Ser tu própri@ num mundo que está constantemente a tentar fazer de ti outra pessoa é uma das maiores conquistas que podes obter
RALPH WALDO EMERSON
POTENCIAL PROFISSIONAL = EXISTÊNCIA + EXPERIÊNCIA + EVIDÊNCIA
Muitas vezes sinto-me em contraciclo em várias dimensões da minha vida, incluindo as pessoais e profissionais. ?
Seguindo por esta última, sou mais fã do reconhecimento discreto do que pela exposição, curto muito mais ser facilitador e trabalhar de forma colaborativa, focada e acolhedora com os clientes e equipas sobre e com casos concretos, colocando as mãos na massa – post-its, marcadores e canvas/templates ?, do que propriamente seguir pela oratória, gosto de slow work e sou cada vez mais fã do suficiente em vez de dedicar tanta energia e tempo a fazer “crescer o negócio” e ter mais, mais e mais projetos.
Honestamente e em muitas situações, senti que estava a desperdiçar o meu potencial profissional.
Mas com o tempo reconheci que a comparação mais justa que posso fazer é apenas comigo mesmo e com os meus critérios de sucesso – outras vez o slow living + slow work, trabalhar de forma cuidada, ter tempo para o meu autocuidado, ter tempo para estar e conversar com as pessoas próximas e amigos, pares e colegas e assim regenerar e nutrir.
Acho que é isso que me permite lidar mais facilmente com todas as dinâmicas e agitação associadas ao trabalho e que seja mais natural reconhecer que as próprias organizações, equipas, profissionais são os melhores especialistas deles próprios e que o meu papel ali é de facilitar esses percursos próprios de Consciência, Transformação e Ação.
Para mim, o potencial (recursos, aspirações, talentos) que temos armazenados em nós “apenas” precisa de um grande foco de luz para ser reconhecido e palcos para ser manifestado nos contextos da:
As palavras que neste momento estão associadas ao potencial, talento e desenvolvimento dos Profissionais são “curiosas” – Retenção, Atração, Indução.
As organizações que de facto “desejem” ser um palco de Amor, Evolução, Desenvolvimento e Verdade para as suas Pessoas, enquanto sincronizam o seu contributo com Performance, Produtividade, Resultados e Inovação do negócio podem colocar e refletir sobre as seguintes questões:
- Quais são os valores, drivers, atitudes que a organização necessita e como os posso identificar?
- Como posso ajudar a que as Pessoas que já cá estão e as que se irão juntar os possam colocar em prática, sendo Quem São naquilo que fazem?
- Como fazer para que essas pessoas e profissionais escolham querer estar connosco?
O VERDADEIRO POTENCIAL DO… POTENCIAL PROFISSIONAL ?
No mundo corporativo, vivemos tempos polarizados sobre o que realmente significa sucesso. Para alguns será o dinheiro, poder ter um determinado status profissional e com isso um determinado status social, para outros será o equilíbrio, o fazer o que se gosta, a liberdade, o poder navegar em diversos temas e tarefas.
Para muitos, o sucesso é resultado. Para outros, sucesso é sobre a forma como trilhamos o caminho do processo e o que levamos daí. E tudo certo. ?
O importante é poderes reconhecer o que realmente significa sucesso profissional para ti, para a tua organização e ver como se sincronizam. Então, o potencial inato de todos nós irá facilitar a manifestação desse sucesso alinhado.
Admirar pessoas que, com determinadas características e traços, drivers e contextos específicos, atingiram resultados extraordinários mostra-nos que de facto “é possível”.
A grande armadilha aqui é a comparação. E assumir que o sucesso e contexto dos outros é igual ao nosso. E que os métodos dos outros, apenas replicados na sua execução, irão levar ao nosso próprio sucesso.
Embora o livro ainda não tenha saído, já tive oportunidade de ter acesso prévio a algumas ideias-chave e mensagens do novo livro do Adam Grant, que se chama Hidden Potential (desconheço qual será o título em português).
Ele assinala 3 dimensões-chave que definem a nossa capacidade de transformar esse Potencial Latente (a expressão é minha) em florescimento como Pessoas e produtividade e resultados Profissionais quando:
- Reconheces que és um “Imperfeccionista” pois sabes escolher as tuas batalhas – quando é importante almejar e dar o litro para se alcançarem melhores resultados e quando podes ser grato e estar em aceitação com aquilo que é “apenas” suficiente ou competente;
- Buscas de forma deliberada contextos novos e eventualmente desafiantes, pois assim recusas que o receio, insegurança e desconforto (detalhes?) se interponham entre ti e a tua evolução e desenvolvimento. Procuras novos palcos, onde se manifestam outras realidades;
- És uma Esponja sobre a informação, dados, conhecimento e experiências de outros relativamente a determinada temática e tens a capacidade de as filtrar através dos teus próprios critérios de sucesso e objetivos.
Reconheci-me de imediato nestas ideias porque acredito que, nestes tempos líquidos, se calhar o potencial profissional e respetivo progresso e performance aparece de uma forma mais eficaz e alinhada com a pessoa pela sua capacidade e desejo de aprender e evoluir, e nem tanto pela quantidade de trabalho que faz.
E provavelmente o crescimento profissional tem mais a ver com o caráter, resiliência e consciência dos nossos drivers, aspirações, recursos e aceitação dos nossos gaps do que propriamente do grau de experiência ou “jeito” que temos para fazer algo – Job crafting.
É assim fulcral desenvolver as nossas forças de carácter – basicamente o que nos torna únicos em potencial e na realidade – e criar um sistema/rede motivacional (muito mais intrínseca do que extrínseca).
