Estou a ler o novo livro do Mark Mason, denominado “Está tudo Fodido” (desculpa a linguagem).
De facto ele coloca as coisas de uma forma bastante clara e concisa. 🙂 Mas estamos de acordo. Ou melhor, vivemos de facto alguns desafios.
Nos meus projetos profissionais menciono os VUCAs, os paradoxos, o equilíbrio e da falta dele, o problema da Regra de Ouro e como é complicado aplicar a Regra da Platina. De como as Pessoas não se podem desenvolver sem a Organização e vice-versa. Juntos!
Partilho com os meus colegas e clientes o fantástico que é podermos andar com a cabeça no ar (inovação e estratégia) mas que isso tem que representar uma aplicação concreta (execução) e sustentabilidade (produtos e serviços exequíveis, desejáveis e financeiramente viáveis).
Juntamente com a minha sócia e outros parceiros damos o nosso melhor para promover a ideia de que se pode trabalhar e analisar coisas sérias “a brincar” através da Engenharia Organizacional® – um mix de Coaching de Equipas, Criatividade e Design Thinking para desenvolvimento organizacional, problem solving, melhoria contínua global e funcional. Nesta abordagem, os maiores especialistas da organização – os próprios colaboradores – têm oportunidade de contribuir para a identificação dos melhores desafios e oportunidades e de escolher quais as melhores soluções e ideias.
Graças a essa mesma sócia, acredito piamente que o Happiness Management, devidamente contextualizado e consistente e trabalhado com seriedade e profundidade, irá permitir criar o melhor ecossistema organizacional porque as pessoas, com esta abordagem, terão acesso a ferramentas e estratégias práticas para poderem gerir melhor as suas emoções, energia, tempo e ambientes de interação com os outros.
E nem sempre sendo eu próprio o melhor exemplo ou praticante, estou rendido ao impacto da inteligência emocional, da atenção plena e de tudo aquilo que as constitui – autoconsciência, autorregulação, automotivação, empatia e relações – e tudo aquilo que nos pode dar – uma clareza e aceitação interiores, uma curiosidade por algo maior e subtil, um interesse genuíno pelos outros e nesse sentido uma vida interior e em sociedade mais preenchida e rica.
O livro do Mark Mason é sobre Expetativas e Esperança. E sobre como é melhor viver sem elas.
Hein?
Esta perspetiva dele deixou-me a pensar. Estas são duas dimensões emocionais super-impactantes. Estou curioso agora. Como se manifestam as Expetativas e a Esperança em ti e na tua Organização?
Vamos então explorar alguns pontos diferenciadores entre uma e outra:
PROPÓSITO – A Esperança é um motivador interno, enquanto a Expetativa é um ativador associado a resultados onde os outros terão um impacto importante. Ambas têm um papel fundamental na construção da visão daquilo que queremos, e eventualmente através de uma atenção plena, daquilo que realmente precisamos.
GRAU DE CERTEZA – Neil Hannon e os Divine Comedy têm uma canção fabulosa – Certainty of Chance. Música e Letra top. Fala sobre a Certeza do Destino. A Esperança tem a ver com o que desejas. As Expetativas, é sobre o que antecipas. A primeira lida bem com a incerteza, a segunda tem dificuldades em aceitar quando o resultado é diferente daquele que foi percecionado como adequado ou justo.
TIMING – A Esperança é uma Energia de antecipação para ações futuras. Se estás neste momento a fazer algo no sentido de atingir um determinado resultado, a Esperança não te dá certezas sobre os resultados que vais obter. Mas mesmo assim inspira-te a percorreres esse caminho sabendo que um dos resultados pode ser o vazio ou nada. A Expetativa é uma convicção (ou imagem mental) do futuro baseada nos resultados esperados das ações em curso ou a serem realizadas.
Expetativas e Esperança são necessárias. Ambas. Simbióticas. Na dose adequada a cada contexto, pessoa, organização ou ecossistema.
Ao contrário do que muitos defendem, acho que não existe grande problema em termos Esperança e Expetativas. Fazem parte de nós. Onde estaríamos agora sem elas? A grande questão (e o grande problema) é sabermos internamente e em comunicação com os outros definir quais as Expetativas e aceitar quando os resultamos esperados não acontecem.
O problema das Expetativas é mesmo esse – não saber aceitar que os resultados e as “recompensas” esperadas não vão chegar ou acontecer. Esse aceitar em alguns casos pode ser (mal) interpretado como insucesso. Mas é apenas um resultado. E principalmente, não nos define como Pessoas.
Olhar para as Expetativas de forma isolada sem o enquadramento anterior, pode ofuscar toda a beleza do percurso, evolução e aprendizagens profundas que fizemos. Cada vez mais, quando penso em percursos, sinto muito boas sensações, mesmo que tenham levado a situações/resultados complicados. Quando penso em objetivos ou metas, normalmente sinto uma pressão e uma racionalidade que já não tem lugar em mim.
Por isso, o não saber fazer o luto das Expetativas pode levar a crenças. As crenças são as histórias que contamos a nós próprios após algumas experiências fortes ou intensas. Quando olhamos de frente para as nossas crenças e as conseguimos dividir em factos e fake news, ficamos com uma visão HD sobre nós próprios. Assim sendo, podemos tomar as melhores decisões e a responsabilizarmo-nos por elas da melhor forma.
Então, acho que numa organização é cada vez mais importante existir uma conversa aberta e franca sobre a Esperança e as Expetativas das Pessoas.
Aqui estão algumas sugestões ou pontos-chave de reflexão:
Expetativas
- Correta Definição de Responsabilidades;
- Que Resultados se pretendem alcançar e Porquê;
- Avaliar o “Sucesso” e “Fracasso” como Resultados Bons e Oportunidades para perceber o que correu mal (causa-raiz) e o que podemos fazer de diferente (lições aprendidas);
- Utilização de Critérios bem definidos;
- Utilização de ótimos Briefings e Debriefings para que tudo o que se pretende e tudo que realmente aconteceu seja claro como a água;
- O que esperam de nós pessoas, clientes, fornecedores, partes interessadas, clientes;
Esperança
- Quais são os teus desejos e sonhos para o trabalho e para a organização?
- Quais são os sonhos dos outros para o trabalho e para a organização?
- Que novas possibilidades existem? Como podes chegar lá?
- Que desafios existem? Como podes encontrar uma “solução”?
- O que é necessário fazer de diferente? E como o podes fazer?
- E qual a tua Esperança? O que te anima, o que desejas alcançar, que caminhos fazem neste momento sentido?
A resposta que damos aos eventos é muitas vezes mais importante que os próprios eventos em si. Penso sinceramente que nas Organizações e Negócios, é importante existir um link entre a Esperança e Expetativas e as atividades mais estratégicas e operacionais. O “truque” é que elas sejam visíveis e que possam existir espaços para elas serem manifestadas. Porque tudo o que é importante deve ter o seu espaço e deve ter a sua voz.
Por isso, acho que faz todo o sentido continuar a viver com Esperança e Expetativas. Nesse sentido, Mark Mason, fuck you! 🙂
Obrigado e Abraço,
Hugo