Estruturar a Liberdade Organizacional (Parte 2)

Estruturar a Liberdade Organizacional (Parte 2)

Estruturar a Liberdade Organizacional (Parte 2)

871 581 Hugo Gonçalves

Paradoxalmente, o compromisso dá-nos liberdade, porque já não nos distraímos com o que não é importante e é frívolo. A rejeição de alternativas liberta-nos – rejeição do que não está alinhado com os nossos valores mais importantes e com os padrões que escolhemos, a rejeição da procura constante da vastidão sem profundidade.

Mark Manson

Como podemos Estruturar a Liberdade Organizacional? (Parte 2)

Continuamos então esta viagem sobre a Liberdade Organizacional e como esta se pode manifestar em palcos como o trabalho, as organizações e tudo o que gravita à volta do Negócio.

O trabalho sempre foi uma abordagem de manifestação e evolução. Saber fazer algo bem permitiu-nos sobreviver, depois aprender, depois sermos mestres na interpretação e domínio do mundo físico e desde há séculos tem representado poder. 

Estando nós a entrar numa era onde as fronteiras  já não fazem sentido, onde estamos a perceber que de facto tudo faz parte da vida e que a parte profissional é obviamente uma parte pessoal muito importante, aquilo que as Pessoas e o Mundo associam ao sucesso num contexto profissional está também a sofrer uma metamorfose. 

As pessoas anseiam por escolha, por estímulos, por reconhecimento. A Liberdade Organizacional também é isso, mas não só.

Gosto muito das Liberating Structures porque mexem com os nossos “botões” técnicos, emocionais e relacionais.

São um “trampolim” da transformação do potencial, experiência, conhecimento, criatividade e bom senso das pessoas em performance, impactos, outcomes – produtos, serviços, formas de trabalhar.

Como referi no artigo anterior sobre esta temática, nas organizações fala-se muito, mas conversa-se pouco. ?

Os curadores das LS, Henri Lipmanowicz e Keith McCandless, “catalogaram” os eventos de grupos de pessoas e como interagem numa organização, com as seguintes categorias:

  • apresentações
  • discussões e painéis de debate
  • reuniões de status
  • discussões abertas
  • ideação

Quanto temos que interagir nestes formatos de comunicação, reflexão, partilha e decisão é porque existem, de forma individual ou simultânea desafios, problemas, restrições, dúvidas, oportunidades, aspirações, objetivos e necessidade de parar e apanhar o helicóptero e ver o que está a acontecer.

  

// COMO FUNCIONAM AS LIBERATING STRUCTURES

Eu diria que podemos fazer analogias com a Wikipedia e com o Jazz. ?

A Wikipedia é um espaço onde todos podemos contribuir e onde existem regras simples para, ao mesmo tempo, guiar e tornar rico e aberto o contributo de todos.

Os Devemos e Não-Devemos da Wikipedia especificam como qualquer pessoa pode escrever artigos, editar conteúdo, chegar a um consenso sobre os factos e compartilhar citando referências. Essa estrutura possibilita que uma comunidade diversa gere e sustente um conteúdo preciso e útil.

O Jazz é uma improvisação de talentos, “deixas” e jogo criativo.

Não sendo um expert, o que mais curto no Jazz de improvisação é a forma como todos se deixam levar pelos estímulos mútuos, pela imaginação de cada um dos músicos, sendo esse caos utilizado para encontrar uma linguagem comum, um fio condutor, uma harmonização melódica.

Cinco elementos definem o desenho por trás de todas as Liberating Structures. São elementos de design porque podes fazer escolhas sobre eles com base no que queres alcançar. Os cinco elementos são:

  • a estrutura do convite (escuta-me);
  • como o espaço é organizado e que materiais são necessários;
  • como a participação é distribuída;
  • como os grupos são configurados;
  • uma sequência de passos e de alocação do tempo.

Podemos elencar duas premissas que vão guiar qualquer evento, workshop, projeto ou iniciativa onde utilizes as LS:

  • É preciso controlar o processo para se alcançar o resultado determinado;
  • O grupo é sábio e vai encontrar o melhor caminho a partir da percepção, competências, ideias e decisões dos elementos que o constituem.

É relativamente confortável ser guiado por apenas uma destas linhas de pensamento. Estas premissas são importantes para conseguirmos tomar a melhor decisão no que a isto diz respeito – escolher entre interferir, ou não interferir no processo. 

Assim esta navegação, fluidez e dança que o líder, gestor, facilitador, profissional esteja a “moderar” nestes eventos são a materialização no famoso Caminho do Meio.

Até podemos considerar como sendo uma terceira força, constituída a cada instante pelo que as Pessoas e contexto necessitam destes dois polos, na combinação adequada.

Um dos melhores exemplos da terceira força são as cores que acontecem no início e no fim do dia. O brilho pálido do meio-dia, ou a densa escuridão da meia-noite, não se comparam com a explosão de cores e nuances quando a noite e o dia se encontram e vice versa.

