Prioridades, Coopetição, Supremacia (Parte 2)

Prioridades, Coopetição, Supremacia (Parte 2)

1920 1280 Hugo Gonçalves
—  WILLIAM SHAKESPEARE

NENHUM DE NÓS SABE MAIS DO QUE TODOS NÓS

Os dias correm agitados para quem como eu admira e dá o melhor para materializar o Slow – Living, Working, Being. Profissionalmente, isto tem sido um virote, como diz uma amiga minha. 😊

Ontem estive a trabalhar com uma equipa de R&D de uma multinacional da indústria automotive para trabalharmos em conjunto e de forma prática a forma como o Design Thinking potencia a disrupção, empatia, identificação de pains&gains e valor.

Competências que uma empresa altamente tecnológica e uma powerhose de engenharia necessita de continuar a desenvolver, pois devido ao próprio VUCA e BANI, é importante revigorar uma maior agilidade e robustez no seu Sensemanking de Inovação.


Uns dias antes, estive a facilitar um workshop sobre Comunicação e Teamwork para uma equipa de 60 pessoas das áreas de Sales & MKT do maior produtor mundial de vinhos do Porto de qualidade superior e um dos principais produtores de vinho portugueses. E que desde há 5 gerações combina a paixão pelos vinhos e enologia com o seu compromisso com as pessoas, terras e locais onde está estabelecida, e que também deixa a sua marca no turismo e outras áreas de negócio.


Temas diferentes, negócios ainda mais diferentes, mas muitos pontos em comum, relativamente a estas temáticas do desenvolvimento de Pessoas e Organizações.

Tendo partilhado contigo na primeira parte deste artigo quais os pontos chave associados às Prioridades e Coopetição no âmbito organizacional, se calhar posso usar as experiências e outputs destes projetos e de outras ocorrências profissionais, como sendo a prova viva do impacto desta forma mais empoderada, inclusiva e evolutiva de podermos liderar, colaborar, trabalhar e desenvolver as nossas Pessoas, processos, produtos e serviços.


Trabalhar e Colaborar segundo a visão que partilho contigo do melhor sincronismo entre as Prioridades e a Coopetição pode ser considerado um exercício de Amor, Verdade e Liberdade Organizacionais:

AMOR – para que possamos PARAR, PENSAR, REFLETIR, IMAGINAR, ACREDITAR que o NOVO e diferente é possível – Evolução das Pessoas;

VERDADE – porque para isso temos de trazer ao de cima (explorar) e calibrar (através do feedback que recebemos) aquilo que manifestamos e as nossas habilidades criativas, técnicas, emocionais e relacionais. E colocar isso ao serviço da Evolução e Mudança – Inovação e Evolução da Organização;

LIBERDADE – para que as pessoas possam pisar este palco de forma segura transparente, descontraída e focada – Cultura e Formas de Trabalhar.

Esta dimensão parece ter muito a ver com business, mas tem tanto ou mais a ver com Curiosidade, Empatia e Propósito.

Tenho a ideia da estratégia como sendo um conjunto de propósitos sobre impactos, caminhos e escolhas. Sobre o que fazer e porquê.

Mas a estratégia é também dar indicações claras sobre o como isso acontece através das ações, atividades, processos e projetos. E sobre como se pode criar o melhor puzzle de Pessoas 😊 para isso acontecer (puzzle = competências, experiência, motivação).

É algo raro existir este ponto de transição. Que pode ser criado através de um desdobramento estratégico como o Hoshin Kanri, Strategy Tools ou objetivos SMART. E quando isto não existe, surge o vazio.

Com este vazio confundimos o urgente (pânico, apagar fogos) como o que realmente é importante. As prioridades tornam-se decisões locais que estatisticamente raramente batem certo a nível de alinhamento global. 


As prioridades alimentam-se de um sentido de urgência. Ou seja, captar os vários sinais das Pessoas e Mundo. Reconhecer os pains&gains e definir de forma iterativa e regular o nosso Start, Stop Continue profissional e organizacional.

O contexto é o patinho feio das organizações, pois existe a perceção que os processos, os fluxos, os métodos são à prova de pessoas. Da realidade, de todo o “texas” que nos rodeia dentro e fora da empresa e da mudança. Não são. 😊 


Prioridades são também resultado da forma como manifestamos a nossa (Auto)Liderança e a Comunicação.

