Na primeira parte deste artigo,
partilhei quais as novas “inteligências/competências” que um líder/gestor/profissional deve desenvolver, segundo a minha perspetiva:
LER, ESCREVER, OUVIR MÚSICA, ANDAR, BRINCAR
E “prometi” que na segunda parte iria propor uma explicação mais detalhada e algumas sugestões de materialização desta minha visão e para que possa adaptar esta “receita” de Liderança e Gestão ao seu dia-a-dia profissional. Aqui estão elas:
LER
Ler por si só não nos torna em magníficos líderes e gestores ultraprodutivos. Colocar em prática aquilo que nos faz sentido no que lemos sim! Ler permite-nos também adquirir referenciais de liderança e gestão em outras áreas que não os negócios. Uma biografia, um livro sobre ciência e natureza ou até mesmo a ficção trazem mensagens alinhadas com as nossas necessidades e desafios profissionais: Ler permite:
- Andar de Helicóptero – é muito fácil deixarmo-nos tomar pela rotina e pela “máquina de lavar roupa” em que muitas vezes a nossa vida se torna. Ler permite elevarmo-nos desse território e vê-lo no papel de observador ao mesmo tempo que conseguimos ver e explorar outros territórios inexplorados. Vemos outras florestas com outras espécies de árvores;
- Reunir Presencialmente – Eu diria que neste ponto o mais importante ao ler não é absorver tudo mas sim permitir-se estar aberto ao que pessoas inteligentes partilham. Como elas estivessem através de um livro a conversar connosco;
- É uma Capsula de Regeneração – Ler ajuda a desligarmo-nos mentalmente e às vezes emocionalmente das nossas circunstâncias, o que facilita o descanso ativo e a regeneração. Quando “voltamos”, estamos mais preparados porque temos uma visão mais ampla e fresca das coisas e porque temos uma energia e foco redobrados.
Sugestão Prática
Quando estiver numa FNAC ou algo do género, percorra as secções de livros que raramente ou nunca percorreu. Veja se algum tema/livro lhe traz alguma curiosidade positiva, mas que nunca explorou. Folheie, sente-se um pouco e leia alguns parágrafos. Deixo as restantes etapas a seu cargo. 🙂
ESCREVER | JOURNALING
Estamos dominados pelo digital. Sujeitos a estímulos como reply, like, share:
- A beleza do nosso cérebro não se define por isso. Muito pelo contrário. A sua maior capacidade é a de produzir um nível mais profundo de pensamento e reflexão sobre o ambíguo, o inexplicável, o complexo.
- Também processa e encontra padrões em fontes díspares de informação e cria novas possibilidades e promove a comunicação e a ação perante as mesmas.
E tudo isto são fortíssimas competências de liderança e gestão. Escrever é um exercício que nos permite articular as emoções o que é super benéfico a nível do stress. Permite-nos escrever literalmente a história do nosso dia ou vida. E como todos os livros, podemos sempre imaginar e escrever qual o melhor capítulo para o que aí vem.
Sugestão Prática
Deixo aqui algumas questões que podem servir de trigger para uma escrita diária ou regular. Reserve 15 minutos diários e inicie o dia de forma estratégica. Pode também fazer no fim do dia ou em alternativa no fim de semana, com mais calma e com a natureza, uma boa bebida e alimento por perto:
- Qual é o meu Presente? O que está a acontecer neste momento na minha vida?
- O que corre Bem e o que levou a isso? Criar consciência dos resultados e caminho e estar em contacto com a gratidão;
- O que é que é Complexo e Difícil? O que levou a isso? Criar consciência do que é desafiante e em que temos que nos focar para aprender e crescer e qual a nossa responsabilidade;
- O que necessita da minha Atenção? Criar consciência de onde, como e quando atuar, utilizando os recursos proporcionados pelas respostas às questões anteriores;
- O que me realiza e Inspira? Estar em contacto com o nosso propósito não é nada fácil. Manter essa conexão forte e visível permite-nos liderar e trabalhar nas nossas funções e com os nossos colegas dentro dessa frequência. Também aqui se pode ter consciência daquilo pelo qual somos gratos;
- O que me diz o Scanner? Aqui lemos tudo o que escrevemos até agora e definimos quais os Insights e conclusões mais importantes.
- Por fim, que Ações vou levar a cabo no seguimento destes Insights? Auto explicável – Qual o plano de ação e quando vou fazer aquilo a que me propus?
OUVIR MUSICA é a Sugestão Prática!
ANDAR
Já em artigos anteriores “vendi” a minha paixão pelas caminhadas. Se fosse possível realizar reuniões, workshops, sessões de coaching, ler, etc. a caminhar…
Se ocupa um lugar de destaque no mundo empresarial, provavelmente estará a ter dificuldades em estar num estado que denomino de “enraizado”- em ligação com o mundo algo mundano dos seus colaboradores, fornecedores e clientes.
- Enraizado significa também caminhar e estar em contacto com a Terra. Os japoneses e coreanos que há muito apostam na prática do shinrin-yoku – banho de floresta/natureza, com benefícios amplamente comprovados a nível da saúde e da performance profissional.
- Tom Peters e Bob Waterman popularizaram o acrónimo MBWA – Management by Wandering Around. Eles indicam que é impossível liderar e gerir apenas através dos nossos escritórios e workstations. A Liderança existe caminhado pelos chãos-de-fábrica, pelos open spaces, pelas ruas, com os clientes, com os fornecedores, com os concorrentes. Isto é basicamente estar com contacto com a realidade daquilo que realmente interessa para as nossas organizações e negócios.
Sugestão Prática
A sugestão mais simples é óbvia é incluir 30 minutos de caminhada ou wandering no seu registo profissional diário, Muitas fábricas e sedes corporativas começam a aproveitar o seu “real estate” e criaram caminhos, trilhos, parques, lagos polvilhados de mesas e cadeiras para se realizaram reuniões e até mesmo trabalho ao ar livre. Outra sugestão é tirar uma manhã ou tarde por quinzena para apenas divagar enquanto caminha. Pode ser ao aproveitar uma visita a um cliente ou a um fornecedor.
BRINCAR
Sempre fomos habituados à ideia que o trabalho e empresas e negócios são coisas muito sérias!
Mas Steven Dubner and Steve Levitt, autores do livro Freakonomics provaram cientificamente que não existe correlação alguma entre ser um líder/gestor sério ou carrancudo e ser muito bom naquilo que se faz.
Uma parte importante para a materialização do Brincar é o nosso próprio corpo. A nossa linguagem não-verbal transmite imensa e espontânea informação a quem nos rodeia.
Outro parâmetro superimportante é o ambiente ou espaço onde trabalhamos e comunicamos com os nossos colegas. Hoje em dia organizo os workshops e projetos onde participo em formato de círculo para que todos possam estar intuitivamente num formato comprometido, entre pares e com contacto visual facilitado. Brincar facilita a construção de uma cultura de abertura e segurança. E a Cultura “come” estratégia ao pequeno-almoço e ainda tem fome para “mastigar” processos à hora de almoço. J
Sugestão Prática
Inicie qualquer atividade ou reunião de reflexão ou trabalho com uma dinâmica criativa relacionada com o tópico ou assunto a tratar. Como já não dá para resolver problemas e imaginar oportunidades apenas através da lógica, temos que fazer um aquecimento aos nossos músculos criativos.
E nada melhor para isso do que brincar.
Obrigado e Abraço,
Hugo
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