguntas iria, para muitos, criar confusão, insegurança, caos e afins.

No entanto, numa época de incertezas, de polarizações, de ambiguidades e de complexidades, na evolução do papel do profissional bem como na diversidade, disrupção e velocidade furiosa dos clientes, e por consequência, dos produtos, serviços e formas de os criar, implementar e entregar, considero que a incerteza, a dúvida, o vazio, os paradoxos e tudo o que não é claro e lógico são pepitas de ouro.

As questões levam-nos para outros “espaços” e dimensões de nós e do mundo que nos rodeia. Obrigam-nos a parar, através do choque de frente com o vazio e novo.

Levam à consciência, transformação e claro à ação pois quebram o hábito mental e emocional de ver e sentir as coisas da mesma maneira, mesmo que os objetivos, resultados, contexto e prioridades se tenham transformado.

Tanta coisa boa pode e deve ter aplicação prática no desenvolvimento e capacitação dos profissionais e organizações.

Acontece que em muitos casos questionar ou perguntar não é considerado uma força ou energia de progresso ou florescimento. E claro, perdemos todos com isto!

Uma cultura de Interrogação Inovadora do status quo é complicada de viver de forma estruturada e formal numa organização. Talvez não seja necessária essa estrutura. 

Muitas vezes basta apenas conversar e ter a inteligência emocional, escuta ativa e curiosidade nas nossas interações e como estas podem ser “vertidas” em novas ideias, produtos, serviços e formas eficazes e adequadas de trabalhar

No seu fantástico livro “A Arte de Fazer Perguntas”, Warren Berger explora o impacto das “beautiful questions” no contexto profissional e organizacional.

Segundo o Warren, uma beautiful question é uma mistura de interrogações e explorações de possibilidades híbridas, no que à ambição e praticidade diz respeito. 

O seu principal impacto é de criar:

1) um abanar relativamente aos referenciais atuais;

2) proporcionar novas perspectivas de visão e interpretação de um contexto ou tema;

3) que serve de catalisador e energia para, através do nosso conhecimento, experiência, criatividade e aspirações, trazermos para cima da mesa novas opções, ideias e formas diferentes de fazer as coisas.

Sempre com propósito final de criar impacto e soluções às Pessoas e Mundo.

Este equilíbrio de ambição e praticidade chama-se Otimismo. Provavelmente é mais uma arte do que propriamente uma ciência. ? 

Se calhar é mais adequado dizer que é algo muito baseado no contexto, nos consensos e na colaboração entre os profissionais numa organização. E menos um processo ou checklist de questões.

Algumas destas questões irão surgir da intuição, epifanias e inspiração. Outras serão resultado de um conjunto de iterações e reformulações

Não estou a dizer que o conhecimento não é valioso e que os especialistas já não têm lugar. Apenas sinto que os profissionais e organizações necessitam de funcionar em modo Pi-Shape, onde questionar, explorar, motivar à evolução do status quo também deve ser visto como trabalho e como competência profissional interna.

// AS QUESTÕES (EXISTENCIAIS) E AS ORGANIZAÇÕES

Quando se trata de questionar e fazer perguntas, as empresas são como as pessoas:

Começam a fazê-lo, e depois gradualmente fazem-no cada vez menos, como qualquer bom hábito! ?

Isso explica-se pelo facto de colocar questões e conversar sobre as mesmas implicar argumentar, explorar, conversar – algumas vezes de forma e com uma energia fixeS, em outros casos de forma tensa, emocional e complexa – e termos decisões e ações iterativas, ou seja, que evoluem de forma regular ou contextual. 

Acompanhar este ritmo desgasta bastante, se tivermos um mindset e heartset mais rígidos e se a nossa segurança profissional e organizacional vier apenas do conforto e do hábito. 

Aplicar a Interrogação Inovadora “mexe” também com a “advocacia organizacional”, ou seja, a energia e argumentação que utilizamos para manifestar e fazer valer as nossas próprias conclusões e teorias, interesses e declarações sobre a “verdade” segundo o nosso próprio ponto de vista.

Adotar uma cultura de Interrogação Inovadora está a tornar-se cada vez mais crítico; para muitas empresas, é uma necessidade estratégica:

“Para qualquer empresa que precise de inovar ou adaptar-se às condições de mercado em mudança, à nova concorrência e a outras forças disruptivas, uma cultura de questionamento é fundamental porque pode ajudar a garantir que a criatividade e o pensamento fresco e adaptativo fluem em toda a organização”, diz o nosso amigo Warren.

Isto, por sua vez, promove um equilíbrio produtivo de advocacia e exploração, que pode impulsionar uma discussão para a frente e levar as equipas a tomar uma decisão, digo eu! ?

No meio de tal complexidade, os líderes precisam de capacidades extraordinárias de sensemaking, um habitué nas minhas partilhas e que é a capacidade de dar sentido ao que se passa num ambiente em mudança e complexo.