Tem a ver com a capacidade que eu tenho de reconhecer como funciono, forças e limitações, como sinto as coisas, quais os meus drivers de motivação.

Como, através de um mundo interior mais alinhado, pacífico e genuíno, estou mais alinhado pacífico e genuíno com os Outros. E assim aberto a conhecer a história que está por detrás das suas emoções, mindsets e comportamentos.

E com isso, adapto a minha comunicação e a forma como exerço a Influência profissional (muito mais saudável, verdadeira e efetiva do que o poder).

Com isso, posso ser melhor líder, manager ou especialista, pois navego de forma orgânica e eficaz nas dimensões associadas ao sistema constituído pela combinação de cada equipa, processo, trabalho, momento, contexto, prioridade, desafio e oportunidade


Nestes dois projetos, os respetivos líderes e partes interessadas reconheceram a importância das temáticas que escolheram trabalhar, pois estas são variáveis e dimensões impactantes nas suas estratégias claras e bem definidas. Isso permitiu tornar evidentes quais os sentidos de urgências, através da interpretação do ecossistema de negócio e da auscultação dos colaboradores.

E assim, os temas tornaram-se prioritários para serem explorados, trabalhados e aprofundados. E com estes pressupostos, a participação, abertura, envolvimento e contribuições só poderiam ser ricas, verdadeiras, imaginativas e diversas, como acabou por acontecer.

Esta requer que possas reconhecer, avaliar, tomar decisões e agir sobre 3 dimensões – ME (Eu), WE (Nós), US (Todos).

Acredito que o trabalho colaborativo permite obter o melhor de dois mundos. Uma performance global ao mesmo tempo que também é possível otimizar uma produtividade mais local/individual. 


A questão aqui é o ponto de partida. Normalmente definimos em primeiro lugar as nossas prioridades mais individuais ou até de equipa, mas não levamos em consideração pequenos detalhes que implodem esta abordagem:

  • A tua produtividade individual está cada vez mais correlacionada e influenciada pelos outros;
  • A tua produtividade individual é muito influenciável pelos nossos próprios hábitos, vieses e rotinas, que podem não estar sincronizadas com o que realmente deve ser feito e como pode ser feito de uma forma mais eficaz;
  • Cada vez mais as organizações são projetos e cada vez mais as equipas são organizações. Ou seja, a performance apenas baseada em processos limita a performance baseada na inteligência coletiva que todas as organizações possuem, mas que infelizmente não utilizam na sua totalidade.

A Coopetição é sobre como conseguimos colocar em cima da mesa todas as perspectivas que poderão levar uma organização a criar e entregar os melhores impactos e soluções para os pains&gains dos seus clientes, utilizadores e partes interessadas.

Implica que todas as contribuições individuais possam ser expressas e manifestadas e que depois, em equipa, através de “estruturas” como a facilitação, canvas, Liberating Structures e afins, conversas, insights, conclusões, prioridades e ideias possam ser exploradas e definidas em conjunto.

Isto só acontece com um misto de transparência, segurança e descontração. Para que emocionalmente, mentalmente e fisiologicamente possamos estar predispostos a navegar nos paradoxos, instabilidades, incertezas e complexidades que imaginar o menos óbvio implicam.


Nos projetos onde estive a trabalhar, a Coopetição e como a podemos potenciar foi objeto de trabalho das equipas. Exploramos em conjunto e de forma orgânica e focada como é que as Emoções, Mindsets e Comportamentos são a base do trabalho colaborativo, principalmente entre áreas funcionais onde podem existir focos, objetivos, culturas, prioridades diferentes.

Mergulhamos na exploração de quais são as qualidades de motivação que impactam o trabalho em equipa, a inovação, a criatividade e como podemos caminhar de encontro à empatia, colaboração e performance. As diferentes equipas tiveram a oportunidade de receber e experienciar um conjunto de ferramentas, canvas, métodos e critérios de decisão relativos às temáticas comuns e especificas associadas aos respetivos propósitos de trabalho.

As organizações possuem um capital interessantíssimo e infelizmente ainda escondido.

Os colaboradores podem ser os melhores consultores colaborativos da sua própria organização, com as condições e abordagens adequados, a maioria deles associadas aos tópicos anteriores.

