As 4 Energias para a Performance Profissional

O trabalho é uma das formas mais poderosas de realização. Alocarmos uma quantidade enorme de recursos na parte profissional faz com que os nossos níveis de foco, empenho, alinhamento e qualidade da nossa saúde e vida sejam “atacados”. Nesse sentido, cada vez mais puxamos por nós, e com isso, cada vez mais nos aproximamos de desequilíbrios e ruturas.

A forma mais “direta” de olhar para esta questão é centrarmo-nos no Tempo. Mas trabalhar mais horas não resulta porque o tempo é simplesmente finito. Mas quando falamos de Energia, a história é diferente. Utilizando uma definição da Física, a Energia é o grau de capacidade para trabalhar ou transformar. No que à questão profissional diz respeito, as fontes de energia de um Líder, Gestor ou Profissional são as seguintes:

CORPO | EMOÇÕES | MENTE | ESPÍRITO

Cada uma destas fontes de energia pode ser continuamente renovada, através de um conjunto de práticas disciplinadas. Para podermos ser livres, criativos, focados e evolutivos, temos que ser rigorosos e seguir boas práticas e “rituais”. Paradoxal, mas muito, muito verdadeiro. Estas práticas pretendem-se trabalhadas e executadas a tal ponto que mais cedo ou mais tarde se vão tornar automáticas e inconscientes.

As grandes organizações investem recursos, tempo e dinheiro (e muito bem) no desenvolvimento das competências e conhecimento dos seus colaboradores e associados. Muito poucas investem no desenvolvimento da capacidade das suas Pessoas – a criação e gestão da energia do seu capital humano, pois esta é considerada pelas empresas como sempre existente e inesgotável. Vamos então ver com mais detalhe o que representa cada fonte de energia e qual o seu impacto nos profissionais e organizações:

CORPO | Energia Física
Comecemos pelo básico. É senso comum que uma nutrição, sono e descansos limitados e inadequados diminuem os nossos níveis de energia. A performance não faz sentido apenas para os atletas de competição. As nossas responsabilidades profissionais contribuem e validam um mundo e sociedade melhores. Por isso temos que estar tão ou mais em forma no sentido de conseguirmos obter a melhor performance:

Sugestões Práticas

• Exercício regular | diário – caminhadas de 30 minutos a passo acelerado fazem milagres;
• Água – esta é a maior e melhor fonte de energia do nosso corpo. Estamos a repor 70% da constituição do nosso organismo;
• Definir uma hora certa para nos deitarmos – se temos hora de entrada na empresa, porque não ter uma “hora de saída” do dia?
• Várias refeições por dia em menor quantidade do que as tradicionais “bombas” – almoços e jantares concentradores de nutrientes;
• Intervalos regulares ao longo do dia – se possível acompanhar com caminhadas será fantástico. Sempre, sempre fora do posto de trabalho. A qualidade do intervalo é muito mais importante que o tempo alocado a este.

EMOÇÕES | Qualidade da Energia
Quando as pessoas conseguem ter um controlo saudável das suas emoções podem melhorar a qualidade da sua energia, independentemente dos fatores de pressão que com que possam estar a lidar. Para que isto aconteça, o autoconhecimento é fundamental para que se possam perceber o impacto das suas várias emoções no seu trabalho e performance. Todos nós trabalhamos melhor quando estamos num registo alegre e/ou sereno. Mas é difícil acreditar que podemos ser eficazes quando estamos tensos, zangados, pensativos e apreensivos. É possível, mas precisamos de intermitências nas emoções. O nosso corpo não consegue lidar com picos emocionais (positivos ou negativos) de forma constante ou prolongada. Quando somos confrontados com contextos e ambientes agressivos e desafios, tendemos a entrar num registo menos positivo – modo luta ou foge – e isto pode acontecer várias vezes na semana ou mesmo no dia. No caso dos líderes e gestores, quando estes conseguem reconhecer quais são os eventos que são um trigger para emoções menos positivas, eles conseguem ganhar uma melhor capacidade de aceitação, controlo e reação positiva.

Sugestões Práticas

• Exercício de respiração – Aproveite os intervalos ou a ocorrência de um evento mais stressante e faça pequenos exercícios de respiração ativa e consciente. Existem várias sugestões no Dr. Google, mas apresento uma muito simples – 4x4x4: Inspire pelo nariz de forma lenta e focada durante 4 segundos, sustenha a respiração mais 4 segundos e liberte o ar durante mais 4;
• Comunique e desenvolva interesse pelos outros – Para os mais céticos desta abordagem, ela provoca automaticamente a produção de oxitocina, a “hormona” humana para o bem-estar e paz interior. Almoce de forma regular com colegas de outros departamentos, clientes, fornecedores, etc. Ao conviver, vai perceber o lado deles e eventualmente tornar-se mais compreensivo e colaborativo e que muitas reuniões e desgastes associados vão automaticamente desaparecer.

