Matriz Organizacional 1-9-90

Matriz Organizacional 1-9-90

1920 1280 Hugo Gonçalves

A única coisa que todos temos em comum é que somos todos muito diferentes. E é uma perfeição absoluta, como que divina, o sabermos desfrutar lealmente do nosso Ser.

—  MICHEL DE MONTAIGNE

Matriz Organizacional 1-9-90

Estando nós, como Profissionais e Organizações, a viver uma espécie de versão “quântica” da realidade – Tudo, ao Mesmo Tempo, em Todo o Lado ? – é importante termos o discernimento e proatividade de sabermos navegar de forma adequada, nos ritmos, habilidades inatas e adquiridas e na manifestação da nossa Criatividade, Influência/Edição e Execução no contexto organizacional e profissional.

Isso tem a ver com a abordagem 1-9-90!

Eu explico ?:

Existe uma regra não escrita no mundo do marketing e da comunicação em redes sociais que define que, de entre todos os utilizadores da Internet como um todo:

  • apenas 1% efetivamente cria, desenha e assim lidera ou é referência através das suas partilhas, conteúdos, originalidade e inovação;
  • 9% da malta contribui, “constrói” por cima, edita, melhora, comenta, faz curadoria, influencia e partilha essas novidades e originalidades;
  • 90% dos participantes “apenas” consumem, olham, visualizam sem nenhuma interação online, sendo que podem ou não depois ter as suas conversas, interações, decisões e ações pessoais e profissionais serem influenciadas ou condicionadas por isso.

De forma algo intuitiva, comecei a fazer um paralelismo entre esta “regra” e como nos definimos como Pessoas no contexto profissional.

Existem também paralelismos entre estas percentagens e a forma como estão distribuídos @s líderes, gestores, profissionais pela cadeia alimentar organizacional. ? 

// OS PROFISSIONAIS E ORGANIZAÇÕES TAMBÉM POSSUEM A SUA MATRIZ 1–9–90

1 – A PESSOA E A SUA ORIGINALIDADE E ESSÊNCIA PROFISSIONAIS

Aqui estamos a falar da nossa individualidade, valores, habilidades inatas e sobre como somos todos, de uma forma ou outra, Originais e com a capacidade de contribuir através da fruição dos nossos recursos internos e experiência e também através da identificação dos gaps que possam existir.

Reconhecemos, através do autoconhecimento, como as que as nossas várias Pessoas Profissionais funcionam e como funciona a organização e que tipo de experiência, habilidades, conhecimento, energias, fluxo existe e que gaps, necessidades de evoluções, transformações e desapegos (deixar de fazer coisas que já não fazem sentido) são importantes.

Nas Pessoas, manifesta-se através da genuína aceitação das mesmas como sendo @s especialistas na sua própria vida. E que possuem os recursos necessários para poder realizar o percurso de Consciência, Transformação e Ação. Como líderes, managers, técnicos ou operacionais.

Fazendo a analogia com o MKT, Todos (Eu e os Outros), sabermos qual o meu “conteúdo original” que pode contribuir para a minha performance e eficácia individual ao mesmo tempo que assim se potencia o puzzle colaborativo organizacional, é certamente uma vantagem competitiva.

Se conseguires ser tu próprio e manifestar essa diferenciação, irás estar num estado de maior sincronismo interno, que traz confiança, clareza, abertura e o foco necessários para conseguires materializar as tuas metas e objetivos profissionais. Como se fosses Coach de ti própri@.

A expressão-chave é Essência Profissional.

9 – A CURIOSIDADE E IMAGINAÇÃO AO SERVIÇO DAS PESSOAS E MUNDO

Aqui falo do que se pode definir como sendo uma abordagem de contínua Inovação e Desenvolvimento Organizacional.

Esta expressa-se através de uma genuína curiosidade pelos Outros – Pessoas e Mundo, os seus “pains&gains”, as suas aspirações, as necessidades funcionais, emocionais e relacionais que pretendem obter de um produto, serviço, processo.

Isto implica imaginarmos a Transformação. Somos curadores e editores do conhecimento, das ideias, das possibilidades.

Significa sermos designers de novos produtos e serviços. Mas também sermos designers do novo ecossistema que vai ter de existir na organização. para eu poder criar, construir, implementar, manter todos os sistemas, processos, cultura, competências, sincronização de tarefas e fluxos de comunicação para que esse valor possa ser entregue de forma consistente e profissional.

Aqui, o DESIGN THINKING funciona às mil maravilhas. Pois coloca a geração de novas possibilidades num patamar de divergência e exploração seguido de uma abordagem de convergência e decisão/implementação.

Também as questões funcionam aqui como um “produto efervescente” que dissolve as rotinas, o pensamento habitual, o nosso âmbito e hábitos mentais e lógicos. Levam-nos para o desconhecido, para uma zona sem referências. Para um “vazio” que mais do que assustar, nos deve motivar pois é um portal para a liberdade, para a melhoria e a evolução.

Isso implica que possamos Conversar, Saber colocar as questões adequadas e importantes é fundamental porque servem de trampolim para as ideias. Implica interagir, trabalharmos numa espécie de open-space de conhecimento, emocional e relacional.

A Empatia e Curiosidade são as Essências que definem esta dimensão.

90 – O FOCO, IMPLEMENTAÇÃO E A CULTURA DE FAZER ACONTECER

Ninguém é só “Original” ou “Editor/Facilitador”. Ninguém se manifesta apenas nestas duas dimensões.