Desenhar um futuro organizacional é um exercício de soberania, de manifestação, de liberdade e reconhecimento das competências, habilidades, experiência e aspirações das pessoas. 


Também nestes projetos as equipas tiveram a oportunidade de imaginar possíveis futuros, tendo em conta a exploração realizadas nas etapas anteriores.

Para esses futuros, definimos pilares. Como, por exemplo, os princípios e valores que nos guiam como equipa e organização. E os quais os comportamentos e mindsets que potenciam a segurança emocional e psicológica, a empatia e o pertencer, a comunicação, colaboração e feedback


Dei o meu melhor para que a Empatia fosse explorada e integrada como filosofia de transformação de negócio e desenvolvimento organizacional.

A Regra de Ouro diz “Tratar os Outros como Eu gostaria de ser tratado.” A Regra de Ouro pode ser na realidade um problema decisivo nas lideranças e culturas organizacionais. Quando estamos a interagir com os outros da forma que achamos que funciona connosco, estamos logo desde aí a retirar o foco no outro e a colocá-lo em nós. É contraproducente.

Considero que estes novos futuros podem e devem ser sustentados pela Regra de Platina:

“Faz aos Outros o que Eles querem e precisam que lhes seja feito para melhor poderem contribuir”.

Sendo eu um rapaz meio rebelde com as regras 😊, considero que esta é mesmo de valor! 


Nesses dois projetos e após o percurso realizado nas etapas anteriores, as equipas tiveram a oportunidade de “verter” (deitar cá para fora) todas as ideias, soluções, possibilidades, sonhos, que consideraram relevantes para as respetivas temáticas e para se atingirem resultados ainda melhores.

A capacidade de inovar, de ter ideias e identificar formas diferentes e melhores, para qualquer contexto, é inata em cada um de nós. Apenas precisa de alguma estrutura e contexto.


Normalmente as ideias aparecem sob a forma de processos de intenção, ideias genéricas. 

A questão é que a verdadeira criatividade e ideação deve ter como resultado algum entregável (produto, serviço, ficheiro, processo, artefacto, ferramenta, informação, sequência de atividades) e/ou acionável (evento, comportamento cerimónia).

Entregáveis e Acionáveis são coisas que podem ser utilizadas e ações que possam ser materializadas. São ideias que evoluem para soluções e impactos. 

Acho que a supremacia, como foi definida na primeira parte deste artigo, é já uma abordagem organizacional “mofa” e muito, muito, muito old school. 😊

Porque é limitativa na expressão e utilização da inteligência coletiva. Pode ser paternalista no que à perceção do potencial das pessoas diz respeito. E pode dar alguns argumentos para uma desresponsabilização mútua entre as lideranças e as suas equipas/colaboradores e vice-versa.


Mesmo estando as coisas mais complexas, incertas e não-lineares, ainda assim é possível identificarmos o que realmente é importante. Ainda confundimos estímulos, tendências, supostas manifestações de sucesso e urgências com propósito, valor, eficácia, eficiência, impacto e soluções.


As Prioridades definem os faróis e a nossa estrela do Norte, as nossas referências e critérios.

A Coopetição promove espaços de transparência, de conversas (às vezes difíceis, mas necessárias). É um ponto de partida que é o alinhamento e uma visão do sistema comuns. 

Isso permite manifestar um registo híbrido em que tenho todas as condições para me ajudar a mim própri@ e sincronizar isso com a melhor contribuição que posso dar aos outros.


É importante, para as Prioridades e Coopetição, que se possa olhar mais para e pelas janelas. E se necessário, criar ainda mais janelas. E deixar de estar tão focado nas portas.

As janelas (aquelas mesmo boas e amplas) 😊 trazem perspetivas, amplitude, verdade, realidade, informação, diversidade.

Captando tudo isso, talvez seja mais fácil decidir quais as portas onde faz sentido entrar, aquelas que devem continuar abertas e quais aquelas que provavelmente é melhor fechar. 😊 


Então, quem sabe todos estes vipes e devaneios que estou a partilhar contigo não sejam apenas sobre performance, resultados, negócio, eficácia e eficiência.

Talvez sejam também sobre Evoluir e Aprender. Comigo e em mim. Com e através dos Outros.


Obrigado, Fica Bem e Abraço,

H

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