MENTE | Foco da Energia

O Multitasking simplesmente não funciona. É o maior sabotador de produtividade. Esta abordagem é vista como a melhor alternativa para se conseguir lidar com o volume de trabalho. Mas na minha opinião é a forma mais fácil e confortável de ver a coisa.Porque nos impede de enfrentar conflitos internos como saber dizer Não e porque fomenta a não definição do que realmente é importante e respetivas prioridades. O chamado “switching time” – alternar entre tarefa e respetivos períodos de reconcentração consume 25% do tempo. Ou seja, se é um “multistasker” profissional, está a utilizar cerca de 2 horas diárias em transições. É muito mais eficiente trabalhar 90-120 minutos seguidos e parar 20, garantindo a sua qualidade. Devemos em primeiro lugar enfrentar os números da nossa improdutividade – contabilizar minutos de interrupção, realização de tarefas que não são da nossa responsabilidade e atendimento a pessoas que apenas nos contactam para validar o trabalho que já sabem que está correto (falta de delegação) durante uma semana certamente vai-lhe dar uma perspetiva… “chocante” do seu dia-a-dia. Mas este choque é absolutamente necessário para podermos mudar.

Sugestões Práticas

• Fugir 🙂 – Para tarefas que exigem concentração e foco, saia do seu posto de trabalho e encontre uma sala de reunião, de formação ou em espaço onde possa estar tranquilo. O que importa é atingir os resultados para os quais foi contratado(a) e não estarmos sempre agarrados à secretária (nos casos onde isto for possível, claro);
• Em reuniões individuais ou de equipas, desligue ou retire o som ao telemóvel. Valorize o tempo e importância desses meetings e estará a valorizar as pessoas e equipas que participam. Saiba dizer não ao telefone e sim às pessoas;
• Retire as notificações visuais e sonoros de emails. Por experiência e por partilhas de clientes e colegas, é perfeitamente possível ver emails de 2/2 horas ou até mesmo a meio da manhã e meio da tarde – para dar tempo para reagir ou responder. Para assuntos importantes e urgentes, use sempre o telefone ou o encontro presencial;
• Defina com a sua equipa quais são os tópicos onde eles podem recorrer a si e quais aqueles onde você já confia neles plenamente para poderem trabalhar de forma autónoma, sem a sua supervisão mas com o seu conhecimento. Esta abordagem costuma “cortar” cerca de 60% das interrupções semanais;

ESPÍRITO | Propósito da Energia

Ao contrário do que se possa pensar, a espiritualidade não implica necessariamente recolhimento, meditação, felicidade à prova de tudo e paz interior. A minha definição de espiritualidade é a capacidade que temos de estar em contacto permanente e de forma inconsciente com a nossa essência, princípios e valores e que através desse estado de espírito possamos sentir e viver os nossos contextos e experiência diárias com alegria, foco, e aceitação do bom e menos bom. A nível profissional, esta energia está ligada com a conexão entre os nossos princípios e valores e o nosso trabalho – colocar quem somos naquilo que fazemos. Assim obtemos um sentido de propósito, que é das energias mais poderosas que existem.

Sugestões Práticas

• Só existe uma – Para aceder a este tipo de energia que é sua e única, necessita clarificar as suas prioridades e estabelecer os respetivos rituais nestas três categorias:
• Fazer aquilo em que é bom;
• Alocar tempo e energia para as áreas de propósito – você, família, amigos, saúde, dar aos outros, etc.;
• Viver os seus princípios e valores através não do que diz mas sim do que faz!

O contrato que existe hoje em dia entre profissionais e organizações é que ambos devem receber “um do outro” o máximo possível. Este paradigma está errado. Devem receber o melhor de cada um!

Porque não imaginar um “contrato” onde as Pessoas e Organizações possam conseguir interagir em todos os níveis destas Energias – as Organizações investem em todas as dimensões do Capital Humano e os Profissionais retribuem colocando as suas multi-energias ao serviço das empresas e principalmente dos Clientes e Utilizadores.

Para todos estes intervenientes, a valorização e a evolução serão resultados garantidos!

Um abraço,
Hugo