KINTSUGI Organizacional (Parte 2) + Abordagens Práticas

KINTSUGI Organizacional (Parte 2) + Abordagens Práticas

1000 667 Hugo Gonçalves

O mais importante é saber o que é mais importante

SHUNRYU SUZUKI

KINTSUGI Organizacional

Depois de ter apresentado no artigo anterior o conceito de KINTSUGI Organizacional e quais as suas dimensões-chave, é tempo agora de fazer a transferência destes conceitos e “vipes” ? para o nosso dia-a-dia, como profissionais, membros de equipas e elementos de uma organização.

Vivendo num mundo, processos, recursos, critérios de decisão que são e estão voláteis, polarizados e intermitentes, certamente que a nossa capacidade de nos reconstruirmos e inovarmos profissionalmente de forma contínua tem por base:

  • as nossas capacidades e competências atuais e intuição sobre aquela que estão na calha;
  • as devidas lições aprendidas (aqui neste ponto normalmente não damos o nosso melhor?);
  • a observação e interpretação do contexto, ecossistema que nos rodeia e do que as Pessoas e Mundo necessitam – as respetivas soluções e impactos é que representam realmente Valor.

// IDENTIFICAR O QUE FOI OU ESTÁ QUEBRADO

Mesmo antes da COVID, o ritmo frenético em que estávamos envolvidos fazia com que a velocidade e metas estivessem a levar a melhor à qualidade e evolução. Obviamente que a nível tecnológico e em termos comparados, evoluímos mais nestes últimos 30 anos do que em toda a nossa história.

Os últimos 3 anos trouxeram grandes disrupções e montanhas-russas para a liderança, desenvolvimento organizacional e formas de trabalhar. Repara que dou ênfase a alterações sinuosas, não propriamente evoluções e alterações perenes.

Embora temáticas com um melhor e eficaz uso da tecnologia, foco e valorização do equilíbrio como um fator de sucesso no trabalho e uma melhor definição de papeis, funções e responsabilidades tenham sido conquistas, existiram outras dimensões que ficaram “amassadas”.

Desde logo as conexões humanas e sociais – relembrar que a maior parte das decisões, conversas e análises em ambiente organizacional são realizadas nas máquinas de vending e café, nas áreas socias, ou lá fora enquanto apanhamos ar ou colocamos algum vício em dia ?- foram bastante quebradas.

O próprio onboarding das pessoas e a capacidade das organizações de promoverem o desenvolvimento formal e informal das suas pessoas a nível de competências técnicas, relacionais e emocionais também levou algumas porradas.

E ficaram visíveis os gaps existentes ao nível da comunicação eficaz, gestão de interesses e conflitos e a capacidade de podermos viver com a autonomia e a autogestão – muitos líderes a torcerem-se todos com isso ? e muitos membros de equipa sem saber muito bem como usar essa nova liberdade e soberania profissional, por muito que a tenham desejado. ?

Então, para podermos evoluir, é importante mapear o estado atual e, em equipa, podermos parar, apanhar o helicóptero, observar e conversar, recolher insights e conclusões importantes e definir caminhos sobre:

  • O QUE FOI QUEBRADO?
  • COMO E COM O QUÊ RECONECTAR?
  • QUE NOVO FUTURO PODE SER REDESENHADO COM ESSAS NOVAS LIGAÇÕES?

E para isso, lanço os princípios ativos do costume:

enquadrando-os também com acionáveis que podes utilizar de forma individual, em equipa e em contextos de liderança. Faço a ligação com as dimensões chave do KINTSUGI Organizacional apresentados na primeira parte do artigo – AUTENTICIDADE, ESCOLHA DELIBERADA E IMPACTO!

//  AUTENTICIDADE

Uma organização tem certas regras, procedimentos e tradições para fazer as coisas “corretamente”. Somos prós nisso. Somos super evoluídos nesse tipo de “linguagem” racional, factual e baseada em ganhos.

Mas é importante reconhecer que, na grande parte dos casos, quando falamos de cultura organizacional, é comum ver muitas organizações ainda a operar a um nível algo difuso. 

Embora a Segurança Psicológica e a Inteligência Emocional sejam agora temas mainstream, a nossa capacidade de transpor isso para o nosso dia-a-dia ainda está a um nível de rookie/júnior. ?

E tranquilo, faz parte deste processo de harmonização das Organizações!

A autenticidade tem um ponto partida óbvio, mas muitas vezes negligenciado – Nós Próprios! ?

Falo, claro, da Auto Liderança, a nossa capacidade de:

  • desenvolvermos a Consciência de Quem Somos, o que Fazemos, saber o que é verdadeiramente Importante para nós;
  • Ao mesmo tempo que temos a habilidade de Influenciar a nossas emoções, comportamentos e comunicação;
  • Para sermos “Owners” e Responsáveis, intencionalmente, da forma como pensamos, sentimos e agimos relativamente aos nossos objetivos e aspirações.

Ainda não somos muito “competentes” a mostrar, de forma honesta e tranquila, as nossas falhas e vulnerabilidades como sendo algo natural. Aqui este teu amigo está incluído nesse grupo, obviamente! ?

Mas reorganizarmo-nos para a Evolução e Agilidade implica que possamos ter a melhor abordagem perante uma honesta e autêntica abertura, curiosidade e aceitação de nós próprios tal como somos.

Assim encontramos oportunidades de melhoria, mas também novas aspirações, talentos, capacidades e ideias, que muitas vezes ficam submersas na espuma dos dias.

Com essa nova “matéria-prima”, estaremos preparados para poder dar respostas profissionais diferentes, através de produtos, serviços, formas de trabalhar e colaborar.