EXISTÊNCIA, EXPERIÊNCIA, EVIDÊNCIA
Então a forma como podemos fazer manifestar o nosso potencial profissional, quer individualmente, quer como equipas e organizações, pode estar ligado com a habilidade com que navegamos entre a Existência, a Experiência e Evidência.
EXISTÊNCIA
Para poder ser o mais objetivo possível numa temática tão diversa, complexa e profunda como esta?, quando utilizo esta expressão refiro-me a teres consciência e saberes navegar no teu largo espectro como Pessoa Profissional, através da clareza das estratégias, decisões e ações que melhor te servem.
Isso permite-te exercer a tua própria Autoliderança. Manifestas a tua Métis.
Possuis um mapa emocional e mental da tua realidade em particular. E uma visão de helicóptero do que a rodeia e como esses vários mundos se interligam e impactam mutuamente.
Acedes à sensibilidade que te permite prever/sentir mudanças. Reconheces o contexto geral de uma situação, mas também as propriedades particulares da mesma.
Sabes quando aplicar o procedimento, mas também reconheces quando é importante flexibilizar as regras.
EXPERIÊNCIA
Experienciar é interagir, é um exercício simultâneo de exploração e empatia. A nível profissional e organizacional, releva-se como a melhor interpretação e resultados consequentes que podemos obter da interação entre o Eu (Profissional, Equipa, Organização) e o Outro (Equipa, Organização, Clientes).
Esta dimensão da experiência corresponde a buscarmos de forma deliberada, ou estamos abertos a receber de forma involuntária as aprendizagens, inspirações, ideias, novas formas de ver as coisas – o explorar, o especular, o saber navegar (há quem lhe chame dançar?) sobre os ecossistemas internos e externos à tua organização, de uma forma mais individual ou em equipa
Todos os exemplos anteriores são também Employee Experiences.
EVIDÊNCIA
Aqui estamos a falar dos contextos que são mais observáveis, visíveis e tangíveis. Desde a produtividade e resultados, até aos comportamentos e atitudes. De que forma conseguimos fazer prevalecer alguma sensibilidade e bom senso em contextos de ritmos voláteis e temáticas fraturantes no nosso trabalho, processos, negócio e com as pessoas que nos rodeiam. Aqui também é relevante a forma como a cultura organizacional se manifesta e quais são as dinâmicas formais e informais de evolução e transformação.
O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES
Uma das coisas complexas sobre o potencial profissional é que nem sempre consegue ser “descoberto” e nutrido de forma individual.
E são esses os papeis da organização, proporcionar as condições para que tudo isto possa ser identificado, trabalhado e porque não desenhado.
Apesar de acreditar piamente que as organizações não são uma família?, considero que cabe às empresas e aos seus decisores, influenciadores e colaboradores torná-las um espaço de evolução e florescimento humano e sincronizar todo esse valor e contribuição para a produtividade e performance, criando e entregando assim Valor e Lucro com propósito.
As organizações são certamente objetos de Design. E claro, de Engenharia.
Os maiores contributos e resultados para as organizações estão, paradoxalmente, “escondidos” no Potencial Latente que existe no seio das mesmas.
Não é a “espremer” ? ainda mais os high performers que esses resultados potenciais acontecem. É sim através da valorização responsável (proporcionar condições, mas ao mesmo tempo responsabilizar as pessoas) dos Right Performers.
E principalmente identificar e criar sistemas que criam oportunidades para aqueles que foram subestimados e negligenciados e que muito têm a aportar.
Nem tenho palavras para descrever quanto capital de experiência, brio, contributos, ideias e recursos estão a ser desperdiçados pelas organizações. Devido ao facto de muitos colaboradores ainda não terem encontrado a sua voz profissional ou pelo facto de o “sistema”, processos, liderança e cultura não permitir que esses contributos se manifestem.
Assim, é primordial calibrar o papel dos líderes e gestores para possam abraçar uma abordagem de coach e mentores.
Não é uma transição fácil, mas todas as “paixões” e “vocações” podem ser descobertas e desenvolvidas. Assim, neste novo papel tornam-se parceiros no progresso dos profissionais – desenvolvimento de competências e habilidades, métodos de produtividade e performance, potenciais caminhos profissionais, visibilidade perante colegas, pares e outros líderes, etc.
Torna-se também importante transformar os processos de formação das pessoas para processos de capacitação, reforçando a prática do fazer. E introduzindo e aprofundando a prática do pensar, a prática do observar, a prática do sentir, a prática do decidir, a prática do colaborar, a prática do comunicar.
Acredita que tudo isto é mesmo uma questão de prática ?. Trata-se basicamente de percorreres um caminho para desenvolver o tal imperfeccionista, descobridor de desconfortos e esponja que mencionei há pouco.
Esta nova perspetiva, juntamente com a exploração e desenvolvimento de habilidades de caráter, como determinação, autodisciplina e resiliência, são mais vantajosas do que amontoar informações técnicas e conhecimento nos nossos cérebros. ?
CODA
As organizações normalmente olham para o desempenho passado para identificar futuros líderes ou performers.
Mas o histórico dos profissionais não indica quem pode se destacar em coisas que não fez antes, nem identifica altos potenciais em início de carreira ou pessoas que não tiveram acesso equitativo a oportunidades de estudar, de experimentar, de mentoria, de desenvolvimento ou de aposta.
Ser imperfeccionista, explorador de desconfortos e esponja é basicamente colocar em ação e de forma simultânea os teus:
- Quociente cognitivo: como alavancas o teu intelecto;
- Quociente de energia de ação: o que te motiva e como aplicas a tua energia;
- Quociente emocional: como interages contigo e com os que te rodeiam.
E assim quiçá, já estás ou estarás a caminho da conexão e manifestação da tua 1º Pessoa Profissional. E assim, através da Evolução, honras o teu potencial profissional.
Obrigado, Fica Bem e Abraço,
H