A tua Organização tem janelas?

A tua Organização tem janelas?

1920 1280 Hugo Gonçalves

Dois homens olham pela mesma janela. Um vê a lama. O outro vê as estrelas.

—  FREDERICK LANGBRIDGE

AS JANELAS ORGANIZACONAIS

Olá!

Espero que esteja tudo bem contigo e que 2024 (e anos seguintes) te possam trazer, para ti e para os teus, tudo do melhor a nível pessoal e profissional.

Tenho uma “experiência” intensa e profunda sempre que apanho um Uber. 😊

Dou por mim a instalar-me comodamente a uma das janelas, encosto a cabeça ao vidro e apenas fico a observar a paisagem, pessoas e a envolvente com a qual sou brindado. “Saio” de onde estou e “vou” para as temáticas, reflexões, ideias e possibilidades que, falando baixinho, me vão provocando ao longo dos dias de rebuliço.

Muitas reflexões estratégicas, decisões profissionais, estruturação de programas e conteúdos já aconteceram nestas viagens.

Este assunto eventualmente não seria tema deste artigo, se não fossem mais algumas causalidades. Por exemplo, apareceram-me à frente alguns artigos sobre como literalmente “olhar para a janela organizacional” é um comportamento diferenciador da performance, desenvolvimento de equipas e implementação de uma cultura employee centric / customer centric por parte de líderes, managers e profissionais.

Estes profissionais “esclarecidos” (vamos colocar as coisas assim) passam parte do seu dia a olhar pela janela, literal e metafórica, da sua organização:

  • Utilizam tempo para pensar, refletir, imaginar, reconhecer, “retrospetivar”, muitas vezes com ajuda da escrita e do visual (journaling e post-its);
  • Dedicam-se a refletir sobre si mesmos, sobre as suas competências e gaps e sobre o que é importante manter, começar a fazer e deixar de fazer;
  • Imaginam como podem melhor sincronizar atividades e tarefas com as competências e potencial das suas pessoas, colegas, equipas;
  • Mais importante do que fazer mais, imaginam como eles, a equipa, os produtos e serviços e a organização como um todo podem fazer melhor e diferente – criar um impacto real nas Pessoas e Mundo;
  • Sonham com “E se…”novas possibilidades, cenas arriscadas e diferenciadas, inusitadas;
  • Dedicam tempo a identificar quais poderão ser os planos A, B, C, … que poderão dar resposta a algo estratégico e/ou urgente. E com isso, são mestres no improviso deliberado, que se manifesta na agilidade e criatividade ao nível de decisões, execução e criar valor.

Janelas Organizacionais são Espaços de Pensar e Sentir

Ao contrário do que possa parecer, pensar e sentir e afins também é trabalho. 😊

É uma abordagem de Autoliderança.

Uma das maneiras mais energizantes de nos tornarmos eficazes (performance relativa ao presente) e evolutivos (conectados com as possibilidades do futuro) como líderes, managers e profissionais é utilizar algum do nosso tempo para olhar pelas janelas organizacionais, sejam estas iterais ou metafóricas. É importante que seja uma escolha consciente e deliberada.

Quantas vezes já dei por mim a surpreender os participantes dos meus projetos e workshosps a vaguearem com o olhar pela tela das janelas das suas empresas, nos intervalos.

Mal dão por mim, quase todos fazem um sorriso envergonhado, quase como se tivessem sido apanhados a fazer algo de mal. 😊

Eu apenas sorrio e digo que está tudo bem e que eles é que estão certos e que se borrifem para o que os outros pensam. E então, agora seguros de que não são os únicos taralhoucos a escolher essa abordagem para serem melhores profissionais, retomam com outra propriedade e confiança o seu gazing.

Honrar o tempo de pensamento, criatividade e exploração mental de possibilidades como como sendo um momento “sagrado” na nossa agenda profissional melhora os nossos resultados, de várias formas e em várias dimensões. É observar o que nos dizem as janelas organizacionais.

Ao interromperes regularmente o padrão de reatividade e rotinas que normalmente são alimentadas por todas as solicitações profissionais ao nosso tempo e atenção, podes criar um espaço onde tens a consciência de quais são as tuas principais prioridades, atuais e futuras, qual a melhor resolução, decisão ou abordagem, e como melhor comunicar e colaborar com os outros.

Muitas vezes, de forma mais formal ou informal, já propus aos clientes (individuais e equipas) que marquem reuniões com eles próprios para estar nas janelas organizacionais, ou fazer uma caminhada, ou ir para uma sala de reuniões, ou um outro espaço profissional mais sossegado, no sentido de encontrarem uma envolvente que proporcione perspetivas, amplitude e possibilidades.

A pergunta que muitas vezes surge é – “E o que é que eu faço?” à qual respondo “Nada, apenas Está e Sê e vê o que acontece”. O que for importante rapidamente virá à ideia e podes seguir esse trilho. Podes também colocar-te algumas questões para mais facilmente seres levado para as temáticas mais importantes para o momento.