Chega uma altura onde o foco é mesmo fazer acontecer. E darmos o nosso melhor para podermos ser eficazes e produtivos na implementação e execução dos resultados e decisões que possam ter surgido nas fases anteriores.

A Cultura e Fluxos de Trabalho são a sincronização adequada entre competências, prioridades, objetivos, performance e comportamentos de várias Pessoas. Logo, de vários universos e complexidades emocionais, relacionais, de conhecimento e experiência.

Implica eu conhecer como funciona a minha Produtividade Profissional e contribuir da melhor forma para uma cultura organizacional adequada.

Através da contribuição dos líderes, managers e profissionais e claro também estarmos todos sincronizados relativamente a que tipo de cerimónias (comunicação) e artefatos (ferramentas) poderão criar fluxo e transparência no nosso trabalho.

// UM POSSÍVEL CAMINHO – O ENGAGEMENT EM FLUXO


Precisamos nesta fase de ter muito bem afinadinhas algumas dimensões e processos organizacionais – liderança, conhecimento, comunicação, execução, transformação, etc.

Avaliar quais as estratégias que estão a criar os impactos devidos e quais onde existem gaps e ou que até estão a funcionar como sorvedores de energias e fontes de toxicidade.

A partir daí, refletimos através das questões sobre quais serão as prioridades da cultura organizacional, tendo em conta as respostas que surgem e quais os comportamentos individuais e de equipa que as vão potenciar e aqueles que poderão mitigar os resultados, performance e transformações que se tornaram relevantes.

Irão sempre existir:

– as Pessoas Dínamos, que imaginam, criam, experimentam e desenrascam;

– Os Editores que questionam, melhoram, editam, partilham com os outros;

– Os Utilizadores de todos os resultados, outputs e abordagens anteriores;

– E claro os Lurkers, aqueles que vão apenas ver a banda passar. Porque devido a algum mau histórico ou experiência ou por serem apenas “profissionais descontraídos” ? escolhem não se envolver tanto nestas cenas… ?.

Os Dínamos, Editores, Utilizadores e Lurkers não são “tipos” de Pessoas. São os vários personas que temos em nós e que se manifestam consoante o contexto, necessidades, habilidades e aspirações pessoais e profissionais inatas e outras variáveis.

Eu sou muito empenhado em algumas coisas e grande Lurker em outras ?

Contigo passa-se o mesmo certamente!

A forma como as organizações estão desenhadas, estruturadas e os respetivos processos, responsabilidades, formas de comunicar e trabalhar devem acomodar todas estas personalidades e permitir que as mesmas se possam exprimir com foco, eficácia e eficiência.

Saber quais destes personas é o mais adequado a cada objetivo ou resultado é um trabalho mais individual. Criar as condições para que essa escolha leve a esses mesmos resultados é um trabalho mais da organização.

Materializado através da liderança, design organizacional, foco no cliente e estar atento aos ecossistemas internos e externos à organização. Assim, estão criados os vasos comunicantes que fazem a ligação entre as dimensões individuais e colaborativas.

Dar espaço e segurança emocional aos Dínamos, dar pessoas e conversas aos Editores, dar estrutura e ferramentas aos Utilizadores e dar empatia e limites aos Lurkers pode ser uma boa opção.

Mas isso implica uma dança, uma abordagem full-spectrum. Implica que sejas mestre na arte da Métis!

// CODA

Todos nós “somos” Consciência, Transformação e Ação. Por isso na nossa profissional as coisas também seguem a navegação entre estas 3 dimensões.

Então talvez a ideia chave aqui deste artigo é que não existem pessoas que pertencem mais ao 1% ou ao 9% ou aos 90%. Isso é apenas um ponto de partida.

O essencial é que se calhar essas vertentes se expressam mais facilmente nuns do que em outros e tudo depende na nossa experiência, motivação, contexto e autoconhecimento.

Então o 1-9-90 tem a ver com facetas e contextos. Com identificar qual destas manifestações profissionais podem ser as mais relevantes e adequadas para determinado desafio ou oportunidade.

Também é necessário que existam partilhas, interações, networking, conversas, reflexões e insights realizados por pessoas que estejam a ver Tudo, ao Mesmo Tempo e em Todo o lado (ecossistemas) no mesmo espaço físico/temporal, para que todos possam estar a falar e a opinar sobre o mesmo quadro ou “foto” do contexto.

Talvez um dos caminhos para o Desenvolvimento Organizacional seja elevar estes rácios. Sendo que o resultado não seria linear, mas superior a 100% ?, materializando assim aquela cena de que o Todo é maior que a soma das partes.

A EVP – Employee Value Proposition (ver artigos relacionados parte 1 e parte 2) pode ser super útil nisso!

Fala-se muito em processos de gestão da mudança, mas neste momento a expressão perdeu todo o sentido.

A mudança é constante e presente e a partir do momento em que lidamos com disrupções, complexidades e VUCAs profissionais e organizacionais semanais, pode ser interessante ver a mudança como um contexto e como parte do dia-a-dia.

A Mudança, em vez de ser um processo, é uma roleta de casino. Onde as nossas habilidades – uriosidade, Empatia, Criatividade, Inteligência Emocional, Formas Ágeis de Colaborar, Decidir, Implementar e Trabalhar,  jogam com o baralho que nos é dado pelas Pessoas e pelo Mundo.

Obrigado, Abraço e Fica Bem,

H

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