Prioridades, Coopetição, Supremacia

Prioridades, Coopetição, Supremacia

1200 630 Hugo Gonçalves
—  NELSON MANDELA

O mais Importante é Saber o que é mais Importante

Tendo tomado a decisão de muito raramente ver televisão em casa – tenho lá o dispositivo, mas desconectado de assinaturas de cabo ou TDT, obviamente que, quando tenho projetos fora do Porto que implicam ficar em hotéis, perco-me e tento colocar em dia tudo o que me passa ao lado. 😊

Isso acontece exclusivamente nos filmes, e assim, de forma orgânica, já desenvolvi alguma agilidade para fazer zapping e “ir vendo” (vida no gerúndio 😊) 2 ou 3 filmes ao mesmo tempo. 


Ora na semana passada, estando eu a facilitar um dos módulos do programa avançado de Liderança Evolutiva 720º que a KNOWMAD VENTURES está a implementar num cliente da área de venda a retalho de mobiliário, decoração e acessórios para o lar, lá aconteceu mais uma soirée. 😊

O filme que inicialmente mais acompanhei e que a certa altura derrotou o zapping foi o The Bourne Supremacy, onde o nosso amigo Jason Bourne continua a tentar, sem grandes resultados, diga-se 😊, que o deixem em paz. 


Para além do filme, e por sincronismo com as temáticas que ando a trabalhar nos últimos tempos nos projetos – definição de prioridades para líderes e managers, gestão de conflitos, inovação e trabalho colaborativo, design thinking para redefinição de formas de trabalhar internamente e entregar valor aos clientes, utilizadores e Pessoas e Mundo, foi a palavra Supremacia que captou a minha atenção.


Tendo em conta a minha abordagem profissional baseada na:


e como já referi num artigo anterior, considero que os jogos e abordagens de soma zero são contraproducentes para os profissionais e organizações, em diversas dimensões – rentabilidade, desenvolvimento das pessoas, comunicação interna, clima organizacional, e performance e produtividade individual e colaborativa.

E a busca pela supremacia organizacional – ser o maior, fazer mais, alcançar mais isto ou aquilo – acaba levar a um conjunto de decisões, hábitos, formas de comunicar e interagir que, bem, já não fazem sentido. 

Ora vejamos:

supremacia


Obviamente é importante que todos – profissionais e organizações – tenham bem definidos quais os resultados a atingir e qual a melhor forma de os alcançar.

O que também me faz sentido e vejo menos vezes a acontecer é definir, com uma perspectiva mais humanista e holística, o porquê que fazemos essas escolhas e como implementamos e materializamos esse porquê, o quê, como e para quem.


Materializar isto no dia-a-dia organizacional é tramado. Porque, em muitas situações, a energia que as move (e que na realidade causa entropia) é de “supremacia”. E nem tanto de colaboração.

Eu acredito mais na Coopetição. E esta requer que possas reconhecer, avaliar, tomar decisões e agir sobre 3 dimensões – ME (Eu), WE (Nós), US (Todos).

E para podermos prosperar na Coopetição a nível profissional e organizacional, existem 3 fatores que são seminais:

  • Saber quais as verdadeiras Prioridades;
  • Sincronizar/negociar as mesmas através da Gestão de Concorrências (Comunicação e Divergências);
  • Saber o que proteger/manter e onde flexibilizar e adaptar – Agilidade.

Na maior parte dos casos, não sabemos. 😊

Na questão das prioridades, existem muitas variáveis que poderão levar a esta miopia profissional e organizacional. As prioridades não são um estágio que se materializa por si só. São consequência de termos definido, comunicado e tornado claros um conjunto de critérios e concretizações do que é suposto acontecer.


Comecemos pelo Valor. Quando estou a facilitar e trabalhar a temática da Produtividade Pessoal e Profissional, partilho uma estratégia ou sistema, em que os 2 primeiros passos estão relacionados com o propósito (como acrescento valor) e definição dos objetivos – entregáveis, transformações, acionáveis – ou sejam os resultados e impactos que desejo atingir.

Isso implica que 1) se possa fazer um ótimo desdobramento entre objetivos, KPIs e OKRs estratégicos para as áreas de negócio locais e 2) que tu possas ter bem claras quais são as tuas responsabilidades, descritivo de funções e o que é suposto entregares e a quem.

E também estares muito consciente de qual é o teu Pareto 80/20 de performance – os 20% de tarefas, atividades, entregáveis e outputs que irão dar origem a 80% dos resultados pelos quais és responsável (valor) e pelos quais vais ser avaliado a nível de objetivos, processo e desenvolvimento (performance).


Esta análise e consciência dá-te acesso a critérios.

Permite ter bem claro o que realmente é importante, o que é que tem de ser mesmo realizado e o que eventualmente pode ser flexibilizado. Tens acesso a uma perspetiva dos impactos que poderão surgir tendo em conta as decisões que tomares. 

E irás conseguir algo muito importante – decidir baseado no valor e não baseado na tarefa. Isto é importante porque a tarefa está mais “sensível” a critérios menos positivos de prioridades como “se gostas mais ou menos da tarefa”, do teu grau de procrastinação, das urgências/foco apenas na execução em formato busyness e não nos impactos, valor, entregáveis que é importante fazer chegar aos nossos clientes internos e externos. 


Tendo feito um bom trabalho na etapa anterior, estás agora em condições de rapidamente, em momentos planeados ou em resposta a alterações significativas e frequentes no contexto, prioridades ou caminhos, poderes tomar as melhores decisões e melhor ainda, as poderes proteger e fazer acontecer. 

