Eu não procuro saber as respostas, procuro compreender as perguntas…
CONFÚCIO
Chief Questions Asker – Práticas e Acionáveis
No artigo anterior partilhei como as questões podem ser uma bussola invisível para podermos navegar no vazio da incerteza, da disrupção e das possibilidades.
E como definem de forma critica o equilíbrio, sustentabilidade, performance e inovação dos Profissionais e Organizações.
A Interrogação Inovadora, que explora a divergência de formas de pensar, fazer, sentir e criar a 720º, terá cada vez mais de ser vista como sendo uma habilidade e competência como outra qualquer e que se sincroniza com outras como a Comunicação, Escuta Ativa, Inteligência Emocional e Facilitação, por exemplo.
Hoje partilho contigo a forma como podes fazer a transferência desses conceitos para a tua realidade profissional e organizacional.
São as abordagens que utilizo, tendo por energia base as Questões e como estas alimentam a galáxia da Engenharia Organizacional e as suas 3 constelações:
- Evolução das Pessoas;
- Transformação/Inovação Organizacional;
- Cultura, Equipas e Fluxos de Trabalho Ágeis.
PESSOAS – O INDIVÍDUO
Se acompanhas o blog há algum tempo, certamente encontras em muitos dos artigos a referência à Auto Liderança, que cada vez mais se assume como uma das nossas maiores fontes de robustez interna e que nos permite estar de mente e coração abertos à mudança e evolução.
Ser um líder, manager ou técnico/especialista pode proporcionar uma viagem paradoxal relativamente ao que são as interações – contigo mesm@ e com os outros:
- Atividade / Contexto solitário onde muitas vezes é complicado refletirmos sozinhos sobre assuntos importantes;
- Interações coletivas muito dinâmicas e voláteis a partir do momento que interagirmos com as nossas equipas, pares, clientes e fornecedores externos e internos.
Cada vez mais o que um Líder e Gestor “gere” são Prioridades, Energia, Sonhos, Possibilidades, Interações, Comunicação, individuais e da equipa.
Ser o nosso própri@ CQA – Chief Questions Asker pode ajudar a trazer o equilíbrio à Força. 😊
Para isso o Coaching e a Appreciative Inquiry são exemplos de abordagens espetaculares, pois permitem uma Consciência, Transformação e Ação auto responsabilizantes.
Têm por base a integração dos nossos Valores, Aspirações, Decisões e Ações para se poderem atingir os resultados Eficazes para os contextos ou temáticas em que é importante existir uma Evolução.
Sendo professor na Certificação Internacional em Profissional Coaching na ICU – International Coaching University, o meu trabalho em alguns dos módulos é preparar os participantes para poderem ser proficientes em muitas dimensões que estão associadas às questões – escuta ativa, perspectivas abertas, utilização da linguagem do interlocutor, seguir o percurso de consciência, transformação e ação.
Partilho aqui perguntas/questões que podem trazer clareza, decisão e performance, na perspectiva do indivíduo:
// Qual é o objetivo, meta ou resultado a alcançar, questão a resolver, necessidade de evolução ou transformação?
// Qual a história que está por detrás dessa necessidade? O que torna este tema relevante agora?
// Qual o estado atual no que ao tema diz respeito? O que está a acontecer em ti e ao que te rodeia?
// O que já estás a fazer neste momento para de alguma forma atingir determinada solução ou resultado? Que impactos estás a ter dessas ações?
// Que recursos e crenças internas potenciam o atingir desses resultados? Que recursos e crenças podem ser mais limitantes? Como podes potenciar os primeiros e mitigar o impacto dos segundos?
// Que ações podem materializar cada uma das possibilidades anteriores? Qual a sua sequência ou estrutura? Quando as vais implementar/executar?
// Como se sentes perante este percurso e sobre as decisões que tomaste e as ações com as quais te comprometeste?

INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL – PRODUTOS, SERVIÇOS, CLIENTES E AS NECESSIDADES DAS PESSOAS E DO MUNDO
Muitas das empresas mais disruptivas e inovadoras surgiram, cresceram e estabeleceram-se tendo por génese gaps, vazios e falta de resposta dos produtos atuais na altura, para conseguirem resolver os problemas de muitos dos seus fundadores ou no seguimento de um mau serviço e “injustiça” que ocorreram.
