Columbo, Coaching, Design Thinking, Boas Férias

Columbo, Coaching, Design Thinking, Boas Férias

Columbo, Coaching, Design Thinking, Boas Férias

660 330 Hugo Gonçalves

“Oh, é verdade, só mais uma coisa…”

Tenente Columbo, na série “Columbo”

Columbo, Coaching, Design Thinking, Boas Férias

Não, não falo de Cristóvão Columbo ou do Centro Comercial Columbo, o qual ainda não tive oportunidade de visitar. E pelo que me dizem os meus amigos e colegas de LX, não é uma experiência tão enriquecedora como um dia de praia, uma corrida ou caminhada ou um bom livro acompanhado de um Sumol ou um tango numa esplanada junto ao mar.

Falo do Tenente Columbo, uma personagem de uma série com o mesmo nome dos anos 80, em reposição todos os dias da semana na RTP Memória.

Neste caso concreto e apesar de nos Netflix e HBO’s da vida existirem séries que causam impacto pela sua distopia, efeitos especiais e picos de intensidade, acho que as séries dos anos 80 e 90 eram muito melhor escritas, tinham maior riqueza de personagens e tornavam a realidade profunda, reflexiva e deixavam-nos com vontade de nos querer explorar a nós próprios como humanos.

A série tinha uma premissa fortíssima e que revolucionou as séries policiais:

Ao contrário do que geralmente ocorre em filmes policiais, cada episódio sempre começa mostrando claramente quem é o assassino e os pormenores de como cometeu o homicídio. Todos os crimes da série têm um ponto em comum: o criminoso monta um álibi que parece perfeito.

Depois entra em cena Columbo, (o seu primeiro nome nunca foi revelado), um Tenente da Divisão de Homicídios da Polícia de Los Angeles (desempenhado pelo excelente Peter Falk), sempre vestindo uma gabardina toda roçada e que tinha um Peugeot 403 ainda em pior estado que a gabardina. ?

Outro dia dei por mim a fazer ligações entre a série, o personagem e as suas características e a questão da Liderança e Desenvolvimento Organizacional.

O Tenente possui traços importantes para duas abordagens que considero que se misturam bem como forma de liderar e desenvolver organizações e que na minha ótica devem ser utilizadas de forma orgânica e simultânea pelos Líderes e Gestores.

Essas duas abordagens são o COACHING e o DESIGN THINKING

O que acho muito engraçado neste exercício é que o Columbo é o anti líder e o anti disruptivo

Apesar disso, revela uma sofisticação e refinamento na arte do Coaching – desdobrados em Liderança e do Design Thinking desdobrados na resolução de problemas, disrupção e criação de soluções e impactos.

COACHING

Em primeiro lugar, o Tenente Columbo possui uma humildade misturada com um fascínio quase infantil e respeito pelas pessoas e pelos seus talentos. Muitos dos criminosos eram figuras públicas, génios nas suas áreas de atuação, e toda essa novidade e admiração genuínas por esses novos contextos deliciavam o Tenente.

Apesar de ele próprio ser mais estático na forma como vivia (retorno à gabardina surrada, ao Peugeot, etc.) respeitava, explorava e deixava-se fascinar pelos contextos, comportamentos e abordagens que não seriam bem a sua escolha – basicamente aceita os outros como são e não dedica muito tempo e energia a julgar.

São imensos os episódios onde ele, após ter deslindado o caso, acaba a partilhar um vinho, uma refeição, um whisky com o(a) criminoso(a).

Segundo, Columbo também domina a artes das perguntas e do feedback. Considerado geralmente inconveniente e chato pelos criminosos – os episódios passam por ser basicamente um duelo de estratégia, criação de hipóteses e cenários entre ele e os suspeitos – o Tenente faz perguntas a si próprio mal chega e observa o local do crime e fala com todos os envolvidos – a consciência e ecossistema do crime, para obter as respostas que possam ser adequadas.

Esse incómodo pela persistência por parte dos criminosos em breve se torna em respeito pelo facto de Columbo ser transparente, não se intimidar por ter que ter conversas difíceis e por conseguir desmontar emocionalmente e logicamente as “cortinas de fumo” que lhe são lançadas.