Consegues também mais facilmente tornar claros quais são os processos de responsabilidades associados a essas prioridades e planeamento e enquadrar essas decisões com o correto nível de delegação, autonomia, orientação e colaboração.

Ou seja, consegue-se ter clara a resposta às seguintes questões:

  • Quem é responsável por decidir?
  • Quem são as pessoas/funções mais qualificadas para executar?

 

Irás passar menos tempo a interagir com os colegas da tua área funcional especifica e a fazer trabalho mais especializado nessa mesma área.

Cada vez mais irás pertencer e trabalhar em equipas multidisciplinares, seja em formato projeto, holocracia ou afins.

Isso implica que irão existir choques entre as tuas prioridades profissionais individuais, equipa, área funcional, com outras áreas e departamentos e no âmbito de projetos. Isto irá ser potenciado pela bruma que as perspetivas, vieses e hábitos trazem.


E é nesse sentido que a clareza de qual é o teu PIN 😊 – Posições, Interesses e Necessidades – e a tua capacidade de as poderes comunicar aos Outros e as receber dos Outros, permite encontrar o que se chama Performance Colaborativa – um conjunto de prioridades comuns consensuais que permite depois uma maior liberdade e confiança individual na execução, gestão e follow-up do trabalho. 

Para obter os melhores resultados deste processo, temos de abandonar completamente o objetivo de levar as pessoas a fazer o que queremos, já dizia Marshal Rosenberg, o criador da abordagem da Comunicação Não Violenta.


Quando, na tentativa de maximizar a nossa produtividade e prioridades, nos envolvemos em batalhas ou vamos pela questão da supremacia, tentando “ganhar”, ficamos com uma visão de túnel e permanecemos no nível posicional Isto, por sua vez, cria situações em que começamos a desumanizar o outro lado, “alterando-o” essencialmente, para que seja mais fácil argumentar e evitar ter em conta o que o outro lado quer. Quanto mais escassos forem os recursos, foco e maturidade organizacionais, mais este comportamento se potencia.

Ao nível dos interesses e das necessidades, existe um maior potencial para uma sincronização/consenso de prioridades mais bem-sucedida; é aí que se pode chegar ao cerne das prioridades concorrentes e ao motivo pelo qual alguém quer o que quer.

O exemplo clássico desta situação é a história de um padeiro e de um cozinheiro que estavam a discutir por causa de uma laranja:


À medida que os profissionais analisam os interesses e as necessidades de cada um, começam a ver uma sobreposição entre os seus interesses e as necessidades. É aí que está escondida a performance!

Se cada profissional, equipa de especialista e de projetos conhecerem os seus respetivos PINs (e os dos outros), acho que mais facilmente se definem as prioridades adequadas, realistas e exequíveis, com tudo o que isso te pode trazer para ti e para a tua organização.

Porque no limite, prioridades são conflitos. E conflitos são necessidades simultâneas e concorrentes. Sobre:

  • O que precisa de ser feito?
  • Como precisa de ser feito?
  • Quem precisa de fazer?


Quando se isto se torna pessoal e não profissional, já não é um conflito ou divergência. É um confronto. E nestes, existe sempre pelo menos uma das partes que perde.

Nos dias de hoje, não nos podemos dar a esse luxo em contexto organizacional, certo? 😉

Então que tal conseguirmos colocar o princípio dos 101% em prática:“Encontrar o 1% em que estão de acordo e dediquem-lhe 100% do vosso esforço.”

Com isto… mais facilmente se descreve o propósito, objetivos e necessidades de entregáveis e outputs. Partilhamos o que temos previsto fazer e quais serão, na nossa visão, as melhores propriedades e sequenciação de tarefas.

Melhor explicamos os impactos que poderão ocorrer com esta abordagem e os impactos que poderão existir aquando de alterações. Protege-se da melhor forma o que é importante e crítico – dizer não, negociar, propor alternativas.

Tudo isto é comunicação, que pode e deve ser desenhada, partilhada, gerida e atualizada. Comunico as prioridades à minha equipa e a todas as partes interessadas internas, salientando como podem contribuir. Estabeleço um sistema de informação simplificado, visual e ágil para execução e gestão destas prioridades. Organizo regularmente uma revisão das atividades para prosseguir, adaptar ou interromper as atividades com base em valor, contexto e impacto para clientes. 

Isto implica falar menos e conversar mais. 😊

Com Feedback e Feedfoward.

De um ponto de vista corporativo e de negócio, as reflexões e visões que partilhei nas linhas anteriores podem permitir tomar decisões de forma mais eficaz e eventualmente rápida, sermos mais firmes e pragmáticos na sua execução, tornar claras as regres do jogo para todos e fazer acontecer o melhor cenário possível no contexto de cada profissional, equipa e organização

O ritmo anda louco, todos nós estamos ocupados, stressados e eventualmente esmagados pelas solicitações, energia de crescimento de negócios e objetivos, mas também pelas ineficiências, pela falta de comunicação e de alinhamento.

Nesta era de abundância, percecionamos (e em muitos casos assim ocorre) os recursos da organização como sendo limitados. Por isso mesmo é que são importantes os critérios, para podermos escolher as nossas batalhas, dissolver a complexidade e abdicar das abordagens paliativas do desenrasca e urgência.

Para isso é necessária uma visão – para esta me poder orientar e para que seja mais fácil de a comunicar aos outros. 


Again 😊- ME (Eu), WE (Nós), US (Todos).


Na segunda parte do artigo irei dar o meu melhor para partilhar ferramentas, metodologias, abordagens concretas que permitem materializar no teu contexto profissional, processos e organização, as ideias e possibilidades que acabas de ler.


Obrigado, Abraço e Fica Bem,

H

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