Então questões como:
- Não existe forma de fazer isto de uma outra maneira?
- Será mesmo necessário todo este processo e confusão?
- Este produto não deveria ter esta funcionalidade?
- Como posso fazer para utilizar “isto” para uma outra funcionalidade e necessidade?
- E se isto fosse feito de uma outra forma?
Alimentaram a curiosidade, aspirações e a criação de novos produtos e serviços. @s Chief Questions Asker fazem essa energia circular!
O Design Thinking utiliza as questões para contrariar a miopia e auto-centrismo que normalmente (e que é humanamente natural) surgem na forma como percepcionamos o valor, numa perspectiva interna do nosso trabalho, produtos e serviços.
Na minha visão, e como filosofia de inovação e materialização de novas soluções e impactos, o Design Thinking “começa” por uma questão primordial (que depois se desdobra em outras obviamente):
O que é que as Pessoas e Mundo precisam?
Esta perspetiva Human-Centric leva-nos depois ao exercício da Empatia, que nos faz imergir no quadro de referência, pains&gains, necessidades, expectativas, receios e aspirações dos Clientes e Utilizadores.
A isso eu chamo Valor.
Seguem-se então duas questões primordiais:
“E Se…?“
É uma questão que despoleta o desapegar do atual e a nossa projeção no éter do futuro, do novo e da possibilidade. Sabemos quais os insights, aprendizagens e necessidades mais prementes a satisfazer ou solucionar e isso serve de farol.
Aqui tudo é possível de ser imaginado e questionado. Assim evitamos os pontos cegos, preconceitos, pressupostos e crenças limitantes.
Apostamos nas Possibilidades, não nas restrições.
De forma formal e deliberada ou de forma caótica e espontânea, ocorre algo. Tecnicamente muitos denominam isto de brainstorming, eu vou mais pela manifestação integrativas de todas as nossas inteligências múltiplas. 😊
Porque nesta dinâmica somos criativ@s pela novidade, corajos@s por colocar em causa, empátic@s porque temos um propósito e ativ@s porque apesar de ser apenas uma ideia, queremos fazer acontecer e assim o sentimos.
“Como Faço Para…?”
É uma reformulação das necessidades do utilizador/cliente que foram descobertas nas etapas anteriores do Design Thinking:
- “COMO” – sugere que ainda não temos a resposta. Ajuda a explorar uma variedade de possibilidades, em vez de simplesmente executar sobre o que “pensamos” ser a solução.
- “FAZEMOS” – Enfatiza que nossas respostas são possíveis soluções, não a única solução. Também permite a exploração de múltiplas soluções possíveis, e significa que não vamos aceitar a primeira ideia que vem à mente.
- “PARA” – Traz imediatamente o elemento de colaboração. Lembra-nos que a ideia para a solução ideal provavelmente virá do coletivo e colaborativo trabalho de equipa.
Exploramos o “Como” através da amplificação do bom, mitigação do menos bom, explorar opostos ou paradoxos, utilizar analogias e comparações, colocar em causa o status quo e transformação criativa do negativo em algo espetacular.
As questões têm ainda um papel superimportante na abordagem da prototipagem e testes de ideias, produtos, serviços, iniciativas, eventos, formações, workshops ou qualquer outra “coisa” que possa ter como objetivo final a compra, utilização, influência e impacto num cliente e utilizador final.
- O que tem de ser verdade para que a(s) tuas(s) ideia(s) funcionem (hipótese, suposição ou intuição)?
- Como vais testar se essa hipótese é verdadeira ou falsa?
- O que vais medir para (in)validar a tua hipótese?
- Como é o sucesso? Qual é o limiar?

CULTURA, EQUIPAS E FLUXOS DE TRABALHO
Também aqui as perguntas/questionar podem trazer impactos maravilhosos e perenes no que ao dia-dia de comunicação, colaboração, partilha e sincronização dos talentos, experiência e agendas 😊 das pessoas diz respeito. @s Chief Questions Asker também aqui podem ajudar!
Ter as Pessoas “afinadinhas” 😊 e termos ideias maravilhosas e centradas nas Pessoas e Mundo não adianta de nada se depois não existe um ecossistema – leia-se o dia-a-dia – onde o florescimento das Pessoas e Implementação das Ideias ficam condicionados pela forma como comunicamos, aprendemos, decidimos e trabalhamos em conjunto – A Cultura Organizacional.
