Olá, espero que esteja tudo bem consigo!
Antes de mais, os meus votos de um Fantástico 2017 para si.
Chegou o novo Ano. Está certamente repleto de expetativas, algumas dúvidas e indecisões, caminhos para explorar e locais (literais ou metafóricos) para abandonar.
Independentemente da forma como o vai fazer, vai MUDAR.
Seja de forma direta através de transformações e novas formas de pensar, interagir e executar, ou com alterações no seu ecossistema externo a pessoal e profissional que irão desencadear algo de novo. A Mudança não pode ser evitada, mas pode e deve ser direcionada para um caminho que seja adequado às nossas necessidades.
A expressão “sair da zona de conforto” é muitas vezes utilizada, mas é necessário refletir sobre a dificuldade que temos em o fazer. Na minha opinião, preferimos o conforto de algo desconfortável (mas conhecido) ao invés de algo diferente (mas onde perdemos o controlo ou a capacidade de prever o resultado). Assim, não temos medo de mudar, temos sim é receio de perder o controlo da visibilidade, de saber com o que contar. O Medo, sendo uma das emoções primárias, sobrepõe-se, a nível de intensidade e clarividência, a todos os factos, lógicas e sonhos que possamos ter.
A nossa mente é constituída por vários cérebros. Temos um que é um pouco malandro que é o cérebro reptiliano. Ele é responsável pela nossa capacidade de auto-preservação e agressão. Lutar ou Fugir. O cérebro reptiliano adora controlar tudo que for possível. Nenhuma variável pode ser deixada de lado. Não passa pela cabeça dele que exista algo como Teoria do Caos, que impede o controlo absoluto. Da mesma forma, o Principio da Incerteza é um pesadelo. Era fantástico para quando éramos Cromagnons mas agora funciona de forma inconsciente como uma espécie de sabotador.
Em 1959, Charles Percy Snow, um químico, físico e escritor que também teve altos cargos governamentais no Reino Unido, lançou para o debate a questão das Duas Culturas. Segundo Snow, um dos principais desafios da evolução da humanidade era que as duas principais culturas – Arte e Ciência – sofriam de uma incompreensão mútua. Isso dava origem a feudos, onde os intelectuais literários analisavam Shakespeare e os cientistas estudavam quarks e partículas subatómicas e elementares do Universo. Essa abordagem impedia que os mecanismos de uma cultura pudessem ajudar a desenvolver a outra e vice-versa. E as extravagâncias de ambas não poderiam ser utilizadas para “provocar” uma perspetiva integrativa em relação à outra.
Esta provocação de Snow teve os seus frutos, através do desenvolvimento da Terceira Cultura. É, desde há 10 anos, um movimento sustentável. Mas tem uma estrutura diferente e desviante daquela proposta por Snow. Ou seja, em vez de cientistas e artistas partilharem desafios, experiências, possibilidades, objetivos de uma forma integrada, esta terceira revolução baseia-se num processo de comunicação direcionado para as massas. De artistas para as massas e de cientistas para as massas. E é um upgrade fantástico. Mas fica tanto por explorar, discutir, imaginar…
Nem tudo pode ser explicado apenas pela física quântica ou apenas pelo intangível.
O que o mundo nos pede para agora e para os próximos anos são Pessoas que saibam navegar na Criatividade, Tecnologia, Complexidade e Emoções. De forma paralela e/ou simultânea.
Para isso, para além dos especialistas, são cada vez mais necessários os Integradores e os Insighters dentro das organizações.
Temos que evoluir para a Quarta Cultura – as relações entre a humanística e a natureza, a arte e a ciência. Segundo Jonah Leher, este novo movimento inspirado no sonho de Snow deverá ignorar limites arbitrários e procurar provar as semelhanças entre as culturas, não as diferenças.
E o que tem tudo isto a ver consigo? Bem, e balizando apenas isto na parte profissional – Tudo! 🙂
A Ciência poderá ajudar a conseguir motivar ou melhorar o estado de espírito de um colega através da Neurociência e Linguagem Corporal, mas a Criatividade e o Mindfulness poderão ser a energia diferenciadora de um processo de melhoria contínua de processos industriais. Ferramentas de Resolução de Problemas da Indústria Automóvel já são hoje utilizadas por empresas de serviços e utilities para suportarem uma mudança de paradigma – menos recursos num serviço after sales excelente para lidar com reclamações e maior foco na antecipação de problemas, para além da antecipação de necessidades do produto. Quer um exemplo desta integração de culturas?
O melhor programa de desenvolvimento pessoal em ambiente empresarial tem o título “místico” de SIY – Search Inside Yourself. Sabe onde foi criado?
Na Google.
Por um Engenheiro!!!
Por isso é importante alterar a nossa visão sobre as zonas de desconforto. Chamemos-lhe…
Zonas de Exploração
A curiosidade sobre aquilo que é diferente deve ser mais forte que o medo de perder o que já obtivemos. Ser curioso, sonhar, imaginar, discutir opções também são hard-skills.
Vem aí a Neurociência, Holocracia, Economia Circular, Customed Pharma, Mobilidade, Self Driven Vehicules. Abram alas para o Design Thinking, Management by Values, Gig Economy, LSM – Lighter and Stronger Materials. Prepare-se para a Industry 4.0, Digital Ethics, Biomimetismo,etc.