Columbo é também possuidor de uma abordagem ambidextra, ou o que denomino o Coração-Mente. Sendo muito racional e objetivo com os factos, não deixa que estes o aprisionem na sua procura pela Verdade. Quando os “factos não batem certo”, e se a sua intuição estiver a sussurrar-lhe ao ouvido, o homem não desiste. ?

Todos nós precisamos da nossa rede, de ter alguém com quem partilhar as alegrias, as tristezas, as frustrações. A nossa rede pode ter várias funções e configurações como escutar, opinar, ou apenas lançar uns comentários sobre o que se escuta.

O nosso amigo Columbo possuía essa rede, que nunca apareceu em nenhum episódio. A Mrs. Columbo era por si própria e através da sua ausência, um personagem por si só. E a melhor rede do nosso amigo. ?

DESIGN THINKING

A forma como vejo e utilizo o Design Thinking na minha abordagem profissional não é tanto para a criação de novos produtos e serviços, mas sim para problem solving e inovação organizacional.


Ou seja, como transformar potencial, problemas, oportunidades e sonhos em resultados, impactos, soluções e evolução das Pessoas, Organização, Clientes&Utilizadores e Sociedade.

Existindo vários modelos e frameworks específicos, em todos eles encontramos etapas ou fases que podendo ter nomes e semânticas diferentes, possuem um significado comum.

No caso de Columbo, o Sentido de Urgência e Propósito já lhe aparecem com a papinha feita – é necessário resolver um crime, levar alguém à justiça, mas principalmente definir um fecho e uma solução para um evento que foi prejudicial.

Columbo também age como um firme apreciador da Imersão e Empatia. Os episódios que mais me marcaram foram aqueles onde ele mergulhava completamente no contexto e ecossistema do crime ou do seu móbil.

Desde vinhos, chefs, realização de filmes, construção civil, magia, robots, atores, maestros e orquestras, psicólogos e hipnotizadores, escritores de romances policiais, etc., o homem explorava com genuína curiosidade e empenho tudo o que estivesse envolvido com o crime.

Aliás, o Tenente criava as suas “armadilhas” para os criminosos usando as “especialidades” e competências dos mesmos. Dava-lhes a provar do seu próprio veneno. Não por arrogância, mas sim por acreditar que só assim era possível conseguir chegar a resultados. Usava o método pelo qual o crime era realizado. Um fantástico exercício de antropologia, sociologia, empatia e imersão e customer-centric. ?

Resolver um crime é sempre um processo de Geração de Ideias. E para o nosso amigo, as ideias podem vir de todo o lado – dos detalhes, das conversas, da observação, de usar o menos óbvio e as fontes menos esperadas. Nunca era um processo individual.

Columbo “resolveu” vários casos devido a ações, leituras de jornais, comentários, questões, da sua esposa Mrs. Columbo (nem num episódio onde o casal fazia um cruzeiro a pobre mulher apareceu ?), cunhado, sobrinhos, etc. 

Experimentar teses, hipóteses, simular cenários e a forma como os crimes decorriam era uma das especialidades do nosso Tenente.

Ou seja, levava até à exaustão a Experimentação | Prototipagem; simulava tudo o que pudessem ser coisas que tinham acontecido – criava testes e experiências, mapeava as experiências e interações das vítimas, suspeitos e envolvidos (e preparava as suas famosas armadilhas para confrontar os criminosos na parte final dos episódios.

Estas eram cuidadosamente desenhadas.

O Tenente Columbo era basicamente um Especialista Generalista.

  • Especialista nas suas obsessões, formas de ser e de alguma forma, nas idiossincrasias;
  • Generalista (aberto e curioso a tudo) na genuína Humildade e curiosidade interior e respeito e admiração pelos contextos diferentes do seu.

Oh, é verdade, só mais uma coisa ?

Boas Férias | Bom Descanso | Be a JOMO

Obrigado, Abraço e Cuida-te! 

Hugo

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