Y=f(x) ou a importância da Incerteza

Y=f(x) ou a importância da Incerteza

Y=f(x) ou a importância da Incerteza

1920 600 Hugo Gonçalves

A incerteza dos acontecimentos é sempre mais difícil de suportar do que o próprio acontecimento.  

Jean Massillon

 

Aos dias de hoje, considero que a palavra Mudança é curta para representar os nossos desafios como profissionais e organizações. Assim irei escrever sobre a INCERTEZA.

A Incerteza é um dos pilares do VUCA (volatility, uncertainty, complexity and ambiguity). E é neste VU(l)CA(o) que hoje em dia vivemos, a todos os níveis.

Como sempre aqui neste blog, foquemo-nos nas Pessoas e Organizações. Todos nós já sentimos o VUCA na nossa vida:

volatility | VOLATILIDADE – Alguma boa prática que está definida que rapidamente desaparece como standard ou guideline devido ao não alinhamento das equipas e incoerência das lideranças;

uncertainty | UNCERTAINTYComo serão áreas de negócio daqui a 5 anos? Que tecnologias irão vingar? Que evoluções irão existir na saúde, farmacêuticas, comunicações? E nas relações humanas, na política e na sociedade? Tudo o que possamos projetar é apenas isso – expetativa ou sonho.

complexity | COMPLEXIDADE – cada vez mais produtos e serviços são disponibilizados aos clientes e utilizadores através do que denomino de “consórcios” – uma APP, por exemplo precisa de programadores, developers de UX (user experience), gestores de projetos, marketing…. de empresas diferentes. A mesma situação ocorre para os automóveis, retalho, utilities. 

ambiguity | AMBIGUIDADEAqui já estamos a viver um presente algo complicado de gerir. Como se pode criar alinhamento onde pessoas, negócios, serviços, produtos são vistos, percecionados e utilizados por diferentes pessoas? Smartphone, Online News, Facebook? Bom ou Mau? Se é bom, porque é que estamos a entrar em modo “cyborg” – os equipamentos começam interagir connosco de uma forma quase humana e dedicamos-lhe mais atenção do que a pessoas e conversas reais? Se é mau, porque é que existem mais de 2 biliões de utilizadores de redes sociais?

Sendo engenheiro de formação, mas não tendo exercido a atividade da forma mais tradicional, é com alguma relutância e com um pedido antecipado de desculpas que vou propor uma “equação” para podermos criar um fio condutor para lidar com o VUCA e de facto conseguirmos ser os nossos próprios líderes e gestores da Mudança numa organização:

 

Y = f (x)

MUDANÇA EFICAZ = f (VISÃO, COMPETÊNCIAS, SENTIDO DE URGÊNCIA, RECURSOS, PLANO DE AÇÃO)

Hein? 🙂

 

 

VISÃO PARTILHADA – Esta fase dedica-se a construir uma visão partilhada não só do futuro, mas também do presente e do contexto de experiências passadas onde as empresas não realizaram um processo de fecho e de lições aprendidas, devidamente documentadas.

Na prática, aqui estamos a falar de situações onde antes de sabermos qual poderá ser o caminho (inovação, transformação, etc.) é necessário assegurar que o básico – boas práticas, comunicação interna, abertura para troca de ideias e divergências profissionais – está consolidado. Para 95% das organizações inovar (e com muitos ganhos e resultados) será “apenas” implementarem no dia-a-dia aquilo que está estruturado em fluxogramas, listas de distribuição e matrizes de responsabilidade de forma consistente.

 

COMPETÊNCIASReflita no conceito dos profissionais generalistas/especialistas ou dos profissionais π Shaped (ver link). Profissionais e colaboradores π shaped possuem uma base técnica e emocional bem consolidada. Isto implica que sejam ambidextros a nível mental – lógicos + criativos, objetivos + relacionais. São profissionais que possuem uma forte especialização não em um mas em dois ou mais domínios – técnicos, lógicos, criativos e até mesmo emocionais. Competências Emocionais, Relacionais, Técnicas e de Curiosidade procuram-se!

 

SENTIDO DE URGÊNCIAO sentido de urgência é um dos maiores inspiradores da evolução organizacional. Não significa trabalhar de forma urgente, a apagar fogos. Nada disso. Significa sermos inquietos, termos curiosidade de explorar ainda mais as nossas capacidades e encararmos as ameaças e problemas como desafios.

Como se fosse um jogo. Apesar de estar muito na moda, o Gamification já existe há milhares de anos. Jogos de poder, sedução, guerra, não faltam na nossa História. 🙂

É absolutamente crítico que todos na organização estejam em modo de “Atenção Plena” – identificar as Grandes Oportunidades. Este sentido de urgência começa e acaba na gestão de topo. Deve ser comunicada“transmitida de forma a que seja compreendida” para toda a organização através da informalidade da interação e da coerência dos comportamentos.

 

RECURSOS – O artigo já está a começar a ficar um pouco longo e o tópico é auto-explicável. 🙂

Mas lanço a seguinte reflexão: Se existem recursos disponíveis (pessoas, tempo, €€€) para apagar fogos, reparar, retrabalhar, atender a reclamações de clientes insatisfeitos, para desenrascar não poderemos utilizar os mesmos recursos para, apenas reorganizando as prioridades e pararmos para pensar, trabalhar de forma mais eficaz?

 

PLANOQuem se lembrar da Série “Soldados da Fortuna”, certamente ficou marcado pela personagem de John “Hannibal” Smith, que no fim de cada episódio, sempre fumando um charuto e sorrindo de orelha a orelha rematava a história com seguinte comentário – “Adoro quando um plano dá certo”. Planear é importante, mas antes disso reforço que é importante uma fase anterior, tal como fazem os militares:

  • avaliar o terreno;
  • definir o risco;
  • estabelecer prioridades;
  • e só depois definir qual o melhor plano.

 

Como escreveu Thomas Mann no seu livro “Os Buddenbrooks”:

Todos trazemos dentro de nós a semente, o início, a possibilidade para todas as capacidades e confirmações do mundo.

A Incerteza faz parte deste caminho. Esteja atento de forma plena às Oportunidades que ela pode trazer.

Obrigado e um abraço,

Hugo

 

 

 

 

 

 

 

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