Para mim o melhor teste do algodão da cultura de uma organização é observar o que se lá se passa quando o “chefe” não está. 😊
Comecei a considerar aguardar em halls ou salas de espera quando vou para reuniões ou para realizar projetos como parte do meu trabalho e não um momento morto ou de seca.
É um assessment e sensemaking magníficos. Dá para sentir o ambiente, dá para reconhecer a energia das pessoas e sítio. São muitos anos de Métis. 😊
Através das questões, tornamos explícitos quais os princípios chave e valores que animam as equipas.
Podemos continuar a indagar sobre quais as dimensões e processos organizacionais – liderança, conhecimento, comunicação, execução, gestão da mudança, etc. – que estão a criar os impactos devidos e quais onde existem gaps e ou que até estão a funcionar como sorvedores de energias e fontes de toxicidade.
A partir daí, refletir através das questões sobre quais serão as prioridades da cultura organizacional, tendo em conta as respostas que surgem e quais os comportamentos individuais e de equipa que as vão potenciar e aqueles que poderão mitigar os resultados, performance e transformações que se tornaram relevantes.
Todo este percurso define o que chamo a Cultura Essencial.
Mas existe também a Cultura Emocional, que basicamente tem a ver sobre a forma como mutuamente florescemos como profissionais.
Questões como:
“Como podemos criar um ambiente seguro, descontraído e transparente para que todos possam intervir e colaborar respeitando a sua individualidade e mantendo a responsabilização”?
Ou
“Como é que podemos fazer uma partilha cruzada e polinizada da experiência, lições aprendidas, de casos de sucesso e de situações onde podemos aprender com os erros, resultados ou processos que não correram bem?”
São algumas questões que normalmente coloco aos líderes, managers e equipas quando trabalhamos juntos em workshops ou projetos de transformação organizacional.
Estamos então preparados para cocriar a Cultura Funcional que é, através das questões, imaginar como podemos decidir, comunicar e sincronizar tarefas e agendas da melhor forma.
Aqui o foco é mesmo o materializar de tudo isto no dia a dia, como fazemos com que o sangue, oxigénio, nutrientes e afins percorrem as artérias e veias da empresa.
As respostas poderão ser “materializadas” através de ferramentas ágeis para gestão de tarefas, projetos e respetivas ações e validações como quadros físicos Kanban ou com ferramentas digitais como o Trello, Miro, Jira ou afins.
CODA
Estive aqui a falar muito sobre questões e perguntas, mas obviamente que o corolário das mesmas são caminhos, estratégias, possibilidades e respostas. Chief Questions Asker são os curadores de tudo isto!
O que normalmente acontece é que temos respostas para tudo, mas estas são apenas verbalizadas e muitas vezes estão “contaminadas” com os nossos viés, hábitos e quadros de referência.
Uma boa resposta deve estar visual, escrita, materializada num post-it, caderno, quadro, parede ou em qualquer outro meio físico ou digital.
Apesar de ser um fã do quântico e de, desde a espiritualidade até à inteligência artificial, esta dimensão estar cada vez mais presente, sou também grande adepto do material, corpóreo, daquilo que pode ser acionável, materializado e transposto para ações e comportamentos.
Por isso, de forma individual ou em equipa, regista, desenha ou escreve as respostas em qualquer tipo de meio. E que estas fiquem visíveis, sendo bússolas subtis sobre o que realmente é importante e qual o propósito que levou às mesmas.
@s Chief Questions Asker podem ser os facilitadores internos de vários binómios da Evolução das Pessoas e Organizações – a Exploração e a Decisão, a Pergunta e a Resposta, a Contribuição Individual e a Geração de Consensos em Equipa.
Para além de estimularem a criatividade, as questões dão um superpoder que considero primordial para estarmos sempre em cima da jogada:
As questões dizem-me o que eu ainda não sei, e essa “informação privilegiada” é fabulosa.
ATÉ JÁ! 😊
Aproveito para te desejar uma de duas – Boas Férias ou Bom Regresso das mesmas, visto que o blog e o seu colunista 😊vão entrar num período de Slow Living.
E que, mais do que à procura de respostas, possas estar abert@ a questionar, colocar em causa e imaginar novos futuros e, aguardando serenamente, ver o que daí surge!
Obrigado, Abraço e Fica Bem,
H