Pensamento Criativo + Pensamento Crítico = Evolução Organizacional (Parte 2 com Roadmap Prático)

Pensamento Criativo + Pensamento Crítico = Evolução Organizacional (Parte 2 com Roadmap Prático)

Pensamento Criativo + Pensamento Crítico = Evolução Organizacional (Parte 2 com Roadmap Prático)

1920 1313 Hugo Gonçalves
—  WILHELM LEIBNIZ

Pensamento Criativo e Pensamento Crítico como formas de encontrarmos um sentido de Clareza, Propósito, Caminho e Liberdade

Paris é uma cidade…intensa! 😊

É maravilhosa a nível de cultura, monumentos, jardins públicos, palácios, museus e dos seus milhares de cafés com esplanadas charmosas. Por outro lado, tem um ritmo frenético, a qualquer hora do dia e noite algo se está a passar. E nunca vi uma única rua vazia de carros ou pessoas a passar, fosse a que hora fosse.

Como prometido na primeira parte deste artigo, partilho contigo o roadmap de trabalho que eu e a equipa do cliente/projeto que me levou a Paris percorremos em conjunto. Em registo de facilitação de workshop + consultoria colaborativa. Sobre como integrar o pensamento crítico e criativo no dia-a-dia de trabalho.

As definições sobre o que é o Critical Thinking e Design Thinking foram já apresentadas no artigo anterior. E este roadmap é de alguma forma análogo à minha visão do que pode ser uma Engenharia Organizacional.

A primeira parte do workshop foi dedicada a criar um espaço seguro, transparente e descontraído. Pois acredito que as conversas organizacionais, que surgem do mergulho nas atividades e nos respetivos debriefings, são tão ou mais importantes do que as ferramentas, canvas ou metodologias que partilho e com as quais as equipas e clientes trabalham.

“Trazer ao de cima” a Pessoa, antes de a integrar num Grupo, para que então se possam trabalhar os Temas/Ferramentas é fundamental.

Estivemos em conjunto a avaliar e explorar quais os VUCAS e BANIs do negócio e das funções/roles da equipa. Para definir um ponto de partida sobre que temas poderiam ser interessantes explorar.

Sempre com foco nos pilares de Inovação Organizacional que partilhei como eles – Exequibilidade, Desejabilidade, Viabilidade Financeira e Impacto Social e Ético – que são as traves-mestras para que todos – organizações, clientes, sociedade – possam receber o melhor que a organização tem para dar.

Seguimos depois com a parte mais dedicada ao Critical Thinking. O que se pretende é que tenhamos um fio condutor de pensamento em formato multi-inteligências. Para resolução de problemas mais imediatos, e exploração de temáticas e processos de decisões para tópicos mais complexos.

Exploramos que neste momento existe muito “ruído”, ao nível da informação, dados e factos que necessitamos para podermos fazer boas análises, tomar boas decisões e implementar as melhores ações.

Isto acontece devido a inconsistências e polarizações ao nível do “overload” de dados e informação que temos neste momento. A fiabilidade desses mesmos dados e informação e os vieses que todos nós temos também causam mossa.

Reconhecemos que ainda existe grande dificuldade em definir um problema, porque “apenas” nos focamos nos sintomas. E de forma geral, ainda não temos competências e capacitação para devidamente explorar temáticas, oportunidades ou mapear um estado atual nas suas várias dimensões. 

Tudo isto bloqueia a Empatia como filosofia de exploração de oportunidades de negócio e resolução de problemas. E assim temos mais dificuldade em definir o que é Valor

Conhecemos e experimentamos as dimensões estruturais do pensamento crítico (ver imagem abaixo) e as competências humanas do Critical Thinking. Através da partilha de algumas ideias chave e com a experiência e respetivo debriefing do Marshmallow Challenge 😊, que proporcionou momentos bastante realistas, divertidos e ideias bastante relevantes para reflexão e insights.

Seguimos depois para a aplicação prática do Whole Brain Thinking, através da abordagem dos 6 Thinking Hats.

Estes seis “chapéus de pensamento” são um método usado para amplificar conversas criativas/críticas sobre temáticas mais complexas. Certificando-se de que uma ampla variedade de pontos de vista e estilos de pensamento são representados. Usando seis papéis (ou “chapéus”), a estrutura – desenvolvida pelo Dr. Edward de Bono – permite que as equipas estruturem mais facilmente o pensamento abstrato, lateral, divergente e holístico. Para obter resultados produtivos – clareza, alinhamento, decisões, ideias, planos de ação.

Cada equipa ficou responsável por um tópico e com a ajuda de um canvas 😊 (neste caso dos 6 Thinking Hats), os participantes exploraram, criaram insights, definiram prioridades e definiram ideias/possíveis ações. Após validação, chegamos à conclusão de que grande parte dessas soluções podem ser materializadas, sem grandes custos e num prazo entre duas semanas a 3 meses.

