Para ganhar conhecimento, adicione coisas todos os dias. Para adicionar sabedoria, elimine coisas todos os dias (Lao Tsé)
Diz que lenda que a Biblioteca de Alexandria foi fundada em 306 antes de Cristo, por Ptolomeu I, sucessor de Alexandre o Grande, e continha cerca de 700 mil itens. Os responsáveis pela Biblioteca tinham autorização para comprar todos os pergaminhos existentes da época. Plotomeu acompanhou Alexandre nas várias campanhas militares que forjaram um império que se estendia desde a atual Grécia até às portas do que é hoje a Índia e a Biblioteca era a materialização e consolidação da visão de Alexandre, cujo sonho era criar e fazer evoluir uma civilização que continha o melhor do oriente e ocidente, ao nível cultural, científico e económico.
Na Biblioteca, era compilada, armazenada e materializada toda a informação conhecida sobre tudo o que de mais avançado existia ao nível do conhecimento – matemática, astronomia e mapas estelares, filosofia, medicina. Um repositório da evolução do conhecimento humano. Foi nesta época que surgiu de uma forma oficial o papel de bibliotecário | curador.
Inovar, tomar uma decisão, despertar a criatividade, conectar-se com o que acontece no mundo lá fora, preparar-se para o futuro – estes são alguns dos desafios e recompensas que as organizações devem conquistar. Hoje em dia estamos rodeados e esmagados de informação e dados. Mas todo o genuíno conhecimento vem da experiência. Um processo onde se confronta uma determinada ideia-chave ou metodologia|tecnologia com a nossa realidade e|ou percepções.
Em Negócios, significa irmos além da simples pesquisa e transmissão de informação. Significa contextualizar, refinar e customizar tendo por farol o ADN e cultura da empresa.
Um Curador Corporativo será então alguém que realiza esta atividade de busca de conhecimento, para que este possa ser modelado pela organização para sustentar o seu presente e criar a prosperidade e o lucro com propósito.
O Curador Corporativo tem como foco encurtar o tempo e a distância entre as Pessoas|Negócios e a informação|conhecimento que as podem transformar e fazer evoluir.
Para que o Curador Corporativo possa realizar contribuir da melhor forma para criar valor e apontar caminhos à organização, esta tem de contribuir com os seguintes inputs e sinergias:
- Definição e comunicação clara do seu Propósito e entendimento por parte de todos os envolvidos sobre como pretende ajudar, resolver problemas e criar experiências aos seus clientes;
- Consciência Organizacional – mapeamento e comunicação da sua Estratégia | Modelo de Negócios | Desenvolvimento Cliente | Boas Práticas | Melhores Atitudes;
- Canais de Comunicação fluídos;
- Estrutura informal|formal que permita o desenvolvimento e execução de processo autónomos de Empreendedorismo Interno (contextualizado com área e dimensão do negócio);
- Liderança que fomente, através do papel de suporte e motivação, um ambiente de procura da mudança, desenvolvimento de colaboradores e equipas e autonomia.
Então, qual será o perfil de um Curador Corporativo?
Os contextos envolvidos são imensos e diversos. A vastidão de informação e conhecimento também. Nesse sentido, as Pessoas que realizem estas atividades poderão contribuir da melhor forma se possuirem ou desenvolverem as seguintes competências e atitudes:
Curiosidade – interesse e alinhamento com o Mundo que nos rodeia, com o micro-mundo que é uma organização e com todas as envolventes (tangíveis e intangíveis) que podem criar impacto;
Ser Visionário – não no sentido esotérico do termo mas sim possuindo a intuição e visão abstrata que permita encontrar o melhor puzzle e mix no meio de montanhas de informação e dados;
Network savvy – experiente na pesquisa de conteúdos, ideias, opiniões, visões, sonhos e seus autores;
People savvy – criando empatia e rapport com todos os envolvidos, conhecendo os interesses, pains and gains dos clientes (internos e externos) da organização, através da escuta ativa e vontade genuína de ajudar e partilhar;
Sentido de missão|serviço – alimentado pela ideia do bem comum e da importância da ideia de que as organizações são o palco do bem comum e algo maior.
Quais os benefícios que esta nova cadeia de valor proporciona a todas as organizações?
- Em primeiro lugar, garante-se uma conexão alinhada com o Mundo e um melhor acesso a várias gamas de conhecimento, específicos do negócio e disruptivos, que permitem reforçar os seus alicerces como empresa e agilizar a mudança ( a única constante da vida);
- Desenvolvem-se hábitos de reflexão e transformação, ao permitir que todos na organização tenham acesso a conhecimento que pode ser utilizado para alterar, refinar e consolidar atividades e processos;
- Construção de fluxos de comunicação mais intuitivos (em formato social network ou blog);
- Enriquecimento dos projetos de inovação e desenvolvimento, ao estimular os processos de co-criação interna e a ideia de que todas as funções e cadeias de valor contribuem para a definição, desenvolvimento, execução e delivery dos melhores produtos e serviços;
- Estimulação das competências e experiências humanas ao nível da curiosidade e criatividade, colocadas ao serviço das organizações;
As empresas passam a materializar a Evolução, ao invés de serem processos de Execução.
Em outros artigos, partilhei a ideia de que as empresas necessitam de novos “profissiogramas”.
Funções e cadeias de valor de contra-poder, de ruptura controlada e sempre, sempre de natureza positiva. Um Coach Corporativo pode ajudar os Negócios e as Pessoas a encontrarem o seu propósito e a transformarem o seu potencial em performance. Um Agitador Corporativo fomenta o colocar em causa, combate a inércia e fomenta o empreendedorismo interno.
O Curador Corporativo funciona como um oráculo empresarial, desenvolvendo a consciência do que existe no Mundo e partilhando possíveis visões do futuro, que cabe à organização construir.
Abraço | Hugo Gonçalves