Os 6 Paradoxos Profissionais (sejas Líder ou não)

Os 6 Paradoxos Profissionais (sejas Líder ou não)

Os 6 Paradoxos Profissionais (sejas Líder ou não)

710 501 Hugo Gonçalves

OS 6 PARADOXOS PROFISSIONAIS

São as coisas que não conhecemos que irão mudar a nossa vida

Wolf Vostell

Sou um fã dos Paradoxos. Embora sejam fontes de grandes dúvidas, questões e muitas vezes mal-amados.

Considero que os paradoxos sempre foram um ótimo ponto de partida para a consciência e abertura de perspetivas. E nesta fase das nossas vidas pessoais e profissionais, é uma ótima fonte de Transformação. 

Partilho contigo alguns paradoxos que tenho vivido e assistido no último ano. É uma mistura de paradoxos pessoais e profissionais – meus e de amigos, colegas e clientes:

  • Por Amor aos que nos são próximos, temos mantido a distância;
  • Profissionais que almejavam mais Autonomia e Liberdade, não sabem o que fazer com estas e perderam todas as suas referências de hábitos, produtividade e rotinas;
  • Os malucos que eram os freelancers, que viviam de uma forma instável e vagueando profissionalmente são aqueles que estão a passar por isto de uma forma menos disruptiva;
  • As empresas todas “Agile”, “Silicon Valley” style, desejam que as suas pessoas sejam mais maduras emocionalmente. As as grandes corporações e organizações de negócios mais convencionais anseiam por uma maior paixão profissional e “irracionalidade” das suas pessoas;
  • A delegação está a ser a maior bênção / complicação para os líderes;
  • A autonomia está a ser a maior bênção / complicação para os managers, gestão intermedia e operacionais;
  • Todos queremos viver em maior Amor e Verdade Connosco e com os Outros. Isso implica a Manifestação do Melhor e do “menos” bom até lá chegarmos.

E como eu desconfiava e já ando a pregar há alguns anos, a melhor resposta a todas estas dicotomias é o Caminho do Meio.

A construção do que é uma Organização e tudo o que existe lá dentro e fora dela terá que ser sempre uma construção temporária

As dinâmicas irão pedir um Auftragstaktik – pessoas, perfis, competências, paixões, formas de pensar diferentes que se sincronizam, com autonomia, dando resposta à Impermanência, ao VUCA e BANI e aos Catch22 da vida. ?

Os paradoxos racionalmente causam incómodo pela sua ambiguidade. E isso causa em nós um desconforto emocional relativamente ao que (aparentemente) nos mantém seguros como o conhecimento, experiência, crenças e hábitos.

No gráfico seguinte, estão alguns desafios que poderás estar a enfrentar na tua função, organização ou negócio. Não vou entrar em detalhe sobre eles, mas repara no que está envolvido. Adaptares-te a tudo isto ao mesmo tempo não é fácil. Indivíduos, Organizações, Governance e Sociedade andam ariscos. ?

Daí os paradoxos serem fixes. ?

Os paradoxos são riquíssimos porque nos permitem viver num heartset e mindset para aceitar, agir e para tirar o melhor partido possível de dois contextos ou ideias opostas.

Assim sendo, estatisticamente, a possibilidade de ganhos e evolução é exponencialmente maior.

Os paradoxos que apresento em seguida, imaginados e desenvolvidos por Blair Sheppard em vários artigos e no seu livro Ten Years to Midnight, não são blocos isolados, são um sistema, ou melhor um Ecossistema.

ÉS UM(A) “LOCAL-GLOBAL”

As organizações globais implicam navegar em culturas e geografias diferentes, onde a mesma proposta de valor tem que ser “agarrada” pelos colaboradores e clientes locais de forma diferenciada.

Mas o mundo agora está fraturado, polarizado, e não é só o mundo, já vi grandes tensões e visões extremas em equipas de um mesmo departamento ou multidisciplinares, num meeting de ZOOM ou num workshop de estratégia ou design thinking realizado no MIRO. ?

Então o paradoxo aqui é como é que podemos em múltiplas dimensões – na rua, local, regional, nacional e global – encontrar o puzzle adequado (e que será sempre sujeito a desmontagem e reconstrução). Para isso pode fazer sentido seres algo agnóstico sobre as tuas próprias crenças e referências e iniciares (ou continuares) a ser um estudante voraz do Mundo. ?

A Liderança Evolutiva 720º pode ser aqui um bom trilho para esta caminhada, pois permite-te desenhar, juntamente com a tuas Pessoas e a tua Organização e arredores, qual o melhor compromisso entre a integridade e o sucesso e resultados que desejas.

Por isso estabelecer uma conectividade local e global simultânea (e não estou a falar da internet das coisas ou de WiFi) é fundamental.


ÉS @ POLÍTIC@ INCORRUPTÍVEL

Sendo as dinâmicas do mundo das organizações e negócios bastante agitados e tendo em conta as impermanências – nos estados de espírito das pessoas, da tecnologia, do foco, etc. – isso significa que as soluções estão muito mais dependentes da grande tribo do que propriamente de um conjunto de iluminados. 

E essa grande tribo é constituída por uma cauda longa de pequenas e micro tribos, todas estas com aspirações e pontos de vista legítimos

Então, como líder e profissional político incorruptível, o teu trabalho será de recolher apoio, negociar, criar coligações, escutar e influenciar.

