Os 3 pilares das Equipas de Gestão de Topo Mindfulness

Os 3 pilares das Equipas de Gestão de Topo Mindfulness

Os 3 pilares das Equipas de Gestão de Topo Mindfulness

1404 936 Hugo Gonçalves

Equipas de Gestão de Topo Mindfulness

Hein?!?!!

Em 1985 uma produtora cinematográfica que passava por bastantes dificuldades financeiras contratou um novo CEO. Num esforço destinado a reduzir de forma rápida e drástica os custos, o novo presidente pediu a dois diretores de divisão, Ed e Alvy, para iniciarem um processo de layoffs. Estes resistiram argumentando que o maior valor da empresa eram as Pessoas, a sua paixão e a sua criatividade e que não fazia sentido recuperar uma empresa dispensando o seu maior ativo e vantagem competitiva. O CEO não foi sensível a estes argumentos e fez um ultimato. Nos próximos dois dias teria que ter uma lista com o nome das pessoas a dispensar. Quando recebeu essa lista, estavam lá apenas dois nomes; Ed e Alvy. Mais tarde, Steve Jobs comprou as divisões geridas por Ed e Alvy e juntamente com eles criou a Pixar.

As organizações terão uma “consciência” própria? São evolutivas? É possível medir essa consciência? Claro que sim!

Modelo de Gestão por Valores | Consciência Organizacional | créditos Richard Barrett

Richard Barrett descreve em vários artigos e livros como funciona este conceito. Existem 7 níveis de consciência organizacional, e para cada um deles existem valores positivos e|ou abrasivos – ou que pelo mesmo fazendo parte da nossa matriz humana, podem ser mal desdobrados como o controlo, a cautela, etc. como apresentado nos 3 primeiros níveis da figura.

  1. Experimente o seguinte com os seus colegas, equipa ou de forma individual: Escolha seus 7 valores pessoais mais importantes (ver lista de palavras nos vários níveis da figura);
  2. Escolha os 7 valores que na sua perceção caracterizam a sua organização;
  3. Escolha os 7 valores que descrevem o estado desejado para a sua organização e projeto.

O resultado gráfico deste exercício que realizo com líderes, gestores e equipas costuma normalmente ser o seguinte (e não me parece nada alinhado):

O papel de uma equipa de gestão de topo mindfullness é estar atenta a estes inputs internos das Pessoas e criar o melhor alinhamento entre os Resultados desejados e o Propósito da organização e dos colaboradores. Potenciar o Equilíbrio!

As pessoas procuram cada vez mais momentos de tranquilidade e paz num mundo cada vez mais carregado de intensidade, stress e complexidade. Por isso é que algumas abordagens que potenciam a atenção, a consciência, a escuta ativa (individual e com os outros) são cada vez mais utilizadas nas organizações. A Google, com o seu programa Search Inside Yourself, já possui o seu próprio programa de desenvolvimento pessoal integrado.

A ideia-chave é esta: uma equipa de gestão de topo que enfrenta desafios complexos de liderança, gestão e interação deve desenvolver a sua capacidade de pensar em conjunto sobre as implicações de suas decisões.

Mindfulness na Gestão de Topo é uma abordagem que os executivos e gestores podem clonar para um ambiente empresarial através do desenvolvimento de competências de observação, atenção, escuta ativa, percepções e preconceitos. Os insights que surgem na sequência desta reflexão irão influenciar as ações subsequentes. Para equilibrar e potenciar as capacidades múltiplas da equipa e poder estruturar esta “curiosidade” pelo Mundo e Pessoas, a equipa pratica as seguintes disciplinas interdependentes:

// Liderança pelo Grupo
A liderança da reflexão é partilhada, independentemente da estrutura hierárquica e dos processos envolvidos. Ninguém espera para iniciar o debate, lançar um desafio ou propor um olhar honesto sobre algo que a empresa não se pode dar ao luxo de continuar a fazer. A capacidade conectiva da equipa permite encontra relações e fios condutores entre o exterior e a sua visão, estratégia e operações. Realiza-se uma análise de risco relativamente ao impacto que as decisões podem ter no espectro global de influência da organização. Cada membro é responsabilizado pela qualidade do processo de reflexão e pelos seus resultados.

// Consciência Organizacional Expandida
Esta expressão descreve o processo de transformação da forma como as organizações “interagem” com o Mundo. Começa-se com uma pequena janela, depois para janelas maiores, depois para múltiplas janelas com uma visão a 180º e finalmente para uma janela global com uma visão elevada 360º. Esta abordagem implica e responsabiliza a equipa de gestão de topo em relação à abertura necessária para reconhecer padrões, percepções e preconceitos e “afastá-los” da reflexão profunda e realista. Para isso procuram de forma pró-ativa informação, opiniões, visões, dados e tendências que vêm do exterior. Conversam, pesquisam, aprendem, coloca em causa!

// O Compromisso pela Coragem
Os membros desta equipa não têm problema nenhum em discutir os assuntos e exercer a sua capacidade de argumentar e justificar uma visão totalmente diferente da dos outros. Divergências são apenas visões diferentes. Não são ou não devem ser reflexos de uma valorização pessoal. É necessário ir a fundo no que a determinadas decisões diz respeito. Alguns colegas líderes e gestores confidenciam-me que alguns dos seus insucessos estão diretamente ligados à falta de uma reflexão honesta sobre determinados problemas que tinham que ser resolvidos, numa determinada altura. Essa reflexão deve ser profunda, sem tabus, baseada no respeito e sem medo das consequências internas (leia-se mudança). As consequências externas serão sempre mais fortes e obrigarão a mudanças muito mais disruptivas, bruscas e puramente reativas. A diversidade, nesta, etapa, é potenciada como sendo a melhor fotografia do que realmente é a organização e qual a sua consciência.

A evolução e consolidação deste modelo não serão fáceis. Uma excelente gestão de opiniões e conflitos, métodos de negociação, coaching, escuta ativa e facilitação são competências fundamentais para obter a melhor performance e resultados deste caminho menos percorrido. Quando disrupções múltiplas começarem a ocorrer (ver Lei de Murphy), equipas de gestão de topo que sigam esta abordagem estarão melhor posicionadas e preparadas para responder com coragem, ética e agilidade.

Assim e utilizando as palavras de Pico Iyer:

Por isso, na era da aceleração, nada é mais emocionante do que ir devagar. E na era da distração, nada é mais luxuoso do que prestar atenção. E na era do movimento constante nada é mais urgente do que nos sentarmos imóveis.

A equipa de gestão de topo mindfulness imagina o futuro, procura aventuras e novas possibilidades que apaixonem clientes, utilizadores e colaboradores. E faz tudo isso sem ir a parte nenhuma, focando-se na atenção plena organizacional.

Um abraço,
Hugo

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