Para isso, os líderes, managers, profissionais devem ser capazes de ultrapassar os seus próprios pressupostos, receber, processar e conversar sobre grandes quantidades de novas informações, e descobrir como aplicar tudo isso aos seus produtos, serviços, processos.

// O QUE A INTERROGAÇÃO INOVADORA NOS PODE TRAZER?

As questões e questionamento do que já existe são um dos pontos de partida que energizam a Engenharia Organizacional e os seus 3 pilares – Evolução das Pessoas, Inovação Organizacional e Cultura, Equipas e Fluxos de Trabalho Ágeis

Existem algumas perguntas de base?:

  • PORQUÊ?
  • PORQUE NÃO…?
  • E SE…?
  • COMO FAÇO/POSSO…?

PERGUNTA “PORQUÊ?” PARA FICARES MAIS “INTELIGENTE” ?, MAS APRENDE A PERGUNTAR “POR QUE NÃO…?” PARA TE TORNARES MAIS INOVADOR(A).

Vamos começar com as duas primeiras perguntas. Começamos com “Porquê?”.

É uma pergunta ingénua e bonita por causa da maravilha inocente e infantil que representa. É bom imaginar porque é que as coisas são de certa forma porque nos ajuda a desmontar e compreender questões complexas. 

As perguntas “Porquê?” podem, no entanto, ter os seus limites. Para irmos de simplesmente obter respostas para encontrarmos soluções para os problemas ou possibilidades, temos de perguntar “Porque não…?”

O poder nesta segunda e bela pergunta está na sua capacidade de nos fazer questionar as nossas suposições básicas sobre o mundo.

Muitas pessoas só fazem o que fazem porque “é assim que sempre foi feito”, sem nunca questionar. Quando perguntas “porque não?” libertas o poder de uma mente inovadora.

SE QUERES SER MAIS CRIATIVO, TENTA USAR PERGUNTAS “E SE…?” E PARA AJUDAR A TOMAR DECISÕES UTILIZA O “COMO?”

Um dos melhores livros que tenho lá em casa é o E Se…?Respostas científicas para perguntas absurdas, do Randall Moore.

É uma compilação de respostas científicas absurdas às perguntas mais estranhas.

Embora seja mais humorístico, tem um ponto muito importante. Perguntar “E se?” tem o poder de mudar a nossa forma de pensar, e o que pode melhorar o nosso mundo. 

Assim estamos preparados para o “Como?”.

A última das quatro belas perguntas é a mais difícil de responder. Requer empenho, paciência e resistência, desapego, coragem! 

Implica estarmos determinados a continuar a explorar todos os passos necessários para criar e desenhar o que eu chamo de acionáveis. E claro, saber organizar e implementar as soluções é vital para vê-las tornarem-se realidade.

// CODA

A Interrogação Inovadora requer o seu tempo e espaço!

Muitas vezes, a pior coisa que se pode fazer com uma pergunta difícil é tentar respondê-la muito rapidamente. Quando a mente, criatividade e porque não as emoções estão a explorar as possibilidades, esse cosmos pode ser vasto e pode levar o seu tempo a fazer esta viagem.

Na escola ou no trabalho, somos muitas vezes julgados pela rapidez com que podemos chegar à resposta, e habituamo-nos a ter respostas de imediato e a não ter de lidar com a incerteza.

No entanto, permitir que o teu cérebro, emoções, intuição, criatividade e outras inteligências múltiplas reflitam sobre questões pode ajudar-te a ver as coisas de uma perspectiva diferente, fazer diferentes interrogações orientadoras e, eventualmente, levar a alternativas diferentes e ao mesmo tempo eficazes para a inovação ou resolução de problemas.

Então, como é que isto nos ajuda a sermos responsivos, dinâmicos e ágeis, Hugo? ?

Não há tempo e espaço para eu fazer isto sozinh@…


Correto, tens toda a razão!

A questão é que a velocidade e eficácia das soluções não depende do nosso esforço e otimização total do tempo, baseados em timings que existem só porque sim ou para parecermos produtivos.

O truque e a verdadeira diferenciação estão na colaboração, partilha, agilidade mental e emocional, ambientes de trabalho seguros, descontraídos e transparentes e potenciação das contribuições de todos segundo o mantra:

Tudo pode ser questionado e imaginado; só algumas coisas é que vão ser implementadas.

Normalmente os artigos têm uma periocidade semanal, mas como para a semana fecho para balanço ?, durante a mesma vou partilhar contigo a segunda parte deste artigo, com propostas e metodologias concretas para fazer acontecer e florescer a Interrogação Inovadora no teu dia-a-dia profissional, com as tuas Pessoas e Organização. 

Basicamente, sobre como podes ser um(a) CHIEF QUESTIONS ASKER! ?

Obrigado, Abraço e Fica Bem,

H

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