Depois exploramos uma abordagem mais especifica para resolução de problemas, baseada no processo dos 8D, onde basicamente as equipas escolheram desafios mais imediatos, individuais e de equipa – erros, reclamações cliente, etc.

Foi utilizado o referencial 5W2H para a definição de prolema. O Gather the Facts para selecionar que informação e quais as fontes necessárias para uma correta análise. 5Why’s e Ishikawa’s de processos e de serviços para definição de causas raiz. Mind Maps para representação mais visual e efetiva das abordagens anteriores.

A utilização de critérios para ações de contenção, correção, prevenção e inovação para o problema, utilizando abordagens como o SCAMPER e MoSCoW, permitiram que em poucos minutos as equipas tivessem definido um conjunto de entregáveis e acionáveis, tendo depois definido a sua prioridade através de uma matriz NOW, HOW, WOW, CIAO.

Seguiram-se as etapas associadas ao Design Thinking.

Para além da partilha de quais as fases que constituem o processo do Design Thinking e quais os pontos chave – o quê, porquê e como – apresentei também os princípios humanos do Design Thinking, no sentido de consciencializar a equipa de que a nossa humanidade, heartset, mindset e abertura para novas zonas de exploração divergentes e ambíguas são fatores cruciais, para que as ferramentas e técnicas produzam resultados.

Para isto nada melhor que o Estúpido Jogo da Vaquinha 😊.

Através de uma vivência experiencial desses princípios através desta “brincadeira” bastante séria, os colegas reconheceram que criatividade é um músculo e não um dom e nesse sentido não é a falar e refletir sobre a mesma que vamos obter resultados diferentes.

É como o exercício físico, não é a leres livros sobre como fazer abdominais que vais recolher os seus benefícios e resultados. Há que malhar. 😊

Aproveitando o brainstorming realizado anteriormente sobre quais os temas reais e impactantes para a organização e os participantes, introduzi uma ferramenta de alinhamento e contextualização.

No Mission Charter, que costumo utilizar para quase todos os projetos independentemente do tema, pretende-se fazer uma meta análise sobre que tipo de benefícios e impactos, sentido de urgência e barreiras internas e externas poderão existir relativamente ao tema e à implementação das futuras ideias e soluções. Este “teste do algodão” validou a pertinência dos temas. 

E seguimos com a exploração e sensemaking, neste caso colocando-nos no helicóptero de que tanto falo para podermos perceber o que se passa com as Pessoas e Mundo.

Neste caso, qualquer boa versão de um Trend Matrix/Canvas faz maravilhas. Pois permite fatiar aos bocadinhos o nosso ecossistema de negócios – stakeholders, público-alvo, tendências de vária ordem.  Os insights que daqui retiramos são fundamentais pois permitem encontrar prioridades de pains/gains, oportunidades, desafios e weak signals que são fundamentais para que possamos utilizar o Design Especulativo em todo o seu esplendor.

Daqui saíram muitos pontos de partida para a Empatia, onde em primeiro lugar definimos quais os utilizadores & beneficiários, equipa interna, parceiros externos e stakeholders públicos que de alguma forma podem ser beneficiários, implementadores, parceiros, influenciadores e decisores de qualquer iniciativa e ideia sobre o tema.

A partir daí, cada equipa escolheu alguns personas. Tiveram o privilégio de poder co construir o seu Empathy Map com um persona real. Alguns colegas da organização que estavam nos escritórios mostraram-se super disponíveis para poderem participar neste processo.

Nem sempre tenho a possibilidade de, nos projetos de curto prazo, poder materializar esta atividade em algo mais do que uma especulação inicial de empatia. Os resultados, impacto e insights que as equipas recolheram no terreno foram superinteressantes e alguns deles surpreendentes. Consultoria de graça, como costumo dizer. 😊

Voltamos a utilizar o nosso amigo MoSCoW (Must Have, Should Have, Could Have, Wont Have) para se poder então definir os princípios chave dos conceitos e soluções, para os quais depois foram geradas ideias, ações, possibilidades.

Com isto ficamos preparados para seguirmos para o processo de Ideação.

Utilizei o Crazy8, Best Worst Idea e as Relações Forçadas para novamente trabalhar a flexibilidade, robustez e performance os músculos criativos da equipa.

E seguimos com um processo de geração de questões, o How Might We. Onde através da análise, insights e conclusões emocionais, relacionais, lógicas e de valor que surgiram das etapas anteriores, queremos criar questões. Estas são o trigger para dar resposta às necessidades, expetativas, receios, funções e valor desejados pelos clientes e utilizadores das temáticas/problemas/oportunidades escolhidos pelas equipas.

