Métis (Parte 2) e Engenharia Organizacional

Métis (Parte 2) e Engenharia Organizacional

Métis (Parte 2) e Engenharia Organizacional

1366 521 Hugo Gonçalves

TUDO, EM TODO O LADO, AO MESMO TEMPO

Anónimo

Métis e Engenharia Organizacional

Nesta segunda parte do artigo, continuo a explorar o conceito de Métis e como este pode contribuir para a performance equilibrada dos profissionais, equipas e organizações.

E apresento as abordagens e metodologias que poderão contribuir para o desenvolvimento e capacitação das Pessoas e materialização dos Impactos que referi e detalharei em seguida, num contexto corporativo.

90 mil gerações ocorreram e ainda que estamos a explorar “paisagens”, sentindo perigos e oportunidades.

A verdade é que sempre fomos nómadas, desde os nossos primórdios. A única coisa que causa a sensação de diferença é o tempo e a sua relatividade. 

Começamos a estar juntos em aldeias, vilas e cidades, mas ao fim de um tempo queremos viajar e conhecer outros lugares e culturas. Desejamos a presença e segurança de pessoas próximas, mas quando existe uma evolução e alteração de propósitos de vida, seguimos (ou não, muitas vezes) para outros relacionamentos – sejam familiares, amorosos ou de amizades.

Então como é estar em registo Métis num contexto profissional?

Quando exploras uma nova paisagem ou visitas um novo local, a tua atenção está aberta e em modo esponja e absorção.

Algo te chama a atenção, e depois outra coisa e ainda outra. Essa recetividade é inata, mas claro que fica algo limitada quando estamos em gabinetes, open offices ou mesmo em casa, focados em tarefas e processos, em vez de valor, impactos e imaginar novas possibilidades para poder dar resposta ao que as Pessoas e Mundo necessitam -através de produtos, serviços, tarefas e decisões.

Se não estás com e vês, sentes e escutas os teus pares, líderes, equipas, clientes, fornecedores, então realmente não os conheces de verdade. Não reconheces o que fazem e porque fazem, quais os seus recursos e habilidades inatas, quais os seus desafios e gaps.

Se apenas olhas para os números de um produto, serviço, processo, então não os conheces realmente e percebes como funcionam, o que fazemos de forma competente e onde poderão existir melhorias.

Quando conseguimos estar neste estado de presença em modo Métis – como definido no artigo anteriorsomos imersos pelos detalhes, contextos, atores, impactos.

Pode ser demasiado para apenas um líder, manager ou profissional.

Mas é perfeitamente gerível e exequível para uma equipa multidisciplinar em competências, hierarquias, experiências e espectros (processos vs. produto, marketing vs. operações, CEO vs. Operacional).

Porque neste momento é importante estarmos atentos e responsivos ao seguinte contexto:

TUDO, EM TODO O LADO, AO MESMO TEMPO ?

// CORAÇÃO E MENTE ORGANIZACIONAL – JUNTOS

E aqui entra a importância das habilidades emocionais e relacionais no contexto profissional.

Organizações, processos, KPIs são suportados pela mente. Vendas, Marketing, Design são inspirados pelas Emoções.

Por isso, só com a lógica, mente, informação, processos, estrutura não vamos lá ?

Em muitas civilizações e sociedades mais contemplativas, coração e mente são representados apenas por uma palavra. Assim acontece no idioma páli, no sânscrito e outros.

Trabalhar neste registo de TUDO, EM TODO O LADO, AO MESMO TEMPO implica Métis. Isto inclui a sincronização de mente + emoções + sabedoria colaborativa + propósito comum.

Só depois estamos em condições de desenhar e implementar o resto.

O profissional KNOWMAD que possui a sua Métis desenvolvida e reconhecida sabe aguentar a incerteza. Faz investimentos com objetivos para esta vida e para as próximas. ?

Sabe manter-se robusto ao navegar na incerteza. Possuí o que John Keats chamou de habilidade de estar em “incertezas, mistérios, dúvidas sem a busca impaciente por fato ou razão”.

Quanto mais complicado o cenário, mais o Knowmad se apoia na paciência. Quanto mais confusa a cena, mais tolerante e flexível sua perspectiva. El@ não tem apenas uma consciência de sua própria ignorância, mas de sua própria vulnerabilidade perante esta.

Navegar entre o Nível 1 e 2! É esse o caminho menos percorrido! ?

O Nível 1 está curioso e mistura a informação, procurando semelhanças e ritmos de forma orgânica. Perspectiva possibilidades, coloca em causa, entra num processo criativo, absorve todos os sinais e estímulos verbais, não verbais e de ambiente.

É o Nível 1 que me permite, por exemplo, “Sentir o Ar” de uma organização.

