“Clear Eyes, Full Hearts, Can’t Lose!”
Coach Taylor na série TV Friday Nighty Lights
SHI(F)T HAPPENS e o CHIEF ENTREPENEUR
Por princípio, sempre fui contra a existência de uma estrutura formal de Inovação dentro de uma empresa.
Considero que a Inovação pertence e é responsabilidade de todos, é algo orgânico, espontâneo e que é gerado pela existência de desafios que um indivíduo ou um conjunto de colegas desejam trabalhar, com o propósito de resolver problemas, poupar tempo, criar experiências e acessibilidade a clientes e utilizadores. Acho que o trambolhão civilizacional e organizacional que estamos a viver valida esta minha visão.
As mudanças acontecem – SHI(F)T HAPPENS ? – e levam-nos a repensar os nossos paradigmas. Muitas empresas já criavam “espaços” de inovação informais, através da liberdade e espaços físicos (tempo e locais) que proporcionam aos seus colaboradores.
Agora muitas outras estão a seguir esse caminho para se adaptarem, mas não propriamente para evoluírem por escolha.
Mas como referi nos meus artigos anteriores sobre a Regressão e o Failing Foward e Tecnologias Sociais, vamos estar a trabalhar em “formato intermitente” durante mais alguns meses. Estas dinâmicas implicam tasks forces de Liderança em vez de Lideranças e Gestão Funcionais.
Como acho que ainda não estamos preparados para a minha visão de sonho das organizações – as TEALS ORGANIZATIONS – cujo mapeamento apresento abaixo, temos de começar por algo mais prático.
A questão é a seguinte: os CEO’s, diretores e gestores são profissionais excelentes a liderar, gerir e a desenvolver uma organização dentro de um framework de um modelo de negócios existente.
Onde possuem mais dificuldades é em saírem do contexto do estado atual e reinventarem-se e por consequência, ajudarem a reinventar a organização.
Claro que existem exceções de líderes que conseguem ser visionários e inovadores de forma marcante – Steve Jobs, Jeff Bezos, Elon Musk são exemplos – mas são raras as empresas que neste momento possuem estes perfis de líder. E todos eles tiveram e têm consigo, a trabalhar como pares, perfis divergentes e complementares.
Acho que qualquer negócio, desde a mais pequena empresa até um gigante corporate deve ter dois líderes, dois chefes, dois focos.
Até eu que sou gerente de uma sociedade unipessoal tento de forma regular ver o meu negócio de uma forma “esquizofrénica”. ?
Os CEO’s Diretores, Gestores necessitam de um parceiro estratégico interno para promover, gerir e obter resultados consistentes de processos de mudança e reinvenção do negócio, processos e colaboradores – o Intra empreendedorismo.
Como?
Através do CEP (Chief Entrepreneur), a pessoa responsável por criar e “lutar” pela adoção interna de conversas, processos, incentivos e métricas que sejam encorajadoras de ideias radicais e a procura de novas oportunidades e áreas de negócios.
Será alguém, com um posto executivo na organização, que terá a responsabilidade de criar as condições para que os seus colegas e processos se reinventem, tendo em conta os estímulos externos (clientes e mercados) e os estímulos internos (capital humano, curiosidade e vontade de evoluir por parte dos seus profissionais).
E isto deveria acontecer enquanto ainda existe sucesso, não num contexto de “tudo ou nada”. Tarde de mais. ?
Então o Chief Entrepreneur será alguém que irá ser um “navegador | explorador organizacional” enquanto o CEO se foca na gestão, desenvolvimento e consolidação do negócio atual.
Se o perfil de tal elemento fosse apresentado num anúncio ou oportunidade profissional qual seria a sua descrição? Aqui está um exemplo adaptado de um perfil criado por Alex Osterwalder:
És um CE | Chief Entrepreneur?
A nossa empresa procura um Chief Entrepreneur que nos irá ajudar a identificar os fatores críticos do futuro e a redesenhar a nossa organização.
Irás gerir um portfolio de pessoas, competências, emoções e aspirações de um conjunto de colaboradores da nossa organização que devem ser alinhados para criarem modelos de negócios e propostas de valor para clientes atuais e futuros.
Experiências, protótipos, validações e insucessos nos resultados irão fazer parte do teu dia-a-dia. Irás trabalhar em conjunto com o CEO, como pares.
Irás ser responsável pelas novas possibilidades e ideias, para que estas depois possam ser convertidas pelo CEO em negócio e clientes. Eis as caraterísticas que identificamos como sendo primordiais para o teu sucesso nesta função:
- Adoras imaginar, desenhar e mapear novos modelos de negócios e propostas de valor;
- Acreditas que tudo é possível, tens a cabeça no ar, mas os pés assentes no chão;
- És resiliente, persistente. Através de um misto de paixão e objetividade consegues entusiasmar os teus colegas e encorajá-los a procurarem novas soluções;
- Sentes-te bastante confortável com a mudança e a incerteza. Incomoda-te mais não tentar do que falhar – que para ti não é mais do que uma nova iteração para o sucesso;
- Acreditas que a criatividade e os sonhos advêm de uma dose certa de disciplina.
Parece-te bem? Então quais serão as tuas responsabilidades e tarefas do dia-a-dia como Chief Entrepreneur?
- Serás o guia da tua própria equipa de Intra empreendedores. Irás partilhar o teu melhor conhecimento e atitudes à tua equipa de “subversivos” e curiosos.
- Irás mostrar para onde olhar, mas não o que ver, como um Coach.
- Irás ser o arquiteto de um espaço interno de inovação. A palavra-chave aqui é habitat. Experimentar, falhar e aprender não são contextos fáceis gerir e lidar. É necessário um ambiente próprio. Deves defender a cultura, processos, incentivos e métricas que irão gerir este espaço físico e conceptual.
- Estabelecerás uma parceria honesta e construtiva com o CEO. Tu e o CEO serão pares. Lembra-te que enquanto crias o futuro, ele está diligentemente a consolidar o presente. É desse presente que irão surgir os recursos para que possas realizar e assumir as responsabilidades que te pedimos. O CEO poderá ser também o teu melhor filtro.
- A comunicação e o pitch serão competências que deves dominar, porque o CEO vai ser basicamente o teu cliente.
Sei que esta liderança e segregação interna entre Negócio e Inovação será algo difícil de compreender e até implementar. Irão existir divergências entre o Chief Entrepreneur e o CEO.
Mas com alguma paciência, perseverança e bom senso (este é um dos commodities onde existem mais ruturas de stock nas empresas) ? este modelo pode ser bem integrado em organizações existentes e servir de ponto de partida para negócios futuros.
Potenciais CEP já existem na tua organização, apenas estão adormecidos pelos processos, sistemas ou simplesmente não lhes damos hipóteses de contribuir.
Clear Eyes, Full Heart é basicamente utilizarmos todos os radares que temos como profissionais e organização para poder definir um caminho. A meta passou a ser o caminho.
Pois não sabemos onde vamos parar, mas sabemos qual o caminho a seguir.
Obrigado e Abraço,
Hugo
| Executive Coach | Strategist | Design Thinker for Organizations |
| https://www.linkedin.com/in/hgoncalves/ |
 hugo@leaders4mobility.com  939747990 |
