Design Organizacional Especulativo ( Parte 2 + Abordagens Práticas)

Design Organizacional Especulativo ( Parte 2 + Abordagens Práticas)

Design Organizacional Especulativo ( Parte 2 + Abordagens Práticas)

1920 1158 Hugo Gonçalves

O futuro é o grande enigma. É a luz que cega, o sol. Mas, como com o sol, é necessário e saudável que se abram as janelas, que se respire, que se fechem os olhos e se sinta na pele

—  JOSÉ LUÍS PEIXOTO

Design Organizacional Especulativo ( Parte 2 + Abordagens Práticas)

Após ter publicado a primeira parte deste artigo, dei por mim a viver o paradoxo de ter escrito sobre os pressupostos de como podemos dedicar algum tempo a imaginar, pensar, especular de forma livre possíveis futuros num contexto profissional e organizacional.

Quando muita da minha energia, foco e força de vontade ? está alocada nestes últimos meses a dar o melhor para poder estar no presente e no agora.

Deixei esse paradoxo navegar dentro de mim e cheguei à conclusão de que tudo faz parte e tudo tem o seu tempo, relativamente a estes paradoxos. E quando o presente – contexto, pessoas, aspirações, valores, objetivos – se transforma, naturalmente como seres humanos temos a tendência e a habilidade de imaginar, sentir e especular sobre o que poderá ser diferente.

Sendo o Coachingo Design Thinking e o Agile Mindset & Heartset as pedras basilares da minha prática profissional, tenho a noção que todas elas possuem um traço ou pilar de especulação, de futuring, de colocar em causa.

E todas são exercícios especulativos Individuais e Colaborativos, da Organização e dos Clientes, dos Produtos/Serviços e dos Mercados, do que as Pessoas e Mundo precisam para podermos florescer, nutrir, partilha e Evoluir.

Então, o Especular pode servir para novos produtos ou serviços, mas também para conversar e debater sobre o que podemos fazer de diferente na forma como trabalhamos e colaboramos.

É uma trave-mestra da Inovação, mas também dá corpo à Provocação. Desenvolve visões sobre aplicações de novas ideias, mas também é uma abordagem de análise de risco relativamente às respetivas Implicações. Resolve problemas, mas faz-nos procurar por aqueles que ainda não existem no presente.

Pode funcionar ao serviço do Design Organizacional, e ainda mais ao serviço da Sociedade.

// OS SONHOS TÊM PODER

A nível profissional e organizacional, o que nos fez e faz “ignorar” os desafios com que lidamos atualmente, mesmo com as evidências de que algo vai correr mal no futuro se continuarmos no mesmo caminho?

Com tanto conhecimento, ferramentas, metodologias, recursos, etc., porque é que as organizações continuam míopes relativamente à visão e realidades delas próprias? ?

Penso que a capacidade de Sonhar deu lugar à Esperança – temos esperança ou esperamos ?que as coisas possam mudar, que o teu/tua chefe ganhe juízo, que a tua equipa seja mais proativa, que os clientes sejam menos exigentes, que os colegas possam compreender e aceitar o nosso ponto de vista como sendo o deles. ?

Ao esperarmos que as coisas mudem, deixamos o design de um futuro melhor nas mãos dos outros ou do destino. Ao alimentarmos a nossa capacidade de sonhar com novas possibilidades de futuros, estamos a entrar num loop positivo de Estratégia, Decisões e Ações que nos pode levar a resultados e evoluções diferentes e mais alinhadas connosco.

// ESPECULAÇÃO DE NÓS PRÓPRIOS – O PROFISSIONAL

A maior parte de nós dedica algum tempo e energia a pensar sobre nós próprios, menos energia e foco a reconhecer o que estamos a sentir e o que está a acontecer e porquê, e ainda menos a sonhar e especular o que poderemos fazer (que dependa exclusivamente de nós ?) para acedermos a um patamar mais integrativo de nós próprios como profissionais.

Reconhecendo assim as nossas habilidades e competências, a nossa “energia” de fazer as coisas e como podemos ser produtivos individualmente e contribuir de forma eficaz no trabalho colaborativo e de equipa.

Isto é um exercício de Autoliderança! ?

Através do Coaching e de outras abordagens de Desenvolvimento da Pessoa/Profissional individuais e colaborativos numa organização, é realizado um percurso especulativo, alimentado pelo sonho, aspiração, objetivo, desafio ou oportunidade que um líder, manager ou profissional deseja alcançar.

A questão é que se trata de um processo de especulação informado ?, pois quem o faz é o maior especialista que existe no mundo sobre todas as dimensões desse profissional – el@ própri@! ?

Parte-se da realidade atual e da nossa própria Métis e principalmente de um futuro imaginado – a nível de resultados, aquisição de competências, resultados diferentes e novas formas de trabalhar, comunicar, ser eficaz e produtiv@, etc. – para em seguida se reconhecerem quais as competências e habilidades inatas e quais os gaps ou necessidades de recursos para esse caminho.

Em seguida, definem-se as ações que poderão levar a esses resultados e transformações e da forma mais vívida possível – emoções, sensações, visualização mental, em 2D ou 3D – “colocamo-nos” nesse futuro construído, cujo plano de ação foi criado para que seja um futuro adquirido.

// ESPECULAÇÃO NA INOVAÇÃO E CLIENTES – A ORGANIZAÇÃO E O SEU ECOSSISTEMA

Tudo, mas absolutamente tudo numa organização é passível de Transformação e Evolução. ?

Também é disso que se trata o Design Organizacional Especulativo!

Embora o foco seja mais na inovação de produtos e serviços, também podemos e devemos, quando adequado, fazer evoluir os nossos processos, qualidade na análise e interpretação das Pessoas e Mundo, a empatia com os nossos clientes, novas formas de trabalhar e colaborar.

