Este título deve ser lido da seguinte forma:
Pessoas.Infinito | Pessoas.Zero.
Tipo Liderança 4.0. Ou Indústria 4.0.
Pessoas são Tudo! Mas parece existir uma corrida ao desenvolvimento e comunicação de todo o tipo de abordagens, metodologias, ferramentas associadas ao desenvolvimento e implantação da Industria 4.0. Aqui está a (breve) lista:
- Business 4.0
- Strategy 4.0
- Talent 4.0
- Work 4.0
- Leader/Leadership 4.0
- Agile 4.0
- Project Management 4.0
- Coaching 4.0
- 4.0 Professional
- Innovation 4.0
- Digital 4.0
- E por aí fora…
É um facto que estamos a viver uma revolução tecnológica exponencial. Que está a impactar a forma como trabalhamos, vivemos e nos relacionamos uns com os outros.
Desde a conexão inteligente entre máquinas e sistemas, nanotecnologias, novas fontes de energia, impressão 3D, automóveis driveless, bitcoin e blockchain, robótica, drones e inovações a nível da fusão da biologia e da engenharia, as possibilidades de evolução são infinitas.
A economia da partilha e democratização (AirBnB, Uber, etc.) e a cada vez maior influência das moedas alternativas perspetivam também grandes disrupções na forma como consumimos e utilizamos produtos e serviços.
Vários estudos e os próprios CEO’s de grandes corporações indicam que 40% das grandes empresas multinacionais mundiais não existirão da forma significativa daqui a 10 anos se não iniciarem e sustentarem um processo de metamorfose global.
Ninguém consegue de forma isolada compreender, analisar, decidir e implementar as melhores ações e comportamentos quando todos os dias nos deparamos com o furacão VUCA (Volatile, Uncertain, Complex, Ambiguous). A solução passa por provavelmente deixar cair o termo liderança e o seu posicionamento associado ao indivíduo e adaptá-lo para algo mais coletivo, partilhado e orgânico.
E agora?
Identificar os novos princípios de liderança torna-se assim uma tarefa muito desafiadora. Talvez porque as variáveis são muitas. Talvez pelo facto de isso poder obrigar a colocar em causa tudo o que sabemos de liderança e gestão. Ou talvez porque se calhar estamos a procurar no lugar errado!
A gestão e liderança das empresas estão organizadas segundo uma perspetiva de máquina/sistema. Aliás, grande parte das empresas mistura liderança com gestão, o que é um erro crasso. Sob a influência da perspetiva “máquina/sistema”, os líderes organizacionais estão focados na interligação e otimização de objetivos, estruturas, recursos e eficiência.
Hoje em dia, as organizações são ecossistemas e organismos. Os focos importantes são o ambiente e cultura saudável, adaptabilidade e a eficácia. Ou seja fazer o que tem que ser feito, encontrando um compromisso de benefício para as partes interessadas.
Ou seja, o Caminho é o mais importante!
Nesse sentido e como referi há pouco, entendo que estamos a procurar no local errado a abordagem para que os líderes e gestores se adaptem da melhor forma a este novo paradigma.
Algo contrariado em afirmar isto, pois estou a valorizar cada vez mais o Presente, talvez tenhamos que fazer uma “viagem” simultânea ao Passado e ao Futuro para podermos encontrar a solução equilibrada. Uma espécie de STC – Space Time Continuum. A minha fórmula é a seguinte:
- Pessoas.∞ – Todos nós temos um potencial enorme, com recursos emocionais relacionais e técnicos. Apenas precisamos do ecossistema certo para transformar esse potencial em benefícios e lucro com propósito; e esse ecossistema começa em nós;
- Pessoas.Zero – a nossa base como pessoas são os propósitos e valores, que nos definem; é o nosso magma, a nossa essência, os nossos sonhos e missão.
Vejamos, muitas organizações estão a investir em novas tecnologias, automação, sistemas de informação e workflows, enquanto as pessoas continuam a “funcionar” numa versão não-alinhada. Em outros casos proporcionam às pessoas as competências para que possam trabalhar e interagir de uma forma diferente mas o próprio ecossistema e os seus decisores e influenciadores mantêm-se imutáveis, o que leva a incoerências que normalmente levam a desânimo e resignação.
Um caminho menos percorrido
O que pode você fazer como líder e gestor para implementar profissionalmente o seu Pessoas.∞ e Pessoas.0 e potenciar a sua materialização nos outos?
∞ Para cada atividade, projeto, produto, serviço e inovação questione – como posso obter um lucro com propósito?
∞ Torne o VUCA e a análise de risco numa abordagem transversal à organização;
∞ Proporcione espaços coletivos de reflexão e imersão. Assim conseguirá criar uma “intuição organizacional” coletiva. Irá manter as equipas ágeis perante a mudança e para prototipar novas soluções. E as novas possibilidades nunca mais ficaram “esmagadas” nos modelos tradicionais;
∞ Estabeleça papéis e responsabilidades funcionais e de cadeia de valor em vez de responsabilidades hierárquicas. Ou seja, uma organização torna-se assim numa equipa de equipas de pilotos, consultores e partes interessadas, consoante as atividades de criação, design, implementação e comunicação da proposta de valor.
∞ No seguimento do ponto anterior, cada projeto, desafio, problema ou melhoria tem as suas próprias necessidades de competências técnicas, relacionais e emocionais. Escolhas as pessoas que são o melhor match.
∞ Veja-se como um suporte e um prestador de serviços da sua equipa e clientes. Integrando de forma constante o feedback entre as partes interessadas internas e externas.
∞ Ao nível da informação, partilhe, partilhe, partilhe.
∞ Antes de solicitar à sua equipa e pares que sejam agentes de mudança, reflita qual foi a ultima situação onde você próprio foi um agente de mudança. Ou permitiu que a vontade/benefícios da mudança fossem superior aos hábitos, crenças, mitos e cultura.
∞ Pense Right Potentials, não High Potentials. Right Potentials são todos aqueles que possuem uma combinação interessante de competências técnicas, relacionais e emocionais e que facilmente conseguem Ser eles próprios naquilo que Fazem.
O futuro é uma mistura entre o Desconhecido e o Design. Este é Interior e é uma construção própria da qual somos os únicos Responsáveis.
Obrigado e Abraço,
Hugo