Tu és livre para fazer as tuas escolhas, mas és prisioneiro das suas consequências
PABLO NERUDA
Líderes e Profissionais 80/20
O artigo de hoje é sobre Escolhas para podermos Criar Impacto no nosso trabalho e organização.
Partilho contigo a importância de termos dentro de nós um “local” de clareza mental e emocional e onde possamos observar o todo (contexto, ecossistema), no sentido de podermos definir o que é importante na nossa vida profissional.
No contexto organizacional o nosso foco está muitas vezes no sintoma ou manifestação de algo positivo/negativo (resultado, KPI, retrabalho, reclamação, falha) em vez de investirmos mais tempo num processo mais estratégico a montante.
Para isso precisamos de critérios – internos e externos, informação e dados, intuição e criatividade.
Já abordei esta perspetiva do foco e da produtividade profissional, num âmbito e contexto mais práticos.
É necessário transpor esta questão do Foco e Presença dos líderes, managers e profissionais para a forma como desenvolvem, comunicam, colaboram e decidem sobre/com as suas Pessoas, Processos, Produtos, Serviços.
// A TRANSFORM(AÇÃO) DA (AUTO)LIDERANÇA
Os recursos disponibilizados já não são simplesmente equipas ou budgets, mas sim prioridades, sonhos, relações, energia e possibilidades, que se movem em dois planos: o individual e o coletivo.
A capacidade de conseguirmos interpretar e navegar eficazmente neste ecossistema revolto e complexo, será o que vai fazer a diferença nas organizações e no mundo do trabalho.
Nas Pessoas esta habilidade manifesta-se através da genuína aceitação que somos @s especialistas na nossa própria vida. E que possuímos os recursos necessários para poder realizar o percurso de Consciência, Transformação e Ação que nos leva à performance, resultados, sucesso com propósito e equilíbrio – através de Coaching, Mentoring, Self Leadership e desenvolvimento de Inteligência Emocional e Múltiplas;
Na Inovação e Desenvolvimento Organizacional, expressa-se através de uma genuína curiosidade pelos Outros – Pessoas e Mundo, os seus “pains&gains”, as necessidades funcionais, emocionais e relacionais que pretendem obter de um produto, serviço, processo – através do Design Thinking, Resolução Criativa de Problemas, Customer Development e Inovação e Futuring.
Na Cultura e Fluxos de Trabalho, a Empatia representa a sincronização adequada entre competências, prioridades, objetivos, performance e cultura. Através do Agile, Design de Equipas e Cultura, Management 3.0, Liberating Strcutures, Cultura por Valores.
// E QUE TAL “PARETAR” A TUA LIDERANÇA, EQUIPA E ORGANIZAÇÃO? ?
O princípio de Pareto afirma que, para muitos casos, 80% dos resultados resultam de 20% das causas ou decisões.
Em outras palavras, uma parte pequena das causas tem um efeito desproporcionalmente grande.
Identificar estes “20%” é desafiante. Sendo que, se os considerares como pepitas de ouro, isso significa que temos de fazer essa garimpa em “locais” diferentes, consoante o contexto, resultado esperado ou equipa/projeto.
Certamente reconheces que em muitos casos és sugad@ para uma espécie de caos diário de reuniões consecutivas, lidar com equipas e partes interessadas, apagar incêndios e dar o litro (neste caso energia, horas de sono e tempo pessoal) para que prazos (alguns deles estipulados ou aceites de forma irrealista) sejam cumpridos.
Assim, não existe grande margem para poderes definir uma intencionalidade para o teu foco, para o que é relevante, para onde deves aplicar a tua energia, conhecimento e experiência.
Estes últimos, desculpa lá ser o mensageiro, são sempre finitos. ?
Líderes, Managers e Profissionais 80/20 funcionam de uma forma diferente – com eles e para os outros.
Navegam entre o rigor de algo inegociável e a flexibilidade necessária para acomodar a mudança e alterações de contexto. Respondem perante o Valor e Impactos, não perante o imediatismo ou desenrasque.