Nesse sentido, quero proporcionar-lhe uma sugestão de exploração.
Nas linhas seguintes estão listados 5 livros sobre temas tão diversos como a Natureza e Botânica, Previsões, Metafísica Chinesa, Possibilidades Irreais.
Escolha pelo menos dois dos livros onde os temas sejam um “corpo estranho” no que diz respeito à sua profissão, formação, área de negócio, rotinas e percurso, etc. Leia-o sem expetativas, focando-se apenas em ser curioso. Desfrute de algo novo. E semanas ou meses mais tarde, tente ver que mensagem, conceito, ideia pode ser mimetizada ou adaptada para a sua área profissional. Aqui estão eles:
E SE…?
Randall Moore
O Quê | Respostas inteligentes e hilariantes a perguntas absurdas: E se tentasses bater uma bola de basebol lançada a 90% da velocidade da luz? Se houvesse um apocalipse robótico, quanto tempo duraria a Humanidade na Terra?
Porquê | Este livro reúne, tendo por ponto de partida as perguntas absurdas colocadas por alguns leitores do blog do Randall, a tal integração entre humanismo (curiosidade), ciência (matemática e física) e arte (todas as questões são acompanhadas por um short comic).
O PARADOXO DO PODER
Dacher Keltner
O Quê | Dacher Keltner, reputado psicólogo da Universidade da Califórnia, em Berkeley, defende que a compaixão e o altruísmo nos permitem exercer grande influência sobre os outros e o resultado é uma força para o bem no mundo. Acima de tudo, o poder é-nos dado por outras pessoas, algo que costumamos esquecer e que o autor sabe realçar.
Porquê | Fiquei abismado pela simplicidade do conceito e pela grandiosidade da ilusão atual que temos sobre este tema. O Poder é provavelmente uma das poucas coisas que não nos pertence. E a forma como o Keltner evidencia isso através de exemplos em organizações é impactante. Conseguir definir isso em 20 princípios universais é muito mais do que isso, é extraordinário.
O CAMINHO DA VIDA
Michael Puett
O Quê | Michael Puett é o regente do terceiro curso mais popular de sempre da universidade de Harvard – Filosofia Chinesa. E mostra-nos como ideias antiquíssimas nos podem ajudar, hoje, a ter uma vida preenchida – desafia todas as crenças modernas sobre o que realmente é preciso para crescermos como pessoas.
Porquê | A excelência advém daquilo que escolhemos fazer e não dos nossos talentos naturais. Uma vida preenchida não se planeia, nasce antes do modo como aprendemos a responder (bem) a cada situação. A ideia de Confúcio, Mécio e outros é desde logo a de que não existe nenhum caminho a trilhar. A viagem renova-se a cada passo, quando vemos e fazemos coisas de formas diferentes.
A INVENÇÃO DA NATUREZA
Andrea Wulf
O Quê | Alexander von Humboldt (1769-1859) é (mesmo) o grande cientista esquecido. Deu nome a mais coisas do que qualquer outro: cidades, rios, cordilheiras montanhosas, uma corrente oceânica, um pinguim, uma lula gigante e até o Mare Humboldtianum na Lua. Humboldt penetrou na floresta tropical, subiu aos vulcões mais altos do mundo. Napoleão invejava-o; a revolução de Simão Bolívar foi alimentada pelas suas ideias; Darwin zarpou a bordo do Beagle por causa dele.
Porquê | Ele era simplesmente, como disse um contemporâneo, «o maior homem desde o Dilúvio». Humboldt era um agitado mental e ele queria conhecer e compreender tudo e a sua maneira de pensar era tão avançada para o seu tempo que só agora é compreendida. Tudo o que descobriu foi através da integração de conhecimento e possibilidades. Juntou a Ciência à Arte.
SUPERPREVISÕES
Philip Tetlock
O Quê | Mesmo os especialistas só fazem previsões um pouco melhores do que o simples acaso. Mas, dado que alguns conseguem prever melhor do que outros, é útil perceber porquê. O que faz com que certas pessoas acertem? Pode esse talento ser ensinado? Não! Mas a forma de pensar sim. Os Superprevisores recolhem a informação de várias fontes, usam o pensamento probabilístico. Trabalham em grupo, conversam com rivais e detratores e estão disponíveis para admitir erros e mudar o rumo.
Porquê | Passo a citar:
“Um investigador pediu a um grupo de especialistas – académicos, analistas de top, etc., que fizessem milhares prognósticos sobre a economia, mercado de ações, eleições, guerras e outros assuntos importantes. Após 20 anos de recolha de dados e comparando as previsões com o que realmente aconteceu, os números foram inequívocos – Um “especialista” médio é tão bom a prever coisas como um chimpazé a atirar dardos”. Que melhor teaser pode existir? 🙂
O mundo da criatividade, tecnologia e complexidade exige uma mente ambidextra, energia apaixonada por novas coisas e desafios e emoções adequadas a cada contexto.
Boas Leituras. Boas Mudanças!
Obrigado, um abraço e um Fantástico 2017,
Hugo