Mas não deixes que o teu desejo de querer preencher as necessidades dos outros retire foco e energia para refletires sobre o que é importante e necessário para ti. A corrupção aqui tem a ver com não te respeitares a ti mesmo e que esse respeito pelos teus valores possa ser uma base de win-win para os outros.

E sê realista, pois a produtividade, cultura organizacional e afins são basicamente o mínimo consenso comum que as pessoas encontram dentro de um espaço comum que é o trabalho e a empresa. Aponta para esse consenso real, não para a fantasia da unanimidade.

ÉS @ HERÓI(NA) HUMILDE

Algo engraçado, mas verdadeiro que está a acontecer comigo e contigo é o seguinte – como o mundo anda mesmo em modo máquina de lavar em modo de centrifugação, provavelmente algumas decisões (ou se calhar muitas) decisões que eu e tu estamos a tomar devem estar erradas ou não muito robustas. ?

Se aceitar isto emocionalmente já é dose, assumir os resultados das ações subsequentes é dose extra. Mexe muito connosco emocionalmente quer pela perceção interna quer pelo cuidado e receio que temos sobre como isso pode impactar os outros

A Solução? Decidir e agir sem certezas às vezes e ter a humildade interior e exterior para reconhecer as nossas limitações. E admitir o que, entretanto, se manifestou como errado. Gerar lições aprendidas e redesenhar novas abordagens com equipas multidisciplinares em competências e hierarquias. 

O paradoxo é que a tendência é pensar que estes tempos pedem heróis, eu por acaso acho que pedem o tal Caminho do Meio. Acreditar em nós, mas escutar os outros. Imaginar um cenário, mas avaliar se aquilo que vemos e desejamos consegue ser executado e implementado da melhor forma pelos outros. 

Sermos espertos, ariscos a decidir e agir ao mesmo tempo que somos ponderados e tranquilos – viver em Full Spectum como líderes e profissionais.

ÉS @ IMPLEMENTADOR(A) ESTRATÉGIC@

As dimensões que apresentei no “boneco” anterior do modelo ADAPT implica que tenhas que lidar com megatendências, superclusters, etc. Tudo em grande e à bruta. ?

Por isso a tendência é agir, é querer fazer algo, apagar este fogo de urgência. Para rapidamente retomarmos alguma perceção de estabilidade. 

Por outro lado, estarmos curiosos com o mundo, com os weak signals, manter vivo o Voice of Cutomer e Vox-Pop é fundamental para adquirimos o que se chamam insights ou Sensemaking.

O paradoxo é que usualmente como líderes e profissionais temos uma inclinação para sermos estrategas ou soldados. Pensar OU Executar

E a malta que anda no meio destes dois pontos normalmente eram quase indigentes profissionais. ?

Compreendiam os estrategas e os implementadores. Olhavam as coisas da perspetiva do helicóptero, não apenas do sol ou do chão. E por isso parecia que não tinham um lugar próprio, que não faziam escolhas. 

São esses que nos vão salvar! ?

Pois não são nem inovadores e estrategas, nem gestores de projetos e operacionais. São os Agentes de Mudança.

ÉS @ GEEK HUMANISTA

Eu, na minha formação como engenheiro, nunca tive cadeiras de escuta ativa, questões abertas, inteligência emocional, Coaching, para estabelecer relações win-win com outros e compreender o que realmente eles estão a viver e necessitam – Empatia e Pains&Gains.

Por outro lado, imagino que alguém com formação em sociologia, psicologia, economia e afins também não domina código, internet of things, hardware e software, computação quântica e outras cenas do género.

Como está provado pela regular transformação de barões tecnológicos em filantropos (Gates, Bezos e outros) muitos dos  que são os drivers dos avanços tecnológicos não tem noção do impacto que isso tem nas Pessoas

O contrário também é verdade. As pessoas também não apanharam o jeito de escolher quais as melhores formas das tecnologias serem utilizadas e como a sua utilização pode estar a existir por excesso ou defeito. 

ÉS @ INOVADOR CONVENCIONAL 

A inovação é não negociável, dizem. 

Eu concordo, mas apenas quase a 100%. Como profissionais e líderes criamos uma energia de transformação através da introdução formal de momentos de Design de Impactos – para se desenharem os melhores Produtos, Serviços, Formas de Trabalhar e Interagir, que irão levar a tuas Pessoas e Organização novas oportunidades de exploração e evolução.

Para além de aproveitarmos para rentabilizar no presente o que foi desenhado e criado no passado, é também importante estarmos preparados para experimentar, imaginar coisas novas, sem a pressão de que elas ter de funcionar. Como costumo dizer, tudo pode ser imaginado, só algumas coisas vão ser implementadas. 

A tentação de continuarmos a fazer aquilo em que somos bons não deve ser mais forte do que a procura constante do que nos vai continuar a manter relevantes. Respeita o passado e atira-te ao novo.

Esta minha partilha, volto a referir, implica o Caminho do Meio.

Sabes, existem aqueles que tem os seus valores concretos e os manifestam de uma forma lapidar, mesmo que isso implique o isolamento ou a rigidez.

Existem outros, que por receio, más experiências ou mesmo escolha, decidem entregar o seu destino aos outros e às autoprofecias das suas crenças.

E depois existimos nós, os Lideres e Profissionais Imperfeitos e Incompletos que navegamos entre estes dois pólos e damos o nosso melhor!

Faz sentido?

Obrigado,

Abraço e StaySafe,

Hugo

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