O Design Thinking e outras abordagens de Inovação Organizacional proporcionam-nos os artefatos (ferramentas, metodologias, abordagens) e cerimónias (formas de comunicar, eventos diários, semanais, mensais, etc.) através do percurso (muitas vezes não linear e caótico) nas seguintes dimensões:

Propósito | Visão | Sentido de Urgência
A Organização tem um desafio ou deseja implementar algumas mudanças? É necessário compreender a necessidade e os obstáculos que podem levar a essa urgência (estar atento) e ser curioso acerca do futuro. Também a “escuta ativa” de colaboradores, parceiros e clientes pode dar pistas para o melhor caminho. 

Descoberta
Os desafios estão definidos e o propósito da inovação está consciencializado e comunicado. Qual a abordagem a tomar? Como podemos compreender melhor tudo o que está envolvido nesta nova etapa? O que ganhamos? O que vamos continuar a perder se seguirmos o mesmo caminho? Quais são as fontes de conhecimento, informação, pesquisa e recursos necessários para poder ter a melhor perceção de tudo o que está envolvido?

Imersão e Interpretação
As Pessoas e a Organização aprenderam algo. Como vamos interpretar e sintetizar? Quais são os insights mais importantes que recolhemos? Como é que eles se agrupam? Quais os temas e contextos dominantes? Como posso partilhar o que aprendemos com storytelling

Geração de Ideias
Temos as seguintes oportunidades para explorar. Como o podemos fazer através do melhor equilíbrio entre lógica, emoções, cognição, futuro e impacto para as Pessoas (Clientes, Utilizadores, Colaboradores)? Dentro da nossa cultura e organização, qual a melhor forma de realizar esta geração de ideias? Como as refinar? Que valor damos ao tempo investido nesta etapa? 

Experimentação | Prototipagem | Iteração
Temos as seguintes ideias a explorar. Como posso construir protótipos ou experiências que validem o impacto esperado das ideias geradas? De que forma deve esta experimentação e iteração ser cocriada e co-executada com os clientes? Qual a melhor forma de receber o feedback que esperamos? Como sabemos que este feedback é verdadeiro e válido para a nossa análise?

Evolução
Experimentamos novas abordagens, processos, serviços produtos, formas de comunicar.
Como podemos fazê-los evoluir? Como transferir o conhecimento e experiências adquiridos para um repositório acessível e intuitivo e colocá-lo ao serviço das Pessoas e da Organização? Quais os resultados reais que estamos a obter? Qual o desafio seguinte? 

// ESPECULAÇÃO DAS RELAÇÕES E INTERAÇÕES PROFISSIONAIS – DESIGN DA CULTURA ORGANIZACIONAL

Sim, também acredito que a Cultura Organizacional e o Trabalho Colaborativo podem ser desenhados por todos em cocriação, logo especulado! ?

E este é um exercício de Liberdade Organizacional, pois implica:

[CO]criação

Algo que nos distingue como seres é a Imaginação. Esta surge pelo facto de conseguirmos viver de forma simultânea em dois mundos diferentes:

Cocriar com as Pessoas nas Organizações é transmutar as histórias fictícias que são os sonhos, querer evoluir, fazer algo diferente, melhorar, para realidades – coisas, produtos, serviços e atividades concretas.

O caminho passa por facilitar percursos formais de exploração, reflexão e decisão para as tuas equipas, pares e porque não para os teus próprios líderes, dentro da empresa.

[CO]responsabilidade

Acredito de forma visceral que cada Líder | Profissional | Organização é o melhor especialista de si próprio. Quanto trabalho com indivíduos ou equipas, a melhor forma de eu poder facilitar o processo de transformar o seu potencial em performance e soluções é ser bastante rigoroso nessa premissa.

E ao mesmo compreendo e respeito quando as pessoas não se sentem confortáveis em assumir o seu Self Leadership e o seu Radar de Influência. Não é por mal. É “apenas” por questões de confiança, receio, ou falta de hábito. Raramente é pelo facto de as pessoas serem taralhoucas e preguiçosas. ?

[CO]opetição

O termo Coopetição descreve a relação simultânea de cooperação e competição entre pessoas ou organizações, equipas, departamentos, offices com localizações diferentes.

Ocorre normalmente para atingir um objetivo comum, tendo em vista a complementaridade de recursos, competências e experiência. Numa época de ecossistemas, contextos e cenários voláteis, a coopetição é do melhor que há. Coopetição é ter o melhor dos dois mundos. Implica estabelecer parcerias e projetos com mindset e um heartset ágil. A Coopetição é uma escolha, não um dever.

UTOPIAS, DISTOPIAS E PROTOPIAS

// CODA

 Não sendo o rapaz mais comunitário do mundo, sou tocado e alinho-me perante experiências e manifestações como o Equilíbrio, Paz, Alegria, Evolução, Empatia e Abundância internos, com as Pessoas e no Mundo.

E acredito que nos nossos Personas Profissionais e Organização, podemos de alguma forma alinhar lucro, performance, eficácia, eficiência, valor com essas dimensões.

Transformando-nos em Profissionais Evolutivos! Forças internas do Design Organizacional Especulativo!

Quanto mais especularmos, mais cenários irão surgir, mais pontos de partida teremos para conversas profissionais e organizacionais relevantes, mais ideias irão ser libertadas e partilhadas, mais vontade de colaborar e fazer acontecer vai emergir entre ti, os teus colegas, líderes, equipas, pares, clientes, fornecedores, partes interessadas.

E quem sabe assim conseguimos caminhar nos trilhos das Protopias e Utopias benéficas para as Pessoas e Mundo.



Obrigado, Abraço e Fica Bem,

H

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