É um desafio, porque é imprevisível no início, mas com o tempo irás reconhecer o teu Gestalt – ou como é que o teu TODO profissional e organizacional é muito maior que a soma das partes e dimensões que consegues identificar em ti e nos outros.

Algumas abordagens que podem ser úteis para poderes navegar nesta dimensão do KINTSUGI Organizacional:

// ESCOLHA DELIBERADA

Como muitas vezes referi em muitos artigos deste blog, uma das ilusões que vivemos como profissionais, principalmente quando estamos num patamar mais operacional ou de execução, é que as escolhas são limitadas.

Esse ponto de partida leva-nos para a criação de uma crença ou mito urbano que é a de que não temos escolha.

Temos Sim! ?

Correndo o risco de poder estar a ser injusto e assumindo desde já que é fácil “falar de fora”, acredito de forma convicta que é possível, se regularmente te permitires colocar numa posição de observação “acima” de ti e do teu ecossistema profissional, conseguires tornar claras duas zonas – o teu círculo de soberania e o teu círculo de influência.

Ambos estão obviamente ligados umbilicalmente, sendo que conseguimos através das sugestões apresentadas neste artigo, reconhecer como podemos ser designerS e executantes da melhor forma de trabalharmos individualmente e em equipa – o radar de soberania.

Para a Influência, é também importante reconhecer o que esta significa em contexto profissional e organizacional.

Eu diria que a capacidade de podermos saber comunicar e entusiasmar os outros com uma visão que possa alimentar as nossas aspirações e objetivos, enquanto impacta positivamente os outros, é uma grande manifestação de poder.

Com essa “liberdade” podemos então começar a imaginar, criar, construir novos futuros e abordagens. A Criatividade nas Organizações necessita do seu próprio, espaço, tempo, foco e processos.

E também Pessoas que se possam dedicar a estas viagens na maionese. ?

Pela minha experiência, os critérios para a melhores escolhas surgem quando conseguimos focar naquilo que é realmente importante – PESSOAS, MUNDO e todas as suas dinâmicas de equilíbrio e evolução.

Esta clareza permite ver a nossa floresta, as outras florestas e como interagem. Olhando apenas para as árvores veremos apenas confusão e contradições.

Aqui estão algumas abordagens e ferramentas que poderão ser úteis para este processo:

Devido à natureza acelerada do nosso mundo moderno, esta é provavelmente a dimensão mais difícil de gerir no KINTSUGI Organizacional – o Tempo!

As nossas organizações enfrentam hoje uma elevada pressão e uma procura imediata de mudança e adaptação, o que nos deixa pouco espaço de reflexão. As pessoas na liderança demoram 2,5 minutos no máximo por cada decisão que têm de tomar.

Mas não podemos falar da beleza do KINTSUGI sem reiterar a paciência e tempo necessários para dar vida a isto tudo.

Acho que já todos percebemos que não há correções rápidas, nem atalhos que sejam sustentáveis a nível profissional e organizacional. Já não dá mesmo! ? Em alguns casos abrandar, respirar fundo, concentrarmo-nos e ficar quietos é a melhor decisão e ação.

// IMPACTO E AÇÃO

As etapas anteriores são espetaculares, mas agora é preciso fazer acontecer. Esta fruição e materialização tem mais uma vez uma componente pessoal (eu), de equipa (nós) e de interação com o que nos rodeia e que queremos impactar de forma positiva (todos).

Assim, tendo já realizado várias viagens de exploração, cabe-nos agora a viagem da implementação, tendo por base a verdadeira performance profissional.

Criar, fomentar e nutrir conversas descontraídas e regulares sobre “coisas sérias” com os clientes, colaboradores, parceiros e outras partes interessadas permite fazer acontecer!

A gestão visual e colaborativa de informação, tarefas, decisões e resultados e outcomes torna o fazer acontecer mais orgânico, mantendo o cariz prático e motivador.

Abordagens como:

são caminhos bastante interessantes para a melhor eficácia, eficiência, performance e inovação aplicada!

 // CODA

Precisamos de encontrar solo firme para nos lembrar das nossas raízes, e isso só é possível se estivermos abertos a olhar para tudo com honestidade — para ver toda a verdade sobre os profissionais e organizações.

O KINTSUGI Organizacional fornece-nos não só um desafio, mas também uma oportunidade.

O resultado deste processo não é apenas de juntar as peças partidas, mas também abraçar o processo da verdadeira transformação depois de abraçar a imperfeição.

Edgar Schein, numa palestra que conduziu na Google, partilhou que:

“Mindfulness, em relação à organização, é uma consciência da forma como a cultura dentro de nós e à nossa volta está a dominar o nosso pensamento, emoções, escolhas e respostas. Assim, a cultura é a aprendizagem acumulada que surgiu devido à interação entre as várias pessoas da organização. E essa aprendizagem, por si, é simplesmente Mindfulness”.

Porque vem de um lugar de AMOR, VERDADE, LIBERDADE! (digo eu ?)

Podemos então iniciar uma conversa sobre as partes mais profundas da nossa cultura corporativa, e isso permite que as organizações aprendam e cresçam.

É claro que é preciso ter a ousadia para aplicar o KINTSUGI Organizacional, porque se resume basicamente à tomada de decisões – para adotar ou recusar.

No entanto, a pergunta a fazer a ti mesmo é: 

“Queres ficar-te pelo já conheces ou explorar se algo ainda melhor está reservado para Ti, para Nós e para Todos?

Obrigado, Abraço e Fica Bem!

H

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