Seguiu-se então o processo de Ideação, primeiro sempre em formato individual e depois em clustering a priorização em equipa. Partilhei algumas referências como o SCAMPER, Analogias, Relações Forçadas e o Target Ideas para que, de forma orgânica e livre, os participantes pudessem “deitar cá para fora” todas as suas contribuições (criatividade). E depois, em conjunto, avaliarem qual o melhor match entre as possibilidades criadas e importância, impacto, recursos, facilidade/dificuldade de implementação, etc. (análise crítica).

Ufa! 😊 Foi intenso, mas valeu mesmo a pena, para todos os envolvidos!

O Design Thinking e o Pensamento Crítico desempenham um papel vital na formação e evolução responsiva da cultura das organizações e equipas.

Uma cultura inovadora pode ser alimentada através da adoção destes princípios. Pois para ambas as abordagens (relembrar que são faces da mesma moeda e que nesse sentido possuem a mesma essência e propósito) o objetivo é promover a colaboração e a abertura de espírito, permitindo que as equipas abordem os problemas e exploração de oportunidades a partir de várias perspetivas

Isso também incentiva um comportamento de aprendizagem, adaptação e capacitação contínuas. Pois os indivíduos são instados a desafiar os seus preconceitos e hábitos, e a serem mais adaptáveis.

Este workshop funcionou muito bem porque, na organização e equipa em causa, existem alguns princípios basilares de segurança emocional, de abertura e franqueza objetiva, de diálogo e conversas, de experiência e competência. Certamente foram potenciados pelas ferramentas e atividades em equipa e pelo roadmap percorrido, mas já existiam de alguma forma como ADN cultural.

Já trabalhei com organizações e grupos mais desafiantes, com um maior pragmatismo e energia mais sisuda 😊 na sua cultural organizacional. Mas até nesses casos, estes ambientes seguros e descontraídos e formas colaborativas de trabalhar fazem milagres. É este o poder da facilitação e da consultoria colaborativa.

E diria que já são poucas as organizações que ainda não se deixam tocar e sensibilizar por estas abordagens, mas prontos, são escolhas. 😊


Este roadmap foi a minha escolha para aquele momento, para aquela equipa, para aquele contexto, levando em conta o briefing feito com os líderes desta organização e o tempo disponível.

Só à 5ª iteração é que lá cheguei 😊, e para cada temática e respetivas fases existem outras dezenas de ferramentas. Que também poderiam fazer sentido e trazer bons outputs e outcomes.

Confesso também que existiram atividades que estavam previstas que não utilizei e atividades não previstas que, entretanto, introduzi “na hora”, pois o caminho, partilhas, necessidade do grupo assim o estavam a pedir.

 

Continuo a achar que o futuro é ancestral, ou seja, as bases, pilares, filosofias humanistas podem e devem ser o baluarte da forma como a tecnologia poderá moldar o nosso futuro.

E que todos nós temos um potencial razoavelmente ilimitado. 😊

E que as organizações e o trabalho são um palco de desenvolvimento pessoal, como um retiro, uma prática de yoga, uma corrida, ler um bom livro, ir a um concerto, ter daquelas conversas mesmo fixes com amig@s (de cair da cadeira de riso ou tão profundas que choramos desalmadamente), jantar fora, meditar ou viajar.

A adoção orgânica, formal e multinível do pensamento criativo e crítico nas organizações são uma forma de trazer estes princípios humanistas, colaborativos e com a perspetiva de lucro com propósito para o nosso dia-a-dia profissional.

Vejo as abordagens do pensamento criativo e do pensamento crítico como formas de encontrarmos um sentido de clareza, propósito, caminho e liberdade

Falo em Liberdade porque muitas vezes, no nosso mundo interno, sentimo-nos presos. Quando o nosso contexto exterior até nos permite fazer as escolhas e opções que pensamos (ênfase no pensamos) não ter.

Em outros casos, o nosso mundo interior é feito de sonhos, aspirações, vontade e motivação para ser, fazer e criar algo melhor ou diferente. Mas o mundo externo e contexto são esmagadores nas suas restrições.

Considero que a simultaneidade da abordagem criativa e crítica nos nossos papéis pessoais e profissionais poderá trazer a verdade sobre o nosso potencial, recursos e competências internos e assim melhor podermos imaginar e agir em influenciar, alterar ou eventualmente aceitar e tirar o melhor partido das pessoas e contexto que nos rodeiam.

Coração, Mente e Corpo, quando alinhados e sincronizados, são uma equipa invencível! 😊

Obrigado, Abraço e Fica Bem,

H


P.S. What if all works out?

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