AS 3 ESTRATÉGIAS DO “FAILING FOWARD”
“Se não te agarrares aos teus valores quando estes estão a ser testados, então não são valores, são hobbies”
Jon Stewart
Em Abril e em conversa com alguns clientes e amigos com responsabilidades corporativas e organizacionais, a grande parte deles partilhava que se sentiam “vivos” outra vez. 🙂
Um partilhou que a fonte dessa energia era a liberdade de movimentos – Ver, Escolher 2 e 3 Cenários, ter autonomia para Agir sobre todos eles e ver o que funciona. Sem a pressão dos acionistas, dos procedimentos, da máquina pesada da burocracia.
Outra pessoa partilhou que conseguia ser mais eficaz porque nas atividades importantes o foco, alinhamento e contribuição própria e da sua equipa eram genuínos e por isso as coisas aconteciam… AGORA e não daqui a um ano ou sujeitas a aprovações de 34 mil pessoas que não conhecem a realidade sobre a qual vão “autorizar”.
Mas as crises normalmente seguem um padrão:
- EMERGÊNCIA;
- REGRESSÃO;
- TRANSFORMAÇÃO CONTÍNUA;
E meus/minhas car@s líderes, gestor e profissionais, está a chegar a Regressão. 🙂
Não falo da recessão económica e financeira, mas sim uma regressão para hábitos, formas de trabalhar e interagir em ambientes organizacionais e de business que já todos tínhamos certeza que não funcionavam, mas que não acreditávamos que pudessem ser modificados para melhor a uma escala tão grande.
Como disse ontem uma colega enquanto estávamos a preparar um workshop online sobre Liberating Strutures, esta pandemia que nos deu uma bofetada civilizacional “foi a última gota de água que fez transbordar o copo das mudanças que o mundo já estava a pedir desde há vários anos.”
Ao voltar a conversar com as mesmas pessoas nos últimos dias, a energia e sensações já são diferentes. As semanas passam e já se nota um desgaste, uma inquietude que vem por cada vez mais estarmos em modo alerta (cenários, possibilidades, preparar) e não sabermos muito bem:
- Quando vamos a jogo
- Com quem vamos jogar;
- E paradoxalmente qual é verdadeiramente o jogo e as suas regras;
A Emergência traz Energia
Todos nós temos reservas de energia, competências e foco das quais não temos noção. E que são ativadas aquando de um sentido de urgência maior e um propósito comum impactante.
O foco é nas decisões rápidas e na alegria que sentimos quando estas correm bem e na compreensão mútua aquando de resultados menos positivos. O importante é agir, não saber quem tem razão ou não.
A Regressão traz uma Escolha de Transformação
Chega então a fase da Regressão que exige muito de nós fisiologicamente, mentalmente e emocionalmente.
A incerteza começa a ser complicada de gerir, começamos a ser menos tolerantes e perdemos a perspetiva do que é importante e básico a nível organizacional (foco, propósito, decisões) e a nível individual (comer e dormir bem, espaços de regeneração pessoal, etc.).
Esta regressão é um dos maiores desafios para as organizações e equipas. Porque não é sobre o trabalho em si. Mexe com as interações, com o grupo e como este lida com a espera, a frustração e as mudanças constantes de caminhos e focos que possam existir.
Esta “fadiga” nas war rooms está a começar a aparecer em todas as organizações e nos projetos e conversas que estou a realizar com clientes e colegas.
Como Atravessar a fase da Regressão? Failing Forward
Ouvi isto outro dia e é uma expressão que considero particularmente feliz. Porque “obriga” a uma abordagem ambidextra – um mindset e um heartset.
Acho que o principal aqui é tu e a tua equipa, pares, chefias etc. saberem exatamente em que pontos da fase da regressão estão.
Procura evidências de interação – nos Zooms, na forma como estão agora a tomar as decisões relativamente à 3/4 semanas atrás, silêncios e indisponibilidades, resultados, tendência para abandonar a agilidade e um novo apego às burocracias e procedimentos.
Depois disto, estas 3 estratégias poderão ser interessantes:
Baralha e dá de Novo
Faz o reset da estrutura da tua equipa, da forma como trabalhas com os teus pares e com os teus líderes se eles alinharem nisso.
Como estamos a viver em duodécimos organizacionais, é importante que para cada fase e contexto tenhamos a facilitar e a decidir as pessoas que melhor conseguem navegar nessas águas.
Isso implica uma liderança não organizada por funções e competências mas sim por contextos e impactos.
Calibra as Emoções da tua Equipa e Organização
Calibrar aqui se calhar não é a melhor palavra. Se calhar precisamos de duas – Reconhecer e Consensualizar Emoções.
O objetivo aqui é criar um espaço seguro para os consensos mas também para as divergências. Às vezes, como costumo dizer, é preciso lavar a alma. E depois as coisas seguem. 🙂
O problema é quando não está espaço para isso e depois os assuntos, estratégicas, decisões e implementações organizacionais tornam-se em pretextos para lavar a alma. Como diz uma grande amiga minha, isto é um “No No”. 🙂
De Business as Usual para o Business for the Unusual
As abordagens mais fixes que estou a ver em colegas e clientes a nível de liderança são aqueles que estão a utilizar boa parte do tempo a conversar, imaginar e refletir.
Sobre como podem criar os melhores impactos nos clientes da “área de negócio” e em todas as pessoas, e que tipo de necessidades e pains irão surgir daqui a semanas e meses.
Tendo estado nas trincheiras, deixam agora o imediato e presente ser gerido pelas suas equipas e colegas e proporcionam momentos formais e informais regulares de comunicação e quick response. São embaixadores da reorientação regular da organização e negócio. Das iterações.
Assim as organizações têm em mãos uma oportunidade brutal pois deixaram de ser apenas um business e passaram a ser atores que, de forma mais global ou local, contribuem para resolver um desafio complexo a nível sanitário, social e económico. Tudo isto que partilhei vai exigir de ti um fine tuning – ser um Líder Agente da Mudança. E é um papel fulcral porque este momento todas as decisões e ações dos líderes e organizações – sejam elas “boas” ou “más”, irão ser recordadas durante vários anos, acredita.
Então se calhar temos que mudar de filósofo 🙂
Como podemos passar do “Penso, Logo Existo” [Descartes] para o “Sinto, logo Sou” [Soren Kierkegaard]?
Obrigado, Abraço e Cuida-te!