Qual é a energia de uma equipa ou open office? Como as pessoas se cumprimentam? Qual é o seu ritmo e energia? É de reação e pressão ou de propósito e inovação?

Como se manifesta a intimidade destas pessoas que trabalham juntas? Qual a conceção não verbal comum de autoridade e individualidade?

Não são apenas os indivíduos que o meu inconsciente tenta discernir, mas os padrões entre eles. A ideia não é apenas descrever os peixes do rio, mas a natureza da água na qual nadam.

Com o tempo, começo a integrar! ?

Em algum ponto há um momento de calmaria, e observações díspares integram-se criando um todo coerente. Os contornos da imagem do meu cérebro harmonizam-se com os contornos da realidade desse novo lugar.

Cada vez mais as pessoas (ao contrário do que se pensa) não querem um plano ou gestão de carreira. Aliás muita gente está a afastar-se deliberadamente do elevador corporativo convencional, onde só existe ir para cima, para baixo ou para fora ?.

Muitos líderes, managers e profissionais desejam ir para os lados, para os sudoestes, noroestes, sudestes e nordestes da vida. E atualmente necessitamos de fazedores, sonhadores, organizadores e motivadores para explorarmos devidamente esses pontos cardeais oblíquos, paradoxais, que parece que não fornecem um rumo.

De facto, talvez não, se pensarmos em rumo apenas como um percurso linear.

A Evolução, Iteração, Experimentação implicam o nosso amigo 720º e nesse sentido todas as georreferencias de conhecimento, relações, emoções, possibilidades, riscos que possamos captar são de valor, para podermos navegar à vista, mas no meio do oceano. ?

Assim, os Profissionais desejam uma Professional Evolution, não propriamente uma Employee Experience na sua interação com a organização.

// MÉTIS E A ENGENHARIA ORGANIZACIONAL

Tudo isto é muito bonito e fixe, mas só se torna verdadeiramente relevante se for materializado. ?

A Métis profissional é super revelante porque as organizações devem acompanhar as novas fases de desenvolvimento humano. Dantes existia infância, adolescência, ser adulto e velhice. No more! ?

Atualmente as Pessoas passam pela infância, adolescência, jovem adulto, adulto, odisseia, reforma ativa e velhice. Vivemos mais anos cronológicos e isso implica viver novas fases de evolução e auto atualização.

A Odisseia significa o Explorar e Brincar ao Mundo Organizacional, a possibilidade continuarmos a viver uma juventude, não cronológica, mas sim emocional, relacional e de capacitação e aprendizagem de novas competências, através de contínuos desafios.

A Odisseia é um “jogo” que as organizações podem e devem proporcionar a todos os seus colaboradores, independentemente da hierarquia. E nesse sentido, todos têm o seu papel nessa aventura. 

Todas as competências, experiências, trabalhos colaborativos, novas possibilidades, lições aprendidas não são demais.

Porque a Odisseia é apenas uma forma mais tranquila, descontraída e motivadora de lidarmos com o Mundo Líquido.

As organizações podem preparar os seus profissionais – que são basicamente os seu princípios ativos e órgãos – para alinhar o que as Pessoas e Mundo necessitam com a Odisseia profissional que irá levar simultaneamente ao desenvolvimento das Pessoas e à criação de melhores produtos, serviços e formas de trabalhar.

Métis e Engenharia Organizacional é então atingir a homeostasia – o Equilíbrio adequado e o Otimismo Realista é, para além um ideal, uma necessidade de robustez no presente e uma ferramenta de preparação do futuro.

Nas Pessoas, a Métis manifesta-se através da genuína aceitação das mesmas como sendo @s especialistas na sua própria vida. E que possuem os recursos necessários para poder realizar o percurso de Consciência, Transformação e Ação – através de Coaching, Mentoring, Self Leadership e desenvolvimento de Inteligência Emocional e Múltiplas;

Na Inovação e Desenvolvimento Organizacional, expressa-se através de uma genuína curiosidade pelos Outros – Pessoas e Mundo, os seus “pains&gains”, as suas aspirações, as necessidades funcionais, emocionais e relacionais que pretendem obter de um produto, serviço, processo – através do Design Thinking, Resolução Criativa de Problemas, Customer Development e Futuring.

Na Cultura e Fluxos de Trabalho, representa a sincronização adequada entre competências, prioridades, objetivos, performance e cultura. Através do Agile, Design de Equipas e Cultura, Management 3.0, Liberating Structures, Cultura por Valores.

Agora, e pensando exclusivamente em ti, Métis é então a tua Astúcia e Inteligência Prática profissional.

Caracteriza a tua forma simultaneamente vivencial e experiencial, sinóptica e sagaz, realista e de decisão e ação, de manifestares Quem És naquilo que Fazes!

Obrigado, Abraço e Cuida-te,

Hugo

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