Um dos paradoxos dolorosos do nosso tempo reside no facto de serem os estúpidos os que têm a certeza, enquanto os que possuem imaginação e inteligência se debatem em dúvidas e indecisões.”
Bertrand Russell
Quando trabalho a Auto liderança e desenvolvimento do Capital Humano de líderes e de potentials, peço a uma equipa ou grupo que faça uma reflexão individual. Que identifiquem qual o segredo que nunca partilharam com ninguém. E que esse segredo tenha “impacto” sobre algo que possa ser um desafio para o seu papel de (futuro) líder. A resposta mais partilhada costuma ser algo do género:
Tenho medo que se saiba que posso não estar completamente preparado ou que não tomei a decisão certa. Enfim, tenho receio de ser apanhado, como se fosse um impostor(a).
A Síndrome do Impostor é um conceito que não é propriamente psicológico. É uma expressão que é utilizada para definir uma sensação de competência insuficiente para “atacar” os desafios que tem em mãos ou assumir as responsabilidades que e posição que usufrui.
Provavelmente já sentiu algo do género. E tudo bem! Porque é perfeitamente normal e vários estudos da Gallup, McKinsey, Mercer e outras organizações de referência da área do Desenvolvimento do Capital Humano comprovam que mais de 70% dos líderes e gestores de equipas e processos experienciaram esta perceção. Reforço a palavra – perceção.
Mas, podemos perguntar, é isto que se espera de alguém que toma decisões, que negoceia, que dirige? A minha resposta se levarmos em conta que somos seres humanos e almejamos evolução, interação, reflexão para além da análise é definitivamente SIM!
E quanto mais abraçarmos e aceitarmos estas “reflexões e pontos de situação sobre nós próprios”, melhores líderes e gestores seremos.
Colocarmo-nos em causa de forma saudável é fantástico. E quero, através deste texto, tornar consciente quais as vantagens e o que realmente significa a Síndrome do Impostor:
// Se surge esta questão em si, é porque se Preocupa! Significa que tem consciência do impacto das suas palavras, decisões e atos em si e nos outros se não estiver disposto a dar o nosso melhor;
// Se acha que existe uma necessidade de saber mais, de melhorar isso é sinal que deseja Evoluir! Para além da necessidade de segurança e validação, existe em si a abertura de querer algo mais, de diferente e mais alinhado com a forma como pode aportar valor à sua organização, colegas, equipa, clientes, fornecedores e sociedade.
// Ser “assaltado” por estas dúvidas só mostra que é Verdadeiro Consigo própri@! Os verdadeiros impostores não têm dúvidas sobre o seu valor e consideram que tudo o que não corre bem tem a ver com a incapacidade dos outros em serem competentes.
// Não temos todas as Respostas para as questões atuais e para as Decisões que vão moldar o Futuro.
A atriz Natalie Portman, Howard Schultz, fundador da Starbucks, Albert Einstein, Maia Angelou, Charlie Chaplin, entre outros, assumiram publicamente que esta questão acompanhou as suas vidas. Howard Schultz chega mesmo a dizer:
Pouquíssimas pessoas com cargos de responsabilidades nas organizações, quer seja a primeira vez que estão a trabalhar naquela posição ou área ou não, colocam-se no cockpit da empresa e acreditam realmente que estão qualificados e preparados para serem CEOs ou para tomarem as melhores decisões e definirem os melhores planos.
Se você está comprometido com o seu crescimento e liderança pessoal, é necessário que se sinta confortável com o desconforto e que a sua capacidade de mudar seja a trave mestra da sua estabilidade.
Síndrome do Impostor é a porta de entrada para trabalharmos e desenvolvermos a nossa
Humildade e Liderança pelo Serviço
“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” – disse Lavoisier. Tinha estudos, este senhor! 🙂
Como podemos transformar dúvidas em energia de evolução e desenvolvimento profissional?:
// Fatiar o Elefante aos bocadinhos – Não paramos para pensar quando estamos perante um desafio mais complicado. Tentamos sempre resolver tudo, o mais rapidamente possível. Nesse sentido, perdemos oportunidade de “desmultiplicar” o desafio em partes mais pequenas. Logo mais facilmente geríveis e solucionáveis.
// Cabeça no Ar e Pés no Chão – O processo anterior exige que funcionemos de forma ambidextra. Em primeiro lugar explorar, imergir e compreender o que realmente se passa. Depois convergir para a ação e coisas concretas;
//Ser Novat@ – Reconhecer as nossas inexperiências e dúvidas faz com que seja mais fácil fazer as perguntas importantes;
// Partilhe as suas Dúvidas – Crie o seu círculo de confiança, um conjunto de pessoas com quem possa partilhar alguns desafios e treinar a escuta ativa.
// Foque-se na Aprendizagem e não tanto na Performance – De acordo com a psicóloga e consultora organizacional Carol Dweck, só existem vantagens em cultivar um mindset de aprendizagem. Neste contexto, as limitações transformam-se em triggers de curiosidade e os erros são “apenas” etapas de processos de aprendizagem.
// Trate-se Bem! – A nossa auto impaciência desgasta a nossa capacidade de reconhecer que somos um work–in-progress. Proporcione a Si Própri@ a mesma compreensão, escuta ativa, tolerância e perdão que entrega aos Outros.
Tenha a coragem de Ser Imperfeit@ e a abertura para aceitar isso como sendo algo natural – uma espécie de Voltar às Raízes tão necessário neste mundo tão volátil e ambíguo.
Obrigado e Abraço,
Hugo