As organizações dizem-se viradas para o mundo, mas a maior parte delas está obcecada com o seu umbigo. Com esta postura, não temos acesso a duas variáveis que são importantíssimas para e Evolução de Pessoas e Organização – a Exploração e o Feedback.

As Organizações podem e devem então ser um espaço de Liberdade. Onde possam coexistir dois registos simultâneos – como pessoa e profissional pertenço a algo e ao mesmo tempo tenho tempo e espaço para poder explorar o mundo.

As Organizações podem e devem ser também um espaço de Empatia. Considero-a uma energia base das abordagens do Coaching, do Design Thinking, Agile, e basicamente de tudo o que está associado à evolução integrativa de Pessoas e Organizações (na forma como eu vejo as coisas).

As organizações são assim espaços onde se manifestam, simultaneamente e de forma eficaz:

Olha pela Janela! E para o Espelho também 😊

Deixo aqui algumas sugestões sobre como podes colocar este meu devaneio e vipe em prática, se te fizer sentido claro. 😊

// Escolhe um intervalo de tempo e reserva-a no teu calendário. Se necessário e possível, informa os outros de que estarás durante um tempo em modo avião. Blocos de duas horas idealmente, uma hora no mínimo e faz disso uma reunião semanal recorrente;

// Encontra, no teu ambiente de trabalho (indoor ou outdoor), um local onde te sintas bem e que te relaxe/energize e onde possas ter acesso a perspetivas – janelas, paisagens, jardins, salas de reuniões mais sossegadas, etc.

// Vai em modo analógico. Especialmente se estiveres sobrecarregado, dá descanso ao computador e telemóvel, para assim dares a devida importância a este momento profissional “sagrado”. Usa um quadro branco, folhas em branco, post-its. De preferência tudo o que seja o mais cinestésico possível ou e/ou diferente dos artefatos e ferramentas habituais do teu trabalho.

// Foca-te na tua envolvente (as famosas janelas organizacionais😊) e revê mentalmente as tuas principais prioridades, desafios e oportunidades. Verte tudo para o papel ou para o meio que utilizares, deita tudo cá para fora. Destila e identifica onde é mais importante dedicar o teu foco e atenção para evoluir, solucionar, criar, progredir e atingir resultados. Pode ser o teu papel de líder, a forma como realizas o teu trabalho, como dar solução a um desafio, ou como melhor podes criar impactos e soluções para os teus clientes através do teu trabalho, produtos ou serviços;

// Navega em todas essas áreas e escolhe algumas e “trabalha nelas”, uma de cada vez. Define em seguida que insights tiveste, o que surgiu como sendo mais importante, a que conclusões chegaste;

// A partir dai, define quais as melhores decisões e prioridades, e como podes fazer acontecer.

CODA

Embora não seja grande fã (no sentido convencional), considero que nos falta, como profissionais e organizações, acesso a momentos de poesia.

O termo vem do grego poíesis e indica a ideia de “criar”. Segundo Aristóteles, a poesia seria o “impulso do espírito humano para criar algo a partir de imaginação e dos sentimentos”.

Parecem-me boas referências para um caminho menos percorrido que as organizações podem trilhar, relativamente à forma como podem manifestar a Inovação – produtos, serviços, formas de trabalhar, formas de desenvolver as suas pessoas, formas de desenvolver a envolvente e a sociedade que as rodeia.

A Inovação é o espaço síncrono onde a exequibilidade, desejabilidade, viabilidade e integralidade/ética de produtos, serviços e processos/formas de trabalhar se encontram.

Este sincronismo não surge através de otimizações e focos locais. A Engenharia e TI apenas focadas na tecnologia, o MKT e Vendas apenas focados na desejabilidade, Finanças e Performance apenas na viabilidade.

Cada uma destas áreas tem a sua vista, tem a sua janela. Mas necessita de aceder às janelas, vistas e envolventes que as rodeiam. Para assim verem o todo.

As janelas organizacionais são então, todos os comportamentos, artefactos, cerimónias, eventos, tempo, foco, energia que escolhemos dar atenção e fazer manifestar em contexto profissional.

E isso permite que possamos criar as melhores condições para, em contexto organizacional, promover o:

  • Desenvolvimento Individual: o foco é a Pessoa e nesse sentido, desenvolves a autonomia e adquires (auto) conhecimento. Dessa forma, ficas mais bem preparada@ para poder atingir as suas metas e progresso;
  • Desenvolvimento Organizacional: olhar pela janela permite aperfeiçoar a organização, através da partilha de conhecimento e capacitação/transferência do mesmo para o dia-a-dia de todos os colaboradores, para as tarefas, funções e respetivas atitudes e comportamentos.
  • Impacto Social: assim, os entregáveis e acionáveis dos pontos anteriores levam ao desenvolvimento das melhores soluções e impactos. Através de produtos, serviços e iniciativas que dão resposta às necessidades, expectativas e aspirações das Pessoas e Mundo, explicitas e implícitas, do presente e do futuro.

Faz sentido?

Obrigado e Abraço,

H

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