Priorizam o trabalho que fará a diferença, eliminam o trabalho que dá uma ilusão de produtividade. Como aprendi à minha custa, Esforço ≠ Trabalho. ? Existem então 5 áreas onde poderás aplicar este princípio, nas tuas dinâmicas de liderança e gestão:
// LÍDER, MANAGER, PROFISSIONAL 80/20
80% DO TEMPO NO TRABALHO MAIS IMPORTANTE
Como líder, gestor@, decisor@ ou influenciador@ de uma Organização é perfeitamente possível conseguires fazer o “sensemaking” do que é o importante, exploração do estado atual, imaginares o futuro e a partir daí tomares as melhores decisões, definires as prioridades e focos corretos e conseguires executar com eficácia as tuas tarefas e atividades – individuais e com as suas equipas, pares e clientes.
Isso passa por construir uma visão estratégica, mapear os jobs to be done – o que fazer e porquê – identificar recursos, ladrões de tempo, energia e foco, criar o design do teu próprio sistema de Produtividade Pessoa e Profissional, e assim seres eficaz na execução
Eisenhower, 34º presidente dos Estados Unidos e um dos maiores comandantes militares da América disse: “O que é importante raramente é urgente, o que é urgente raramente é importante.”
Líderes e Profissionais 80/20 entendem isto muito bem. Em vez de serem influenciados pela urgência do trabalho sem importância, mantêm a sua visão sobre o futuro e sobre o importante — tomando medidas proactivas para reduzir o fosso entre onde estão hoje e onde precisam de estar no futuro.
Algumas abordagens práticas:
- Fazer algumas coisas e fazê-las bem e ter um limite máximo de tarefas planeadas;
- Concentrar nas questões que importam e programar o resto;
- Ajudar as equipas a identificar tarefas que irão produzir os melhores resultados com o empenho adequado;
- Participar em reuniões onde a tua presença é importante.
80% A ESCUTAR/OBSERVAR E 20% A FALAR
Por boa índole, por gostar de partilhar, por ego ou frustração, falamos demasiado nas organizações, mas conversamos pouco e mal. ?
Isto pode levar a vícios de microgestão, “castração” das equipas e colaboradores, criação de viés e culturas organizacionais que se cristalizam no líder ou nas hierarquias, e que não evoluem organicamente através da contribuição de todos.
Este nível de ruído pode criar uma miopia (já sei que fisiologicamente não faz sentido) ? para as reais causas de falta de performance, alinhamento e criação de valor.
Líderes e Profissionais 80/20 estão cientes das desvantagens de falar mais do que escutar. Eles praticam uma escuta eficaz escutando o que a sua equipa tem a dizer:
- Quais são as suas preocupações?
- O que os impede de resolver problemas sozinhos?
- Que ideias e opiniões têm?
- Como podem tomar as suas próprias decisões?
- Que tipo de oportunidades as pessoas precisam?
- Que feedback os ajuda a melhorar?
80% DO TEMPO A DESENVOLVER OS 20% DE RIGHT PERFORMERS
Os estudos indicam que um high performer consegue ter uma performance de “negócio” – vendas, fazer mil e uma coisas, etc. – 400% superior à performance média da restante equipa.
A questão é que isto 1) não é sustentável no tempo e 2) normalmente é feito à custa da cultura, segurança psicológica, desgaste mental e emocional dos próprios e dos colegas.
Os mesmos estudos indicam que ao fim de 8 – 14 meses esses +400% passam a -200% a nível individual e a -700% a nível organizacional (custos de não qualidade, rotação de pessoas, cultura e colaborações tóxicas).?
Por isso gosto tanto dos Right Performers.
Como líderes e profissionais temos uma inclinação para sermos estrategas ou soldados. Pensar OU Executar.
A malta que anda no meio destes dois pontos normalmente são quase indigentes profissionais. ? Porque são competentes a Pensar, Executar, Imaginar, Sentir e Comunicar.
Nesse sentido falo então do Talento como tendo dimensões distintas como Conhecimento, Foco, Abertura, Humildade, Autoconhecimento, Experiência, Flexibilidade e por aí fora.
Os Right Performers necessitam que os seus líderes e organização lhe proporcionem caminhos evolutivos.