Para de facto se conseguir fazer um trabalho integrativo nestas áreas de desenvolvimento e inovação profissional e organizacional:

// Desenvolvimento de Pessoas/Coaching/Mentoring;

// Inovação Organizacional, Design Thinking e Criatividade;

// Desenvolvimento de Cultura, Equipas e Workflows;

é necessário que todos os que participam assumam responsabilidades.

O compromisso também é um ato de liberdade. Pois torna mais claro, rico, concreto quer o problema quer as soluções.

Para mim e no meu trabalho, a utilização das Liberating Structures, Design Thinking e Criatividade, Coaching e abordagens Ágeis de cultura organizacional e fluxos de trabalho pede que eu esteja com uma atenção mais presente, plena, e onde é importante eu dar espaço e lugar para o inesperado e complicado. Através disso dá-se espaço a possibilidades e tornam-se claras as oportunidades.

Libertar o melhor de cada profissional e de cada empresa é uma das minhas missões profissionais.

E isso só é possível através da interação evolutiva e simultânea de Pessoas, Ideias, Processos e Cultura.

Como referi, existem mais de 30 Liberating Structures, e todas podem ser usadas isoladamente ou em sequência ou numa denominada string.

Partilho contigo uma lista das Liberating Strucutures e como as podes utilizar da melhor forma – LIBERATING STRUCTURES MATCHMAKER (uma espécie de Tinder ? que alinha as necessidades organizacionais com as estruturas mais adequadas). Na imagem seguinte partilho também alguns papéis ou funções de “facilitação” de equipas, grupos, colegas e clientes onde as LiberatingStructures estão a ser utilizadas com bastante sucesso.

CRÉDITOS: FERNANDO MURRAY LOUREIRO

Assim, as Liberating Structures são certamente uma ótima abordagem para materializar a Liberdade na Organizações –  Engenharia Organizacional!

 

// EM RESUMO… LIBERATING STRUCTURES E LIBERDADE ORGANIZACIONAL

  • As Liberating Structures (LS) desenvolvem a segurança de uma equipa e organização, promovendo empatia e confiança;
  • As LS são uma ótima ferramenta para a solução criativa de problemas, porque envolve todos, resultando numa maior diversidade de pensamento e opiniões;
  • As LS são uma ótima forma de materializar equipas, fluxos de trabalho, mindsets e heartsets de pessoas, profissionais e organizacionais ágeis;
  • As LS são uma forma de compromisso individual alinhado com o design de um alinhamento organizacional;
  • Conversa-se, Trabalha-se, Decide-se, Olha-se de Frente, Faz-se algo relativamente ao que é Verdadeiro, Importante e Real para as Pessoas e Organização.

 

 

// TESTE RÁPIDO ? (ironia não intencional)

Para avaliares se a tua equipa, pares, líderes, colaboradores, clientes, parceiros e partes interessadas estão com algum desafio em que as LS poderão ser aplicadas, aqui fica uma pequena checklist:

  • Ao reunir as pessoas, tens a noção de que as coisas fogem do controlo rapidamente?
  • Decisores e influenciadores na tua organização têm grandes diferenças em termos de poder e informação?
  • Conseguir dar resposta aos desafios e às oportunidades implica algum contexto de trabalho colaborativo de pessoas muito diferentes, com modelos mentais e emocionais diferentes?
  • A coordenação entre as pessoas em alguns pontos e momentos está fraca ou solta ou caótica?
  • As orientações gerais são tão imprecisas a ponto de dificultar a ação das equipas?
  • Está a ser desafiante para ti e para a tua organização integrar os resultados de diversas equipas, fluxos de trabalho, decisões, e fazer com que esses ganhos beneficiem coletivamente a organização?
  • É complicado partilhar lições aprendidas e boas práticas nas equipas, entre equipas e na organização para identificar e registar os gaps e definir o que será a boa prática no futuro?

Quero realçar que acredito que neste contexto das Pessoas e Organizações, Liberdade não significa fazer o que nos apetece.

Liberdade tem a ver com fazer o que necessita ser feito. Só com liberdade posso escolher o qual meu compromisso e só energizado por este e claro, com outras competências, conseguimos materializar impacto e evolução.

Ao escrever estas linhas aparece-me nos fones uma música da Rita Vian – Cao’sa. O título da música está muito catita. O Caos como Causa. ?

Se calhar é mesmo isto que é importante para podermos conquistar e robustecer a nossa Liberdade Organizacional.

E através das Liberating Structures, questionar, responder e materializar sobre estes versos dessa música:

“Que parte fica intacta, Que parte é que mudamos, O inteiro não tem parte, Em tudo transformamos”

Catita, Verdadeiro, Profundo e Aplicável a Pessoas e Organizações, certo? ?

Obrigado, Abraço e Cuida-te,

Hugo

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