Líderes e Profissionais 80/20 sabem que apenas desafios, novidade, dinheiro ou protagonismo não alimentam quer a essência destas pessoas, quer o seu compromisso. Isto é uma grande oportunidade pois estamos numa época organizacional onde o caminho pode ser mais importante que o destino. Estas pessoas gostam de caminhos. ?
Então, algumas abordagens passam por:
- Investir tempo para observar e compreender o que torna estes profissionais eficazes e eficientes;
- Para além de trabalho e cenas épicas, é importante proporcionar explorações, possíveis caminhos e possibilidades para eles se nutrirem profissionalmente;
- Proporcionar uma conexão emocional com o seu trabalho, valores, aspirações.
80% TEMPO A COLOCAR QUESTÕES E 20% A DAR RESPOSTAS
Quando a tua equipa ou colegas enfrentam um desafio ou quando não sabe fazer algo, dar-lhes a solução desbloqueia-os temporariamente. Podes acreditar que acabaste de lhes poupar tempo.
Na realidade, e na maior parte dos casos, apenas alimentaste a sua dependência. E assim não desenvolvem as capacidades de pensamento crítico necessárias para navegar em desafios no trabalho.
Líderes e Profissionais 80/20 utilizam o poder das perguntas para permitir que a sua equipa encontre as suas próprias soluções:
- Qual é a questão que eles estão a enfrentar?
- Que soluções tentaram?
- O que funcionou? O que não resultou?
- Que outras soluções são possíveis?
- Como podem visar uma pequena vitória?
Passar mais tempo a questionar e menos tempo a dar respostas parece um pouco lento inicialmente, mas a longo prazo, torna as equipas 10x mais eficazes e eficientes.
Estas auto questionam-se, desbloqueiam-se, tornam-se proativas! Sentem-se habilitadas a tomar as suas próprias decisões, o que os ajuda a seguir em frente.
80% TEMPO A VALORIZAR E 20% INDICAR COMO FAZER MELHOR (“CRITICAR” ?)
Quantas vezes, no meio de 95995955 coisas ?que correram de forma espetacular e com ótimos resultados, o nosso foco vai para a única coisa que não gostamos, que poderia ser diferente ou que não correspondeu às nossas expetativas.
Já te aconteceu? ?
A nossa mente, cérebro, memória são organismos espetaculares mas é importante, em contexto organizacional, verbalizar o que já podemos saber e pensar ou o que achamos que os outros já sabem!
E a melhor forma de o fazer é, como Líderes e Profissionais 80/20 utilizar o Feedback para lembrar às pessoas o valor que trazem para cima da mesa e claro, o que pode ser interessante refinar ou melhorar.
Reconhecer cada colaborador pelas suas habilidades únicas – os seus pontos fortes – inspira-os a trabalhar melhor. Elogiá-los por acrescentar valor — mesmo de formas pequenas — constrói a sua confiança para abraçar desafios maiores e melhores.
// CODA
Ser Líder, Gestor, Profissional apresenta-se, hoje, como uma verdadeira osmose de paradoxos: se, por um lado, é um lugar solitário, enquanto espaço pessoal de reflexão e decisão, por outro lado, nunca o contexto das interações sociais corporativas foi tão intenso, dinâmico e volátil.
Relacionarmo-nos com equipas, pares, clientes, fornecedores e outros stakeholders, garantindo a satisfação e a realização de todas as partes é um exercício de equilíbrio exigente.
E tanto mais difícil de alcançar, quanto mais o ambiente em que os profissionais se movem se mostra carregado de estímulos e informação.
Obviamente que esta clareza, foco, ações que proponho não aparecem do dia para a noite. É fruto de um trabalho interno em nós e numa influência/calibração do Ecossistema e das Pessoas que nos rodeiam.
De forma recorrente, sendo que sou meio alérgico às más escolhas ?, recorro a esta fábula, porque de facto, é assim que funciona a vida. As organizações não são a vida, mas fazem parte dela:
Mestre, como faço para me tornar um sábio?
– Boas escolhas .
– Mas como fazer boas escolhas?
– Experiência.
– E como adquirir experiência, mestre?
– Más escolhas.
Obrigado, Abraço e Fica Bem,
H